segunda-feira, 30 de outubro de 2023

HISTÓRIA MATERNIDADE GUAIMBÊ

 

Marlene Pádua Salvajolli

                        O ano era 1964, Dona Cidoca chegou até nós Much e eu Marlene, convidando a começar a organizar uma maternidade, que seria instalada na antiga pensão da família Paredes, localizada na Rua Fernando Martins Paredes, nº 225, acima do Banco Bradesco.

                        Assimilamos a ideia, formamos uma diretoria: Hildegard Loosli, Marlene Salvajolli, Vilma Loosli, dona Cidoca e Dirce Nogueira.

                        Com campanhas feitas nos sítios, fazendas e cidades circunvizinhas montamos a maternidade.

                        Dona Elza - nossa enfermeira e Anália - auxiliar, dona Antônia, dona Benedita – cozinheira e o médico – Dr. Iba e Dr. Katrumy, na última quinta-feira de todos os meses.

                        Onde o prefeito atual era o Sr. David Ferreira de Souza, em meados de 1964. Nasceram muitas crianças, entre elas, me lembro do Helinho, da dona Estelina e Marlena Sakanaka.

                        Foram vários anos de lutas árduas, onde começamos a trabalhar com bailes, festa da cerveja, feijoadas e doações dos fazendeiros e sitiantes de Guaimbê.

                        O sonho foi realizando e cada vez aumentando. Após eleito o prefeito Fritz Loosli em meados de 1970, fomos a São Paulo, no Palácio do Governo, onde fomos solicitar ajuda para uma nova maternidade, onde Paulo Maluf, Governador deu seu apoio e o deputado Renato Cordeiro, com suas emendas, contribuíram para a construção da Maternidade de Guaimbê, localizada na Rua Rui Barbosa, nº 195, onde foi inaugurada pelos mesmos.

                        Construímos aí o Hospital Maternidade completo, com centro cirúrgico para realizar pequenas cirurgias, onde o médico era o Dr. Seisu Komesu.

                        Quando tudo pronto para o funcionamento, o sonho sendo realizado, nasce a primeira bebê Suziley Achilles em 1978, de parto cesaria de Cleusa Achilles, que infelizmente não se encontra entre nós.

                        Assim finalizo minha breve história, com o coração cheio de saudades e felicidades de ver o nosso sonho de lutas e realizações, sendo reinaugurado pela administração da prefeita Márcia Achilles e José Carlos, como Pronto Atendimento Guaimbê.

                        Recebam meu abraço e minha eterna gratidão.

 

Guaimbê SP, 1º de setembro de 2023.  

P.S.: Lido por Carmem Cenyra Pádua Salvajolli

A MOÇA E A JANELA

 

Adão de Souza Ribeiro

A moça espia pela janela

Sua vida lenta que passa.

Vê ao longe barco a vela

Navegar com muita graça.

 

A moça vê que a natureza

Dá um colorido ao mundo.

Com sua ternura e sutileza

Num claro amor profundo.

 

A moça sonha acordada,

Vestida de grinalda e véu.

Caminhando pela estrada

Para tocar o azul do céu.

 

A moça espera a sua sina

De sair daquela velha casa.

Pois sonhou desde menina

Ser tão feliz e ganhar asa.

 

A moça vive só a vontade

De voar na asa da gaivota.

Ser feliz ao cair da tarde.

Se ocorrer, virgem nossa!


A janela espia ali a moça

Com seu olhar pesaroso.

Aquela menina lá da roça

Quer só sentir algo novo.

 

A moça a sua janela fecha

Do seu mundo de fantasia.

Tristonha espia pela fresta

Felicidade de um outro dia.

Peruíbe SP, 30 de outubro de 2023.

 

 

 

domingo, 29 de outubro de 2023

A GUERRA DOS MATUTOS

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Desde a tenra infância, sempre gostei da guerra. Naquele tempo, não havia radar, foguetes teleguiados, Inteligência Artificial, rádio comunicador e outras tantas parafernálias modernas. A guerra era feita na raça e sem medo, por isso, tinha um sabor diferente. Os soldados se enfrentavam para vencer e não era permitido os borra botas.

