sábado, 31 de dezembro de 2022

DOCE ILUSÃO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Quantas vezes te desejei

Sonhei abraçado contigo.

Eu fui plebeu, súdito e rei

Fiz um castelo escondido.

 

E as noites mal dormidas,

E tu no meu pensamento

Sorrias nas idas e vindas,

Mas eu sofria por dentro.

 

E outra beleza tamanha,

Nunca haveria de existir.

Mulher que toda manhã,

Hipnotiza com seu elixir.

 

Quantas vezes teu corpo

Abracei em total delírio.

Senti o cheiro e o gosto

Madrugadas de martírio.

 

Quantas vezes o coração

Chorou de saudade de ti.

Foi apenas a doce ilusão,

De um tempo que eu vivi.

Peruíbe SP, 31 de dezembro de 2022.

 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

QUANDO

                                                                                                         Adão de Souza Ribeiro

E se quando chegar a minha vez

De habitar a mansão do amanhã

Quero lembrar com toda altivez,

Que minha vida nunca foi em vã.

 

Eu não passei em branca nuvem,

Também não caminhei sem rumo

Eu sempre tive um espírito jovem

Viver só a esmo não me acostumo

 

Então cante as mais belas melodias

Promova alegria, faça muita seresta

E se puder, declame doces poesias.

Peço que faça da partida uma festa.

 

E se quando chegar a minha hora,

De ver de perto a face do Criador.

Quero a mesma alegria de outrora

Quando eu era penas um sonhador.

 

Quando chegar a hora derradeira,

Quero levar muita saudade daqui

Passar em paz a vida além inteira

A lembrar da vida que aqui vivi!!

 

Peruíbe SP, 30 de dezembro de 2022.

ANOS DE SAUDADE

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Os anos se vão entre os dedos,

O amanhã é o grande mistério.

Minha mãe, tenho muito medo.

Do que será meu futuro, é sério.

 

Não deixa eu aqui neste mundo

Sem o calor puro deste seu colo.

Não serei um poeta moribundo,

Pois longe do seu amor, choro.

 

Nas noites tão frias e traiçoeiras

Sinto o vento assoviar na janela.

As lágrimas formam cachoeiras,

De tanto chorar a saudade dela.

 

Mãe, mas se tudo virar saudade

Antes que a noite vai e se finda

Eu quero voltar na minha cidade

E beijar o rosto daquela menina.

 

Na vitrola, uma música francesa,

Nela eu divago e me faz tão bem

Por onde anda a minha princesa

Que eu tanto espero e não vem?

 

Peruíbe SP, 30 de dezembro de 2022.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

O ANO QUE VEM

 

Adão de Souza Ribeiro

Prometo ser mais humano,

Venha para mim o que vier

Não quero ser um mundano

Sem alma e um pingo de fé.

 

Prometo cuidar da natureza,

Salvar com amor o planeta.

E de noite em paz e na reza

Este mundo não desapareça.

 

Prometo ver o meu vizinho,

Nas noites lindas, enluaradas

Beber saborosa taça de vinho.

Rir com deliciosa gargalhada.

 

Prometo não ver mais a guerra

Em terrível cena na televisão.

Eu quero é viver em outra era,

Onde a pessoa tinha coração.

 

Prometo que na longa andança

Ouvirei o que me disse Deus:

“Eu te fiz à minha semelhança”

Então eu quero ser apenas eu.

 

Peruíbe SP, 27 de dezembro de 2022.

domingo, 25 de dezembro de 2022

ENTÃO É NATAL!

 

Adão de Souza Ribeiro

Que bom, chegou o natal

E hoje espalha só alegria.

Vai se embora todo mal,

Amanhã é um novo dia.

 

Papai Noel, o fanfarrão

Com as renas no trenó.

Engana o nosso coração

Desde o tempo da vovó.

 

Casa cheia e mesa farta

Abraço, beijo e comida.

O presente para lá e cá

É alegria por toda vida.

 

Música, comida, cerveja

E o sino toca em Belém.

Mas o menino na sarjeta

E seu natal que não vem!

 

Peruíbe SP, 25 de dezembro de 2022.

sábado, 24 de dezembro de 2022

SABINO - O CAÇADOR

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                        Todas as vezes que me pego a escrever ou falar sobre a Terra Natal, os olhos vão às lágrimas. Isso acontece, não por tristeza, mas, sim, por causa de uma saudade desenfreada. O lugar é uma terra fértil de fatos reais ou pitorescos, conforme já tenho dito em outras narrativas. Quem vive ou passou por lá, sabe do que estou falando.

