Adão de Souza Ribeiro
Às vezes, quando menos espero, pego-me
escrevendo. É algo impulsivo e incontrolável. Com a caneta na mão, ponho-me a
escrever sobre qualquer coisa que vem à mente e que brota do coração. As palavras
e as frases vão emergindo aos poucos e, entre um pensamento e outro,
representado pela escrita, nasce uma poesia ou uma crônica.
Eu não me atrevo em dizer que sou escritor ou
poeta. Um dia, posso até desejar, mas, até lá, há uma longa estrada a
percorrer. Eu sou apenas um contador de
causos e um proseador. Isso enche minha alma de sonhador e sonhar é preciso. Essa
mania é coisa de cidadão interiorano.
Admiro nossos imortais literatos, como por
exemplo, Graciliano Ramos de Oliveira, José Maria de Eça de Queiroz,
Jorge Amado de Farias, Érico Lopes Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Fernando
Antônio Nogueira Pessoa, Marcus Vinicius de Melo Morais, Cecilia
Benevides de Carvalho Meireles e tantos outros.
Eu lembro-me que, desde a infância, isso lá
pelos idos de 1969, ainda no Grupo Escolar “José Belmiro Rocha”, em Guaimbê SP,
adorava escrever redações, solicitadas pelos professores. E dos queridos
mestres, sempre recebia calorosos elogios. Já ali, percebi que tinha uma veia literária.
Aos poucos, fui alimentando este gosto.
Eu procuro escrever sobre tudo e sem o
compromisso de me preocupar com as opiniões alheias, isto é, se agrado ou não. Ali
exponho minhas opiniões sobre as mais diversas coisas que me agradam ou entristecem.
Mas o que me deixa envaidecido é saber que os assíduos leitores compartilham
tudo o que disserto. Escrever não é um ócio, mas, sim, um sacerdócio.
Todos nós temos um hobby, isto é, um
passatempo. Pois bem, o meu é ler e escrever. Eu busco nos acontecimentos do
dia a dia, o perfeito cenário; no comportamento das pessoas, os mais lindos personagens.
Acho até que já perceberam, que me deleito em contar causos. Neles não se tem a
obrigatoriedade de se provar a veracidade. Isso deixa o contador mais à vontade
e acredita quem quiser.
Lá no terreno da infância,
localizado na terra natal, passei despercebido pela sociedade. Também pudera,
não era um príncipe encantado, isto é, não tinha beleza e nem posse (riqueza). Não
sei o porquê, mas cheguei a ser rejeitado pelo amor platônico. Ainda bem que
não peguei trauma pelas fêmeas, credo! Disso não me queixo, pois tudo serviu de
bagagem para minhas assertivas.
Eu poderia ter nascido um pintor, músico ou
palhaço. Mas Deus, na sua divina sabedoria disse: “Menino, meu filho amado, vai ser
um escrevinhador de causos, pois isso muito me agrada”. Atendendo os
desejos do Divino Criador, lá fui eu, desembestado pelos árduos caminhos da
literatura. Pensei que iria me estrepar todo, mas, por sorte, me dei bem.
Graças à Deus, sô!
Guardo com orgulho imenso na minha alma, ter
sabido colher ao longo da caminhada, os ensinamentos que enriqueceram meu comportamento
e conhecimento. A escrita deu-me a permissão de registrar tudo aquilo, com uma
doce leveza, que até eu fico admirado. Como um ser pensante, tenho saudade da terra
natal, da infância, da família, dos amigos e de tudo aquilo que me ajudou lapidar
a pessoa que hoje sou.
Lá no campo da minha inocência, aprendi
observar com carinho a natureza, as pessoas e o mundo ao derredor. Enquanto as
crianças se preocupavam em brincar de crianças, eu procurava entender o mundo e
suas nuances. Eu sempre fui muito social e, por isso, também gostava de brincar
com a molecada, claro!
Enquanto escrevo, entro em transe e me desprendo
do mundo terreno. É algo que não se explica, mas, sim, se sente. O sentimento
apodera-se da mão e pensamento traduz as falas do coração. Talvez seja por
isso, que sinto esta impulsividade incontrolável em escrever. Quando escrevo, vou ao êxtase e isso me mantem vivo.
Nunca aceitei de pronto, as opiniões e ideias pré-estabelecidas. Eu sou uma pessoa inquieta e um questionador nato. O que muda o mundo são as perguntas e não as respostas. E foi com este perfil, que descobri os mistérios do mundo. Nas minhas crônicas e poesias, deixo transparecer tudo isso. Não se esqueça que sou apenas um contador de causos e um caipira proseador.
Se de repente, ao alvorecer, eu partir antes
do combinado, para a longínqua mansão do amanhã, vou irradiante de alegria. A
felicidade deve-se ao fato de que não passei por aqui em brancas nuvens. Eu fui
um conterrâneo pobre, porém, rico em humildade e bondade, além da gratidão por
ter sido escravo da literatura. Sem ela,
talvez eu seria apenas mais um no meio da multidão.
Deus me deu vida, família, amigos, gosto
pelas fêmeas e o dom de escrever. Para mim, isso já basta. Padre, estas são as minhas
confissões. Amém!
Peruíbe SP, 22 de
outubro de 2023.
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