                        Não me lembro de televisão narrando os confrontos, em tempo real e ao vivo, como se fosse um jogo de futebol. Ela começava e terminava, sem que soubéssemos quem levou a melhor. Enquanto ela se desenrolava, o mundo continuava na lida diária e ninguém se preocupava com o número de bombas detonadas e nem de mortos. Não havia tanta pressão psicológica.

                        Eu e meus colegas fomos convocados para a guerra. Devidamente fardados e municiados, partimos para o campo de batalha, ou melhor, para a rua de batalha. Na Rua Ruy Barbosa, palco do confronto, era formada a trincheira. Do lado par estava os “meninos do papai” e do lado ímpar os “meninos da mamãe”.

                        Todos se posicionavam estrategicamente, onde tudo servia de esconderijo e proteção. Como arma tínhamos o estilingue e como munição, as mamonas. Carregávamos o imborná e o bolso e encarávamos o “inimigo” de mentirinha. A regra era assim: quando alguém era alvejado, saia do combate, como se estivesse morto.

                        Na batalha, havia dez soldadinhos de cada lado e cada equipe escolhia a melhor estratégia de ataque e defesa. O crime de guerra era acertar a região da cabeça do oponente e, em especial, os olhos. “Bombas na guerra, magia/ Ninguém matava/ morria/ Nas trincheiras da alegria/ O que explodia era o amor”, dizia a Gal Costa.

                        As casas e os muros, ficavam todos manchados de verde, onde eram atingidos pelas mamonas. O combate transcorria o dia inteiro e quando acabava a munição, repunha indo buscar no pé. Em determinado momento, havia o cessar fogo (mamona), para que os soldadinhos pudessem almoçar. Depois do descanso, a luta continuava. 

                        Quando disse que gostava da guerra é porque na guerra de mamonas, havia muita graça, sorriso e diversão. Já na outra, havia muita tragédia e dor. Os adultos lutavam por ganância e nós, lutávamos para manter viva as brincadeiras de infância. Ao final de um dia de batalha, os vencedores e vencidos se abraçavam e reforçavam a amizade.

                        Que bom se todas as guerras do mundo, fossem apenas de mamonas, onde não houvessem feridos e mortos. Os bombardeios travados na Terrinha, pelos soldadinhos de mentira não se estendiam a outros países, ou melhor, ruas adjacentes.

                        Que bom seria se ao voltarem para casa, depois de uma luta por nada, que os guerreiros travavam do outro lado do mundo pensassem: “Que besteira fizemos. Vamos todos no Bar do Iwai, tomar uma cachaça e comer um petisco. Ou no Bar do João Menino, ouvir com os violeiros, música sertaneja raiz. É melhor comemorar a paz!”.

                        Ao recordar da “guerra de mamonas” dá uma saudade imensa e os olhos lacrimejam. Hoje caminhando pela rua deserta, onde era o front, vejo as paredes e muros desbotados, sem as manchas verdes de tiros, ou melhor, das mamonas. As marcas da infância, foram vencidas pela guerra do tempo.

                        Para os meninos matutos, na guerra de mamonas lá na Terrinha tudo era válido, menos morrer!

Peruíbe SP, 28 de outubro de 2023. 

 

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

CARRO DE BOI

 

Adão de Souza Ribeiro

Lá se vai o carro de boi

Com tristeza no coração

Carreando pelo sertão.

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Lá se vai o carro de boi.

Puxado por boi de canga

A vida espia na varanda.

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Lá se vai o carro de boi

Levando pesada carga

Antes que força acaba

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Lá se vai o carro de boi

Ali no seu velho destino

Chorar do cocão o hino

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Lá se vai o carro de boi

Sem rumo e a esmo

Vagando desde cedo

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Lá se vai o carro de boi

Por uma estrada sem fim

Sem beleza e sem jardim

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Lá se vai o carro de boi

Com ele minha infância

Saudade em abundância

O carro lá se foi, foi, foi.