                        Eu tenho notado, que os moradores natos ou naturalizados, tem um hobby (passatempo) que nada mais é do que uma válvula de escape para se desestressar das lamúrias da vida cotidiana. O trabalho pesado, somado às dificuldades do dia-a-dia, são as principais causas do desgaste físico e emocional do ser humano.

                        Hoje atrevo-me a contar a história do conterrâneo Sabino Silva, que carinhosamente passo a chamá-lo de Indiana Jones. Ele tinha uma oficina mecânica de conserto de máquinas agrícolas, ofício que herdara do avô paterno. Por ser muito eficaz e honesto no seu labor, angariara uma vasta clientela. A oficina de que falo e a casa em que residia, ficavam na mesma rua que eu morava.

                        O nosso protagonista viera da Bahia, seu Estado de origem. Nascera em 1927 e aportara na minha Terra Natal no ano de 1951. Assim o fez, por saber que a região era povoada por japoneses e tinha imensa lavoura de café. Adquirira a oficina, com dinheiro guardado numa lata e enterrado no quintal da casa. Por ser muito sistemático, nãp confiava em Banco – instituição financeira.

                        Sabino, o Indiana Jones, tinha como hobby a caça. Quando saia para o mato, trajava chapéu, modelo safari australiano; botina, modelo work boots; calça e camisa de manga comprida, na cor caqui. Levava consigo espingarda, modelo Winchester; faca, modelo Fultang, cantil; binóculo; munição e alforge. Ao vê-lo todo paramentado, fazia lembra-me do Daktari, personagem da série televisiva e de mesmo nome, interpretado por Marshall Thompson, exibida nos anos de 1966 a 1969.

                        Nas empreitadas desestressantes, Sabino não se apartava de “Piranha”, a sua fiel amiga e escudeira. Ela não era mulher, mas uma cadela da raça Braco Alemão, conhecido como perdigueiro, com habilidades para caça. Segundo Sabino, ela tinha uma inteligência acima da média dos caninos e, também, de humanos. Ela compreendia os seus comandos e sinais. Quando a caça ocorria nos arredores da cidade, ele colocava um bilhete, endereçado a esposa, na boca da canina, sendo que ela levava e retornava com a resposta. Embora possuísse cerca de trinta cachorros caçadores, tinha por ela um carinho especial. Era exímio adestrador de cães para caça.

                        Na maioria das vezes, eles iam para a Fazenda Sabiá, Fazenda do Estado, Fazenda Suissa, Bairro Bondade, Aliança, Panay e tantos outros. Eles abatiam codorna, capivara, nambu, perdiz, coelho, tatu, teiú e outros bichos comestíveis. Os quatro filhos, que o acompanhava, eram encarregados de prepararem as aves (depenar e tirar as vísceras) in locus e levá-las prontas para casa. Enquanto a caça acontecia, a esposa e Elisa - a filha - organizavam a casa, para o banquete de assados, regados com farta bebida.

                        Dentre as peripécias de “Piranha”, havia a história de que durante uma caçada na Fazenda Suíssa, Sabino perdera um canivete multiuso. Então convocara uns moleques, dentre eles os filhos, e cerca de três cachorros, para localizar a preciosidade. Prometera mortadela e guaraná a quem localizasse. Levara os moleques e os cachorros, num Jeep, ano 1951, com tração nas quatro rodas. O carro era tracionado por uma carreta /gaiola, onde conduzia os cachorros e as traias de caça. Depois de um certo tempo, o tal canivete fora localizado por “Piranha”.

                        Conforme prometido, levou todos no Bar do Mori”. Ele deu aos moleques, bebida e a “Piranha”, uma bola (peça) de mortadela, que ela devorou até a metade. O restante, deu aos moleques, junto com a bebida. Foi uma inesquecível festança, pois os moleques e a cadela, divertiram à beça.

                        Eu não posso esquecer de dizer e afirmar categoricamente, que Indiana Jones, tinha uma pontaria invejável com a arma. Ele era capaz de acertar com precisão, uma mosca posada no pico do Monte Evereste, que se localiza nas Cordilheiras do Himalaia, bem como, a cabeça de uma codorna, que voava numa grande altura e em voo há mais de 300 km/h. Depois da queda triunfal da ave, “Piranha” – a fiel escudeira, embrenhava no meio do mato hiper denso para buscá-la.

