segunda-feira, 20 de abril de 2020

MEUS 50 E POUCOS ANOS (Parafraseando Casemiro de Abreu)


Sérgio Antunes

Ah que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
E com licença poética,
Saudades da Casa Yida
E da Senise, Ipiranga,
Das ruas com pés de manga,
Dos sinos da Catedral,
Do presépio do Natal,
Daquele tempo em que havia
O Iseo e o Fujimia.
Do Francisquinho, o anão.
Do Cine São Sebastião,
Do Fiori Gigliotti,
De dançar um fox trote,
Com Toninho e seu Conjunto,
Dr. Dionisio e De Cunto,
E do Horto Florestal,
E da voz do Juvenal,
Da Cerâmica Moderna,
Daquela menina interna,
E dos tempos de caserna
Do antigo 4º BC
E do Posto Paiquerê
Da lambreta do Iberê,
Da velha Rodoviária,
Da Estação Ferroviária,
Situada, se me lembro,
Bem na 7 de Setembro,
Dos padres Kondó e Rebouças,
E do Empório das Louças,
Da Esquina do Pecado,
Que saudade do passado
Que os anos não trazem mais.
E dos footings nos jardins,
Que saudade do jornal
O Progresso e da Cibral,
Dos aviões da Real,
À sombra de uma Junqueira,
Naquelas tardes fagueiras,
Rubiáceas em construção,
21 sem calçadão,
E do terreno da feira,
E das coxinhas do Sam,
E do seu Jorge Simeira,
Dono da Arapuã.
Saudades dos gonococus,
Do restaurante Marrocos,
Patronato, Sanatório,
Do velho Conservatório,
Saudades da minha avó,
Do Nelsinho e do Jacó,
E da Fábrica de Leques,
Do meu tempo de moleque,
E do Clube Japonês,
DA ZYB3,
Que os tempos não voltam mais,
Nem o Circo do Nhô Pai,
Ou as tardes de matinê,
Eu namorando você,
A sombra das andorinhas,
A Casa da Beradinha,
Também do Dr. Furquim,
Do Bispo Dom Gelain,
Saudades de quase tudo,
De Lins, porém, sobretudo,
Muitas saudades de mim.

Sérgio Antunes é poeta Linense (Lins SP).

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