 

Peruíbe SP, 27 de outubro de 2023.

MINHAS MULHERES

 

Adão de Souza Ribeiro

Quando conheci Maria

Naquele dia tão bonito

Pensei que me casaria,

Com a rainha do Egito.

 

Quando conheci Raquel

 Na tarde de primavera.

Pensei ir morar no céu,

Viver uma vida sincera.

 

Quando conheci Malu,

Na noite fria de inverno.

Pensei mudar para o sul.

E reinar no lindo castelo.

 

Quando conheci Luana.

Na madrugada calada,

Pensei passear pela rua

E sem pensar em nada.

 

Quando conheci Susana

Numa manhã preguiçosa

Pensei que vida bacana!

Sou feliz, deixa de prosa.

 

Peruíbe SP, 27 de outubro de 2023. 

 

 

 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

CAROLINA

 

Adão de Souza Ribeiro

Tudo na vida me fascina

Beleza na flor do jardim.

Conhecer bela Carolina,

Já foi demais para mim.

 

Se jeito delicado de ser,

O seu falar com doçura.

Sorriso faz endoidecer.

E ao ver, vou a loucura!

 

E ela desfila pelo Lucy,

Com charme de mulher.

A felicidade mora aqui.

Aroma de bem-me-quer.

 

E eu sei que você nutre

Desejo de ser bem feliz.

Querida, tome a atitude

É o coração que lhe diz.

 

Carolina, quero sonhar,

De que você é só minha

E na calma noite de luar

Me abraça, ó ternurinha!

Peruíbe SP, 26 de outubro de 2023.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

A VISITA

 

Adão de Souza Ribeiro

Por que tanto me visita

Em noite linda de luar?

Rosto é capa de revista

A beleza igual não há.

 

Enche olhar de fantasia

Meu coração feliz viaja.

Sonho lágrima e utopia,

Quando deixa esta casa.

 

E percorre todo cômodo

Bagunça toda a infância.

Mas não me incomodo,

Dói muito sua distância.

 

Casa é um vazio imenso,

Quando você não aparece.

É tão triste o firmamento

E nada mais me apetece.

 

 Vem, deixo aberta a porta

A janela toda escancarada

Chegar tarde não importa,

Entra e deita, doce amada!

 

Peruíbe SP, 26 de outubro de 2023.

domingo, 22 de outubro de 2023

MINHAS CONFISSÕES

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Às vezes, quando menos espero, pego-me escrevendo. É algo impulsivo e incontrolável. Com a caneta na mão, ponho-me a escrever sobre qualquer coisa que vem à mente e que brota do coração. As palavras e as frases vão emergindo aos poucos e, entre um pensamento e outro, representado pela escrita, nasce uma poesia ou uma crônica.

                        Eu não me atrevo em dizer que sou escritor ou poeta. Um dia, posso até desejar, mas, até lá, há uma longa estrada a percorrer.  Eu sou apenas um contador de causos e um proseador. Isso enche minha alma de sonhador e sonhar é preciso. Essa mania é coisa de cidadão interiorano.

                        Admiro nossos imortais literatos, como por exemplo, Graciliano Ramos de Oliveira, José Maria de Eça de Queiroz, Jorge Amado de Farias, Érico Lopes Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Antônio Nogueira Pessoa, Marcus Vinicius de Melo Morais, Cecilia Benevides de Carvalho Meireles e tantos outros.

                        Eu lembro-me que, desde a infância, isso lá pelos idos de 1969, ainda no Grupo Escolar “José Belmiro Rocha”, em Guaimbê SP, adorava escrever redações, solicitadas pelos professores. E dos queridos mestres, sempre recebia calorosos elogios. Já ali, percebi que tinha uma veia literária. Aos poucos, fui alimentando este gosto.