                        Naquele tempo não havia tanto rigor, por parte dos órgãos ambientais, na fiscalização da caça de animais silvestres. É certo que não caçavam só por esporte, mas, também, para se alimentarem. Não era uma atividade predatória, pois respeitavam o equilíbrio da natureza. Eis o motivo pelo qual o povo do lugarejo admirá-lo e respeitar seu passatempo.

                        Já ao cair da tarde e/ou no início da noite, quando a turma voltava da empreitada desestressante, a esposa, com o apoio da filha, corria para temperar os bichos e pô-los para assarem. Os participantes e os conterrâneos – convidados de honra -, sentavam-se à mesa e degustavam as iguarias, servidas com muito carinho, pelo alegre anfitrião.

                        Hoje Sabino Silva, o Indiana Jones tupiniquim, já não está mais entre nós. As lendárias caçadas perderam o encanto e a Terra Natal chora a ausência dele e da “Piranha”. No povoado, já não se fala mais dos bichos e, em especial, os de pena. Meu Deus, que pena!

                        Peruíbe SP, 17 de dezembro de 2022.

sábado, 17 de dezembro de 2022

SABINO - O CAÇADOR

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                        Todas as vezes que me pego a escrever ou falar sobre a Terra Natal, os olhos vão às lágrimas. Isso acontece, não por tristeza, mas, sim, por causa de uma saudade desenfreada. O lugar é uma terra fértil de fatos reais e pitorescos, conforme já tenho dito em outras narrativas. Quem vive ou passou por lá, sabe do que estou falando.

                        Eu tenho notado, que os moradores natos ou naturalizados, tem um hobby (passatempo), que nada mais é do que uma válvula de escape para se desestressar das lamúrias da vida cotidiana. O trabalho pesado, somado às dificuldades do dia-a-dia, são as principais causas do desgaste físico e emocional do ser humano.

                        Hoje atrevo-me contar a história do conterrâneo Sabino Silva, que carinhosamente passo a chamá-lo de Indiana Jones. Ele tinha uma oficina mecânica de conserto de máquinas agrícolas, cujo ofício herdara do avô paterno. Por ser muito eficaz e honesto no seu labor, angariara uma vasta clientela. A oficina de que falo e a casa em que residia, ficavam na mesma rua que eu morava.

                          O nosso protagonista viera da Bahia, seu Estado de origem. Nascera em 1927 e aportara na minha Terra Natal no ano de 1951. Assim o fez, por saber que a região era povoada por japoneses e  tinha imensa lavoura de café. Adquirira a oficina, com dinheiro guardado numa lata e enterrada no quintal de casa. Por ser muito sistemático, não acreditava em Banco - instituição financeira.

                        Sabino, o Indiana Jones, tinha como hobby a caça.  Quando saia para o mato, trajava chapéu, modelo safari australiano; botina, modelo work boots; calça e camisa de manga comprida, na cor caqui. Levava consigo espingarda, modelo Winchester; faca, modelo Fultang; medicamentos de primeiro socorro; cantil; munição e alforge. Ao vê-lo todo paramentado, fazia lembra-me do Daktari, personagem da série televisiva e de mesmo nome, interpretado por Marshall Thompson, exibida nos anos de 1966 a 1969.

                        Nas empreitadas desestressantes, Sabino não se apartava de “Piranha”, a sua fiel amiga e escudeira. Ela não era mulher, mas uma cadela da raça Braco Alemão, de pelagem curta, conhecido como perdigueiro, com habilidades para caça. Segundo Sabino, ela possuía uma inteligência acima da média dos caninos e, também, dos humanos. Ela compreendia os seus comandos e sinais. Quando a caça ocorria nos arredores da cidade, ele colocava um bilhete, endereçado a Bia - sua esposa -, na boca da canina, sendo que ela levava e retornava com a resposta. Embora possuísse cerca de trinta cachorros caçadores, tinha por ela, um carinho especial.

                       Na maioria das vezes, eles iam para a Fazenda Sabiá, Fazenda do Estado, Fazenda Suíssa, Bairro Bondade, Aliança, Panay e tantos outros. Eles abatiam codorna, capivara, nambu, perdiz, coelho, tatu, teiú e outros bichos comestíveis. Os quatro filhos, que o acompanhava, eram encarregados de prepararem as aves (depenar e tirar as vísceras) in locus e levá-las prontas para casa. Enquanto a caça acontecia, a esposa e Elise - a filha - organizavam a casa, para o banquete de assados, regados com farta bebida.

