Adão de Souza
Ribeiro
Gosto de me reportar ao passado, não só pelo
saudosismo incontrolável, mas, também, pelos ensinamentos memoráveis, que nos
deixam para sempre. Não há quem, num momento da vida, não descansou por alguns
instantes, o seu pensamento no outrora. Como numa película de cinema, lá estão
às cenas inocentes da infância ou as reprimendas da escola do mundo. O
presente, feito um espectador, está aqui ao nosso lado e o futuro é uma cortina
a ser aberta. Mas o passado é um script, redigido quadro a quadro.
De vez em quando, ao rascunhar algum texto,
coisa de quem se atreve a ser escritor, algo que não me ouso ser, abro o baú
dessa cabeça de baiano e dano a mexer e remexer no passado. Viajo horas e
horas, contemplando fragmentos de um tempo distante e que não volta mais. Sei
que tem alguns assíduos leitores/sonhadores, os quais, também, viajam comigo
nesta nave sem bússola, clepsidra ou ampulheta. Se eles são loucos como eu,
então, deixa os loucos sonharem.
O tema é familiar, por isso, gosto de
discorrer sobre o assunto. Ultimamente, ando enfadado com a enxurrada de
informações, que chegam aos meus olhos e ouvidos, através do avanço
tecnológico. Este turbilhão de conceitos e preconceitos, derramado no meu
cérebro, em forma de notícias manipuladas, causam-me estresse e depressão.
Recolho-me para dentro de mim, fecho a porta da minha intimidade pensativa e
fico a “contar carneirinhos”, até a angústia passar.
O que pretendo dissertar no momento, o farei
de uma forma arcaica. Não se espantem se, ao final, o tema transparecer
rebuscado demais. Tenho observado ao
longo dos anos e com mais ênfase agora, que a mídia selvagem tem dado às
mulheres um adjetivo, ao que me parece, mais superficial (comercial) do que de concreto
(humano). Não pretendo aqui divergir ou criar polêmicas. Tenho medo da palavra,
pois, uma vez solta, não se alcança nem mesmo a galope. Hoje a sociedade,
arrastada pela mídia consumista, tem adjetivado o sexo feminino, como “mulheres
empodeiradas”.
Na minha visão, mais caipira do que
rudimentar, para serem empodeiradas, elas precisam estar na moda (usando roupas
e sapatos de grife), bem como, quebrar todos dos princípios da moral e dos bons
costumes. Precisam despudoradamente exibir o corpo como se fosse mercadoria
exposta na prateleira da perdição. Não sou contra a sensualidade, mas, sim, a
promiscuidade. Lá estão seminuas no rótulo de cerveja, no comercial de carro de
luxo e nos maços de cigarro. Dá-se a conotação de que ao comprar um produto de
luxo, leva uma mulher de brinde.
No tempo de minha mãe, avó e bisavó, as
mulheres prezavam pelo comportamento recatado e compromissado com a família.
Cuidar do lar e dos filhos era o objetivo maior. Enquanto o homem, feito leão,
saia para conquistar a caça; a mulher, feito leoa, defendia de unhas e dentes,
o ninho e os filhotes. Não percorriam além do portão da casa e, assim, marcavam
território. Nada invadia a alcateia, como fazem hoje, as depravações do mundo
moderno. As leoas do meu tempo respeitavam e amavam os seus machos. Não viam no
respeito, sinônimo de submissão. Naquele tempo, não haviam cartilhas redigidas
por formadoras de opinião, cuja moral deturpada contamina as fêmeas de hoje.
Quando o esposo partia para as batalhas
sangrentas do dia a dia, isto é, para o árduo trabalho, em busca do alimento,
ela o preparava com zelo e despedia-se com carinho. Ao cair do dia, quando cansado,
batia à porta, o recebia com regozijo. Nada perguntava e nada cobrava, apenas o
abraçava em sinal de gratidão. A esposa de hoje, parece querer devorá-lo, como
se a batalha por ele vencida, não tivesse valor algum. Tempo moderno esse, que
transformou a companheira do velho guerreiro, em inimiga mortal. A batalha que
se trava hoje, não é no campo do inimigo, mas dentro do próprio lar. E nesta
luta insana, não haverá vencedor e nem vencido.
Por isso, muitas vezes, temo em dissertar
sobre temas antagônicos. Sei que muitos não compreenderão o meu ponto de vista.
Mas como não sou dono da verdade absoluta, aceito críticas. Desde que respeitem
o meu direito de livre expressão do pensamento, fiquem à vontade. Desde o início dos tempos, a mulher foi criada
para estar ao lado do marido, nem à frente e nem atrás. Portanto, foi concebida
para ser a companheira e não inimiga. Foi desenhada para apoiar o homem na batalha
e não para batalhar contra ele. Diz a Sagrada Escritura e não eu, um pobre
mortal: “A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com suas próprias
mãos, a derriba”. – Prov. 14:1
Não quero aqui, passar a errônea imagem de
que sou um misógino enrustido, longe disso. Sou um discípulo e adorador do sexo
feminino. Passo noites em branco, embriagando-me com as carícias femininas. Já
viu um filho da terrinha negar fogo? Sobre minhas aventuras amorosas, que
povoaram as minhas fantasias, já falei, quando escrevi sobre o amor platônico.
Que saibam os leitores, que sou um defensor e amante dos desejos da carne. Mas
o que me entristece e me deixa enraivecido é saber que o mundo moderno,
transformou a fonte dos meus sonhos, numa inimiga mortal.
Ao discorrer sobre o comportamento das
mulheres de outrora, a minha memória reporta às “Mulheres de Atenas”. Se a
história criada em torno daquelas mulheres lendárias, não passou de conto, isso
pouco importa. Para mim, o que interessa são os exemplos de respeito que
nutriam pelos seus homens (maridos e guerreiros).
Um dia, quem sabe, as mulheres da minha Terra
Pequena, mirar-se-ão naquelas Mulheres de Atenas.
Peruíbe SP, 27 de
novembro de 2019.