                        Eu procuro escrever sobre tudo e sem o compromisso de me preocupar com as opiniões alheias, isto é, se agrado ou não. Ali exponho minhas opiniões sobre as mais diversas coisas que me agradam ou entristecem. Mas o que me deixa envaidecido é saber que os assíduos leitores compartilham tudo o que disserto. Escrever não é um ócio, mas, sim, um sacerdócio.

                        Todos nós temos um hobby, isto é, um passatempo. Pois bem, o meu é ler e escrever. Eu busco nos acontecimentos do dia a dia, o perfeito cenário; no comportamento das pessoas, os mais lindos personagens. Acho até que já perceberam, que me deleito em contar causos. Neles não se tem a obrigatoriedade de se provar a veracidade. Isso deixa o contador mais à vontade e acredita quem quiser.

                        Lá no terreno da infância, localizado na terra natal, passei despercebido pela sociedade. Também pudera, não era um príncipe encantado, isto é, não tinha beleza e nem posse (riqueza). Não sei o porquê, mas cheguei a ser rejeitado pelo amor platônico. Ainda bem que não peguei trauma pelas fêmeas, credo! Disso não me queixo, pois tudo serviu de bagagem para minhas assertivas.

                        Eu poderia ter nascido um pintor, músico ou palhaço. Mas Deus, na sua divina sabedoria disse: “Menino, meu filho amado, vai ser um escrevinhador de causos, pois isso muito me agrada”. Atendendo os desejos do Divino Criador, lá fui eu, desembestado pelos árduos caminhos da literatura. Pensei que iria me estrepar todo, mas, por sorte, me dei bem. Graças à Deus, sô!

                        Guardo com orgulho imenso na minha alma, ter sabido colher ao longo da caminhada, os ensinamentos que enriqueceram meu comportamento e conhecimento. A escrita deu-me a permissão de registrar tudo aquilo, com uma doce leveza, que até eu fico admirado. Como um ser pensante, tenho saudade da terra natal, da infância, da família, dos amigos e de tudo aquilo que me ajudou lapidar a pessoa que hoje sou.

                        Lá no campo da minha inocência, aprendi observar com carinho a natureza, as pessoas e o mundo ao derredor. Enquanto as crianças se preocupavam em brincar de crianças, eu procurava entender o mundo e suas nuances. Eu sempre fui muito social e, por isso, também gostava de brincar com a molecada, claro!

                        Enquanto escrevo, entro em transe e me desprendo do mundo terreno. É algo que não se explica, mas, sim, se sente. O sentimento apodera-se da mão e pensamento traduz as falas do coração. Talvez seja por isso, que sinto esta impulsividade incontrolável em escrever. Quando escrevo, vou ao êxtase e isso me mantem vivo.

                            Nunca aceitei de pronto, as opiniões e ideias pré-estabelecidas. Eu sou uma pessoa inquieta e um questionador nato. O que muda o mundo são as perguntas e não as respostas.  E foi com este perfil, que descobri os mistérios do mundo.  Nas minhas crônicas e poesias, deixo transparecer tudo isso. Não se esqueça que sou apenas um contador de causos e um caipira proseador.

                        Se de repente, ao alvorecer, eu partir antes do combinado, para a longínqua mansão do amanhã, vou irradiante de alegria. A felicidade deve-se ao fato de que não passei por aqui em brancas nuvens. Eu fui um conterrâneo pobre, porém, rico em humildade e bondade, além da gratidão por ter sido escravo da literatura.  Sem ela, talvez eu seria apenas mais um no meio da multidão.

                        Deus me deu vida, família, amigos, gosto pelas fêmeas e o dom de escrever. Para mim, isso já basta. Padre, estas são as minhas confissões. Amém!

 

Peruíbe SP, 22 de outubro de 2023.

 

 

 

 

sábado, 21 de outubro de 2023

O TEU PEDIDO

 

Adão de Souza Ribeiro

Não peça para esquecer,

Isso é algo demais insano.