                             Dentre outras peripécias de "Piranha", havia a história de que durante uma caçada na fazenda Suíssa, Sabino perdera um canivete multiuso. Então convocara uns moleques, dentre eles os filhos, e cerca de três cachorros para localizar a preciosidade. Prometera mortadela e guaraná a quem encontrasse. Levara os moleques e os cachorros, num Jeep, ano 1951, com tração nas quatro rodas. O carro era tracionado por uma carreta/gaiola, onde conduzia os cachorros e as traias de caça. Depois de um certo tempo, o tal canivete fora localizado por "Piranha".

                                Conforme prometido, levou todos ao "Bar do Mori". Ele deu aos moleques, guaraná e a "Piranha", uma bola (peça) de mortadela fatiada, que ela devorou até a metade. O restante, deu aos moleques, junto com a bebida. E foi uma inesquecível festança, pois os moleques e a cadela, divertiram à beça.

                        Eu não posso esquecer de dizer e afirmar categoricamente, que Indiana Jones, tinha uma pontaria invejável com a arma. Ele era capaz de acertar com precisão, uma mosca posada no pico do Monte Evereste, que se localiza nas Cordilheiras do Himalaia, bem como, a cabeça de uma codorna, que voava numa grande altura e em voo há mais de 300 km/h. Depois da queda triunfal da ave, “Piranha” – a fiel escudeira, embrenhava no meio do mato hiper denso para buscá-la.

                        Naquele tempo não havia tanto rigor, por parte dos órgãos ambientais, na fiscalização da caça de animais silvestres. É certo que não caçavam só por esporte, mas, também, para se alimentarem. Não era uma atividade predatória, pois respeitavam o equilíbrio da natureza. Eis o motivo pelo qual o povo do lugarejo admirava-o e respeitava seu passatempo.

                        Já ao cair da tarde e/ou no início da noite, quando a turma voltava da empreitada desestressante, a esposa, com o apoio da filha, corriam para temperar os bichos e pô-los para assarem. Os participantes e os conterrâneos – convidados de honra -, sentavam-se à mesa e degustavam as iguarias, servidas com muito carinho, pelo alegre anfitrião.

                        Hoje Sabino Silva, o Indiana Jones tupiniquim, já não está mais entre nós. As lendárias caçadas perderam o encanto e a Terra Natal chora a ausência dele e da “Piranha”. No povoado, já não se fala mais dos bichos e, em especial, os de pena. Meu Deus, que pena!

                        Peruíbe SP, 17 de dezembro de 2022.

 

CLAMOR INFANTIL

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Deixa eu ser apenas a criança

Disse o menino tão peralta.

Não aprisiona minha infância

A vida é breve e tudo passa.

 

Brincar descalço pela rua,

Sem um pingo de vaidade.

E ter como parceira a lua,

A doce amiga de verdade.

 

Ser livre como a caravela

Que flutua suave no mar.

Toda criança que se preza

Ela nunca deixa de sonhar.

 

Andar debaixo da chuva

E correr pela enxurrada.

Leva da mãe uma surra

E diz: mas não fiz nada.

 

E deixa eu ser apenas eu,

Sem rótulo e sem destino

Pois só assim, meu Deus!

Eu volto a ser um menino.

 

Peruíbe SP,  17 de dezembro de 2022.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

MARAVILHAS DA NATUREZA

 

Adão de Souza Ribeiro

Escrevi estes versinhos

Tive esta inspiração

Sobre nosso Criador

Pai de toda invenção

Ele fez tudo que existe

Sem em nada pôr as mãos

Estando em toda parte

Deve estar na minha arte

Por isso fiz esta canção.

Vocês vejam que beleza

Esta nossa imensidão

O sol nascer na alvorada

E se pôr noutro rincão

A lua clarear a noite

Sem haver instalação

A ave voar sozinha

Regressar em sua casinha

Sem aparelho de precisão.

De um jeito natural

E a natureza em festa

Da nuvem faz chuva

Para regar toda terra

E germinar a plantação

Com seu poder divinal.

Se você estiver duvidando

Pegue o sol com a mão

Ou saia de noite na rua

E tente apagar a lua

Mostrando que é bom!

