sábado, 4 de abril de 2020

BAILE DA FAZENDA

Adão de Souza Ribeiro


Era assim, todo final de semana.
A moçada fazia longa caravana,
A pé, de bicicleta ou de carroça,
E partiam felizes lá para a roça.


Camisa de gola, calça de vinco.
Com água de cheiro, um brinco.
Capricho só, sapato engraxado.
Noite prometia, tudo engraçado.


Lá na tuia, bem ao pé da serra,
Alegria, moço sempre a espera.
Ao som do triangulo e sanfona,
Sozinho não fica, logo apaixona.


Gostoso bailar para lá e para cá,
O frenesi toma conta do arraiá.
Moçoila vestida de saia rodada.
Beijo na nuca queria ser amada.


Se alguém bulia com a rapariga
Ciúme acendia estopim da briga
Turma “deixa disso” apaziguava
Sanfoneiro ria, festa continuava.


Uma pitada, um gole de bebida.
Moçada divertia e levava a vida,
Cheiro da mulher e corpo suado
Do baile alegre, hoje só passado.


Já de manhã e de volta para casa,
Rosto da fêmea, corpo em brasa.
Já com saudade daquela prenda,
Que amou no baile da fazenda!


Peruíbe SP, 04 de abril de 2020.

3 comentários:

Unknown disse...

Ah!!! O amor...!!!
Lindo poema... parabéns

Ana Ribeiro disse...

Realidade tão diferente de hoje.Sobre o quê, meus filhos dissertação no futuro? Parabéns.

Unknown disse...

Saudosismo saudável, saudades da simplicidade, dos tempos onde tudo era bem simples e a vida era bela, cheia de muita dificuldade, más com muita gratidão e graça...