Sei que meu bem querer,

Só cresce ano após ano.

 

Não me peça para fugir,

Deste sentimento nobre.

Eu sinto o cheiro de elixir

Viver sem ti a vida morre.

 

Não me peça para apagar

A linda imagem da mente

Se eu tirar da noite o luar

É certo que a noite sente.

 

Não me peça para partir,

Do meu mundo de ilusão

Sem amar nada há porvir

Amor, isso não faço não.

 

Não me peça para odiar,

Algo que não sei jamais.

E se eu te perder no mar

Ondas de volta me traz.

 

Não me peça para crescer

Se o desejo fosse criança

Te queria até o entardecer

Jamais perderia esperança.

Peruíbe SP, 21 de outubro de 2023

TANTO LAMENTO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Para que tanto choro

E outros mil lamentos

Se ave de mal agouro

Se vai longe ao vento?

 

Para que tanta lamúria

E esse rosto de tristeza

Se a tarde em falsa jura

Se vai com a correnteza?

 

Para que tanta decepção

Nesse coração dilacerado

Se vem a larva do vulcão

E devora o que é passado?

 

Para que tanta dor e agonia

Que vem atormentar a alma

Vá e fuja desta tua nostalgia

Senão a vida perde a calma!

 

Peruíbe SP, 21 de outubro de 2023.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

O PRÍNCIPE DAS ARÁBIAS

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Por muito tempo, correu um boato de que o Príncipe das Arábias, cansado das mesmices do reino, decidiu perambular pelo planeta. Pediu permissão ao Rei Mustafá, seu pai, colocou uma alpercata nos pés, uma porchete na cintura, um óculos ray-ban nos olhos, calça e camisa de algodão e um punhado de réis no bolso. “Não sei o que se passa na cabeça desse menino”, pensou o monarca.

                        Não me pergunte como, o menino rebelde foi parar lá na minha Terrinha. Com toda sua dinheirama, podia conhecer o Museu do Louvre, em Paris; as muralhas da China, os jardins suspensos da Babilônia, em Eufrates; a estátua da Liberdade, em New York, mas, não, foi conhecer a Sagrada Terrinha. Naquele tempo, não havia Wase, GPS e nem o Google.

                        Bem, isso não importa, mas, sim, que estava na Terrinha. Travestido de cidadão comum, passou despercebido entre os conterrâneos. Ele tomou cachaça no bar do Anami, do Iwai, do Mori, do Toshio e do Valenciano. Durante a agradável estadia, pernoitava na pensão da Rua Ruy Barbosa.  Aos poucos conquistou a simpatia de todos.

                        Sem perceber, ele foi se abrasileirando, ou melhor, se acaipirando. Nas tardes preguiçosas de domingo, assistia um jogo de futebol no campo, atrás da Delegacia de Polícia e à noite, passeava no jardim da Praça Matriz. Ele trocou o luxo palaciano, pelas coisas simples do lugarejo. Aquilo lhe fazia tão bem.

                        Causava estranheza o jeito de andar, vestir e falar, mas as pessoas eram humildes e discretas, por isso, não o questionavam sobre sua origem.  Ele tinha a fantasia de ser pobre, sem ter ao seu lado, os costumeiros bajuladores. Para ele, o pobre era mais sincero e, ao que parece, não se enganou.

                        O Príncipe das Arábias se encantou com a comida, a dança, a música e os costumes do lugarejo. A dança do ventre, deu lugar ao catira; o estilo musical waslat, deu lugar ao sertanejo, a comida babaganuche foi trocada pela feijoada. Pelo que se vê, a Terrinha tornou seu reino, isto é, o Reino Encantado Tupiniquim.

                        Para ele, as pessoas serem conhecidas por apelido, soava engraçado. Não demorou muito e ele recebeu um, ou seja, o “brimo Habib”. Como o lugar era pequeno e todos se conheciam, o recém-chegado em suas andanças, não por acaso, acabou conhecendo a Casa das Primas. Elas se abrigavam em casas de madeira e não em suntuosas mansões, como se esperava.  Ganhou delas, um agradinho sexual.