 

Peruíbe SP, 08 de dezembro de 2022.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

HOJE É UM DIA ESPECIAL

 

DIA ESPECIAL

                        Hoje é um dia especial.

                        Especial porque há exatamente quarenta anos atrás, colávamos grau e recebíamos o “Diploma de Engenheiro Agrônomo”.

                        Isso só foi possível, graças à nossa dedicação e ao empenho dos dedicados professores. Foram horas e horas debruçados nos livros e, outras tantas, atentos aos ensinamentos dos mestres. Por isso, guardamos na lembrança, a sagrada imagem de cada um deles.

                        No primeiro dia de aula, éramos todos desconhecidos. Mas, aos poucos, e em razão da convivência diária, tornamo-nos grandes amigos, em busca do mesmo ideal. A amizade sincera, perdura até os dias atuais. Eis aí, o motivo de nossos encontros anuais, isto é, tornamo-nos uma só família.

                        A décima nona turma frutificou. É certo que alguns já partiram, antes do combinado, para a mansão do amanhã. Agradecemos a Deus, por suas passagens em nossas vidas. Mas creiam, os seus legados, continuam vivos em nós.

                        De posse do tão sonhado diploma, atestando que a partir de então éramos “Engenheiro Agrônomo”, cada um seguiu o seu próprio destino. Constitui família e foi exercer a profissão com dedicação, honra e responsabilidade.

                        Nos finais de semana, muitos regressavam à cidade de origem; outros, permaneciam na cidade de Bandeirantes PR, curtindo com os amigos. Por quatro anos, ela tornou-se a nossa cidade/mãe, que nos acolheu com carinho e aprendemos amar.

                        Não há como esquecermos da missa, ministrada pelo padre Edvino, irmão do formando Idelfonso, abençoando os felizes amigos, hoje Engenheiros Agrônomos. Oremos: “Creio na terra, mãe generosa, fonte de vida, trabalho e dignidade humana. Creio na agronomia, porque uma profissão universalmente ligada ao bem-estar humano. Creio num Engenheiro Agrônomo inimigo da pobreza rural e sempre sensível aos problemas do campo em seu país.”

                        A lida diária no campo, nos fez mais humildes e humanos e é por isso, que cuidamos da natureza, saciámos a fome de milhares de cidadãos e alavancamos o progresso da Nação. Pudemos ver quão bondosa é a terra e rica é a natureza. Cuidar do planeta é o dever uníssono de todos nós.

                        Nesta data especial, guardamos cravado no peito, o juramento, que fizemos com imensa alegria: “Juro, que no exercício da minha profissão de Engenheiro Agrônomo, vou me mostrar sempre fiel aos mandamentos da honestidade e da ciência, cumprindo e fazendo cumprir a fiel observância das leis e postulados da ética profissional”.

                        Finalizando, rogamos à Deus, que este encontro se realize sempre e perdure eternamente, para que possamos fortificar esta amizade linda e sadia. Que a semente do amor, plantada na terra sagrada de nossa alma, nasça, cresça e frutifique cada vez mais. Que o diploma pendurado na parede, nos faça ver, que não fomos nós que escolhemos a Agronomia; mas, sim, foi ela que nos escolheu. Portanto, nós a honramos eternamente!

Cornélio Procópio PR, 30 de março de 2023.

Carlos Alberto Mendes

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

SOFRER, POR QUE?

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Eu não sei porque insisto,

No amor tão tresloucado.

Sei que só pode ser bonito

Quando estão lado a lado.

 

Eu não sei porque escrevo,

Coisas que vem do coração

Pois sem querer faço verso

Sofrer de amor é só ilusão.

 

Eu não sei porque doente,

Fico com a saudade de ti.

Que o coração não mente

São ricos tempos que vivi.

 

Eu já não sei porque choro

De verter lágrimas sem fim

Num sofrimento tão sonoro

Que acalenta a alma assim.

 

Eu já nem sei porque sofro,

Por alguém que não me vê

Será eu que sou um louco,

Por que, ó Deus, por que?

 

Peruíbe SP, 25 de novembro de 2022.

 

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

O SOPRO

 

Adão de Souza Ribeiro

Aprendi desde bem cedo,

Que a vida é só um sopro.

E lá se vão entre os dedos

Coisas do tempo de moço.

 

Só precisa semear o bem,

Pelas estradas onde passa.

E antes que a noite já vem,

A infância perca sua graça.

.