                        Quando deixou o castelo real, para se aventurar pelo mundo dos desvalidos, comprometeu-se com seu pai, que não demoraria. Ao que parece, não foi o que aconteceu. Muita coisa o prendia ali, tais como: pescar tilápias e dourado no açude do Ademir; caçar codorna e capivara, nas matas circunvizinhas e em companhia do Sabino; ordenhar as vacas, no sítio do Hermininho. Tudo aquilo, encantava-o por demais.

                        A vida no reino, era enfadonha e ali, na Terrinha, não tinha compromissos oficiais e nem paparazzi no seu calcanhar. A vida é uma caixinha de surpresa. Um belo dia, o “brimo Habib” foi laçado pelo coração. Num dos passeios pela Praça Matriz, engraçou-se pela menina Euflosina, uma fogosa mulata e filha de um comerciante.

                        O rei Mustafá, genitor do “brimo Habib”, enviava mensalmente, dinheiro a ele e era um valor apenas para sua sobrevivência. Não se sabe ao certo, se o flerte se vingou. Embora o menino fosse muito atraente, por ser uma mulher recatada, ela não queria ficar malvista e mal falada diante dos conterrâneos. Afinal de contas, pouco se sabia sobre a origem e a família do pretendente a ser seu dono e seu consorte.

                        Meu Deus, mal sabia ela, que o casamento com “brimo Habib”, seria melhor do que ganhar sozinha na mega sena. Durante o tempo que ele habitou na Sagrada Terrinha, ninguém sabia ou desconfiava, que ele era herdeiro do Reino das Arábias. Só eu, é claro! Se não soubesse, não estaria contando este causo aos assíduos leitores.

                        Hoje, posso dizer sem medo de errar, que um Príncipe Real, de sangue nobre, passou por aqui, na minha Sagrada Terrinha, ou melhor, pelo Reino Encantado Tupiniquim.

                        God save our Prince! (Deus salve nosso Príncipe).

 

Peruíbe SP, 20 de outubro de 2023.

DESAPEGO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Me corrói por dentro

O amor tão capenga.

Há anos não lembro

E parece uma lenda.

 

Eu sofro dia e noite,

Isso me faz tão mal.

É o vento em açoite,

Que surra o canavial.

 

A imagem me visita,

Calada vai embora.

E na sua vinda e ida,

Saudade me devora.

 

Se eu não esquecer.

Do que me tortura,

Eu viverei sem viver

A vida sem loucura.

 

Por que tanto apego,

Ao que nunca existiu?

É como a água do rio,

Que partiu logo cedo.

Peruíbe SP, 20 de outubro de 2023.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

O MILAGRE DO AMOR

 

Adão de Souza Ribeiro

Deus na infinita bondade,

Deu-me você de presente.

Vida passa e chega a idade

E você continua na mente.

 

Você caminha pela infância

Brinca com minha fantasia.

O tempo criou a distância,

Sonho, será minha um dia.

 

Minha rua perdeu a graça.

Menina se tornou mulher.

A ilusão na rua não passa.

Cadê a flor bem-me-quer?

 

Seu nome será um mistério

Eu não revelarei a ninguém

Coração sabe quem venero

Amar em segredo, faz bem.

 

Amar-te tanto é um milagre

A vida terá sua porta aberta.

Se quando ao cair da tarde,

Despertar o sonho do poeta.

 

Busco saciar a dor no verso

Eu a deixo bailar no poema

Ela é a estrela no universo,

Diz: a saudade vale a pena.

 

Peruíbe SP, 19 de outubro de 2023.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

LEVA-ME ÀS NUVENS

 

Adão de Souza Ribeiro

Ela leva-me às nuvens,

No jeito de fazer amor.

De prazer, ela assume

Que provoco seu furor.

 

Ela envolve-me todinha,

Com seu corpo em brasa

E que ela será só minha,

Antes que tudo se apaga.