A viver num belo planeta

É bom amar sem medida.

Bom que não se esqueça:

Só de amor se vive a vida!

 

Veja o tempo não perdoa,

Ele não tem dó e é bruto.

Os que vivem por aí à toa

A morte prega belo susto.

 

Peruíbe SP, 15 de novembro de 2022.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

DEUS DO UNIVERSO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Deus se faz presente em tudo

Até nas asinhas da borboleta

Beleza carrega na sua maleta

E a natureza, a tela de fundo.

 

Está em cada rima, em verso.

Lá no coração, eterna morada

Brilha a lua lá de madrugada

Belo manto azul do universo.

 

O rio calmo de água cristalina

A mata feita tapete verdejante

E a vida, um solitário viajante

Que segue com fé a triste sina.

 

Ele é onipotente e onipresente

Reina soberano por toda vida.

Do poder santo não se duvida,

Tenha no coração e na mente.

 

Lins SP, 11 de novembro de 2022.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

SAGRADA MISSÃO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Sei que fui escolhido por Deus

Para cumprir a missão sagrada

De conquistar esse coração teu

Só para ser minha doce amada.

 

Por isso, mulher, que eu insisto

Em imortalizar-te num poema.

Farei do meu peito o teu abrigo

E não desisto da paixão serena.

 

Ver teu sorriso em cada verso,

Ternura do rosto em cada rima

Do mundo não importa o resto.

Se certo é o amor de ti menina.

 

Missão dada, missão cumprida

Eu irei lutar bravamente por ti.

E não há maior prazer na vida,

Do que no teu braço ser feliz.

 

Lins SP, 02 de novembro de 2022.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

MEU SERTÃO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

De que adianta viver na cidade

E com os pés lá no meu sertão

Aqui sei que tudo é só vaidade

Lá a pureza mora no coração.

 

O rio que banha nosso campo

A lua que beija a noite calma.

Longe do sertão, sofro tanto,

Que até a saudade dói na alma.

 

No ipê o pássaro faz algazarra,

Para saudar o belo amanhecer

E lá no jardim cicia uma cigarra

Numa nostalgia linda de se ver.

 

Na cidade o tempo tem pressa,

Relógio da vida não para de girar

Que o progresso não se esqueça,

A noite descansa no colo do luar.

 

O sertão e minha cabocla linda,

Eu não troco por nada na terra.

Viver antes que a tarde se finda,

Na paz e alegria no alto da serra.

 

Lins SP, 19 de outubro de 2022.

 

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

A PROFESSORINHA

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Professora vai toda feliz,

E caminha rumo à escola.

Na mão uma caixa de giz,

Mestra não perde a hora.

 

Seus filhos são os alunos,

Deus lhe deu de presente.

Cuida deles cada segundo

Joias não saem da mente.

 

Doce missão do professor

E haverá algo mais divino

Cheio de dedicação, amor

De ensinar o seu menino?

 

O caderno, lápis, borracha

O aluno sedento de saber.

E a saudade que não passa

Lembrança se vai ao vento.

 

Faz da lousa seu universo

E do magistério a sua sina

Aprendiz galgar o sucesso

É a lição que a vida ensina.   

 

Peruíbe SP,12 de outubro de 2022

domingo, 9 de outubro de 2022

O ÚLTIMO MUGIDO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                               Waldemar, o “Azeitona”, era como qualquer outro moleque do lugarejo. Moreno, franzino, cabelo encaracolado, largo sorriso no rosto e um andar engraçado, de quem está apressado. Avesso às brigas, ele gostava de inventar brincadeiras divertidas. E, sem saber, tinha o dom de agregar amigos. Todos os meninos de sua idade, gostavam de acompanhá-lo, aonde quer que ele fosse. Enfim, um líder nato.

                        Ao chegar da escola, tirava o uniforme, guardava o material de estudo e saboreava a deliciosa comida, que estava sobre o fogão a lenha, feita por dona Carmosina – sua zelosa mamãezinha. Depois de saciada a fome, ele saía a procura de sua turma, para costumeiras brincadeiras infantis. O resto da tarde, que se estendia até o anoitecer, era reservado para as peraltices.

                        As corridas de “carrinho de rolimãs”; disputa de bilboquê; caças aos passarinhos com estilingue; nadar na “Lagoa do Hermininho”; pegar escondida a goiaba no quintal do vizinho; fazer cabana e brincar de casal com as meninas; contar estória, nas rodas de criança, sentados na sarjeta, eram algumas das brincadeiras lideradas por ele.