 

De loucura o olhar brilha,

Sua pele em delírio treme.

E o gozo é uma armadilha,

É um roto navio sem leme.

 

Noite perdida e sem rumo

Por testemunha tem a lua.

Sem carícias não acostumo,

Só me acho nas garras tua.

 

Mulher com a garra felina,

Deixa as marcas no coração.

Que me devora e me fascina

Não faz assim comigo não.

 

No silêncio do nosso leito.

Ela nada diz, o corpo mudo.

Com seu gesto tão perfeito,

Ela me faz feliz e isso é tudo!

Peruíbe SP, 18 de outubro de 2023.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

JULIANA

 

Adão de Souza Ribeiro

Quem disse que ela não ama

Ama sim e estou muito certo

A sua vida é um livro aberto,

O seu corpo arde em chama.

 

E ela bem sabe a hora exata

Onde tudo de bom acontece

De repente, quando anoitece

Ela sorri como linda cascata.

 

Com o jeito calmo e meigo,

Atraí quem está ao seu lado

A vida é bela e vê o passado

Ao longe num desassossego.

 

A Juliana é feita de carinho,

Eu a admiro e eu não minto.

Quem sabe é amor faminto

Que não me deixe sozinho.

Peruíbe SP, 16 de outubro de 2023.

domingo, 15 de outubro de 2023

PAMELLA

 

Adão de Souza Ribeiro

Pâmella, quando eu te vi.

Assim pela primeira vez,

Pensei: “Eu vou ser feliz

Acabará minha timidez”.

 

O olhar passa candura,

Sorriso espalha desejo

A voz fala de uma jura

O andar, certo gracejo.

 

Natureza te fez mulher,

E Deus te fez feminina.

Poeta sabe o que quer

Te ver feliz, que linda!

 

No Lucy, pelo corredor

Seu charme com graça.

Desfila com todo amor,

A sua alegria que passa.

Peruíbe SP, 12 de outubro de 2023.

 

VANESSA

 

Adão de Souza Ribeiro

Que ela não se esqueça

O quanto eu a admiro.

Ao lembrar de Vanessa

Coração dá um suspiro.

 

Com seu jeito tão doce,

O olhar cheio de beleza.

Que bom se a vida fosse

O mundo dessa princesa.

 

E ali no Lucy Montoro,

Ela cuida bem de mim.

Eu sinto todo conforto

Ao vê-la sorrir assim.

 

Sorriso no seu rosto,

O jeito tão delicado.

Se falo sinto o gosto

Dela bem a meu lado.

Peruíbe SP, 11 de setembro de 2023.

GIOVANA

 

Adão de Souza Ribeiro

Se a saudade chama,

Corra aos braços dela.

Só o amor de Giovana

Com o afeto te espera.

 

E se o olhar dela seduz

Te embriaga e faz sonhar.

É o caminho que conduz,

Rumo suave para o mar.

 

Se o corpo exala perfume

Abraça e ame sem medo.

Veja a valsa do vagalume

E vá ser feliz é o segredo.

 

Meiguice eu nunca vi,

Apenas lá no Montoro.

E se eu voltar no Lucy,

Vou pedi-la em namoro!

Peruíbe SP, 13 de outubro de 2023.

 

ANIELLE

 

Adão de Souza Ribeiro

Anielle, é como prece,

Ao meu calmo ouvido.

É disso que eu preciso

E o coração agradece.

 

Adormeço com a voz,

E que embala o sonho

Amor está onde ponho

Assim não me sinto só.

 

Se na vida estou triste,

Ela chega e me alegra.

Tudo vai e recomeça,

A sua paz me reabilita.

 

Anielle, a vida é linda,

Se você está presente.

Eu pareço adolescente

Diante de ti, ó menina!

 

No lindo jaleco branco

Ela sorri e me encanta.

É a menina feito santa,

Coberta com o manto.

 

Peruíbe SP, 15 de outubro de 2023.