                        “Azeitona”, com seu jeito extrovertido e alegre, cativava a todos, inclusive, os adultos. Dona Carmosina, já se acostumara com o entra e sai de crianças em sua casa, à procura do filho. Sem ele, as brincadeiras não tinham graça. Ele sabia, como ninguém, estimular os interesses dos amiguinhos.

                        Por ser um menino pobre, tendo os amigos, do mesmo nível social, as brincadeiras eram simples. Ele não sabia como as outras crianças do lugarejo, tidas como pseudo-ricas se divertiam. Havia na outra classe social, uma menina a quem ele nutria certa admiração e, no entanto, isso não alterava à sua maneira de ser e agir. Para ele, na verdade, aquilo era de somenos importância.

                        Dentre as brincadeiras e diversões do menino “Azeitona”, estava o gosto em assistir o abate de gado, no Matadouro Municipal. Todas as tardes de quarta-feira, lá estava ele, acompanhado de sua turma, ouvindo o último mugido de um boi escolhido para o sacrifício final.

                        Atrelado ao prédio, havia um curral de madeira, onde os bois eram confinados. No interior e no piso, uma argola de ferro, era chumbada ao centro, que dividia espaço com o ralo, onde escoava o sangue. Correntes passavam por roldanas, as quais eram presas ao teto. Por aquelas roldanas, era içado o boi já sem vida, para ser esquartejado. Por que será que as vacas são sagradas na Índia?

                      Empoleirados na madeira do curral, a molecada provocava os bois para vê-los enfurecidos e quando investiam contra eles, davam descontraídas gargalhadas. A molecada sabia de que de nada adiantaria a fúria dos bovinos, pois, horas depois, seriam reduzidos a pedaços de carne, pendurados no único açougue do lugarejo, para saciarem a fome dos conterrâneos famintos.

                        Na hora fatídica, ele era laçado e puxado para dentro do matadouro, por uma corda presa na argola. Quanto mais debatia, para fugir da morte, mais escorregava no piso molhado. Já com a cabeça junto a argola, sem condição de movimentar-se e de reagir, era golpeado por uma faca, entre a cabeça e o pescoço. Depois de emitir seu último mugido e, já sem força nas patas, caia ao solo já desfalecido.

                        Na sequência, os impiedosos açougueiros, com os ganchos, que estavam presos nas correntes, cravavam nas patas traseiras do animal. Quando ele já estava totalmente dependurado e de cabeça para baixo, ali começava o ritual de esquartejamento.

                        De posse de facas afiadas e amoladores, retiravam todo o couro, deixando o animal desnudo. Numa ação sincronizada, retiravam todos os órgãos internos (coração, rins, fígado, bucho, vísceras e etc.). Depois era a vez das partes nobres, isto é, contrafilé, alcatra, maminha, acém, picanha, fraldinha, filé mignon, paleta, bananinha, colchão mole, colchão duro, costela e por aí se vai. Tudo era aproveitado e consumido pelos clientes.

                        Enquanto o bicho era dissecado, “Azeitona” de cócoras, num canto do salão, pensava: “Cadê aquele bicho forte e bravo? Se Deus nos deu o alimento colhido da natureza, por que sacrificar um ser vivente, para saciar a nossa fome? ”. Ao sacrificar o gado, para saciar a fome, o homem estaria cumprindo o mandamento Divino?

                        Lembrou-se do trecho bíblico, que diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda terra e sobre todos os animais pequenos que se movem rente ao chão”. – Gênesis 1: 26-28.

                        “Azeitona” cresceu e foi morar em outras plagas. Os fiéis meninos de sua turma dispersaram e para onde foram, não se sabe. Apenas a estrada de chão batido, por onde passava a boiada, continua a mesma de outrora. Adeus às diversões infantis, daquelas crianças pobres. Hoje tudo se resume em saudades!

                        O tempo passou e, hoje, o Matadouro Municipal é apenas um prédio abandonado e carcomido pelo tempo. Sem teto, reboco, portas e janelas. O curral não existe mais. Está sem vida e envolto em matos. Assim como o boi, parece ter sido dissecado pelo tempo. Ao vê-lo assim, ainda se ouve do seu interior, um boi sendo sacrificado e dando o último mugido.

                       

Peruíbe SP, 08 de outubro de 2022