quinta-feira, 29 de junho de 2023

CONTRADIÇÕES DO AMOR

 

Adão de Souza Ribeiro 

Se gosto de verso,

Ela gosta de prosa

Se falo de sucesso.

Ela fala de aurora.

 

Se penso em dormir,

Ela pensa em sonhar.

Mas se adoro partir,

Ela só adora chegar.

 

Se eu sinto desejo,

Ela sente só paura.

Se faço um solfejo,

Ela faz uma loucura.

 

Mas se dou um beijo,

Ela me dá um abraço.

Se eu chamo ao leito.

Ela chama ao terraço.

 

E seja lá como for,

Defeito todos têm.

Eu sei que no amor,

Nos damos bem!!

 

Peruíbe SP, 29 de junho de 2023.

terça-feira, 27 de junho de 2023

DESAFIOS

 

Adão de Souza Ribeiro

Por quanto tempo ainda

Eu viverei este flagelo?

Antes que o dia se finda,

É o que eu mais espero.

 

Por quanto esta labuta,

Desafiará o meu corpo?

E quem será que escuta

Que não sou mais moço.

 

Pois a vida que desafia,

Só para ver se sou forte.

Se me vencer a agonia,

Eu parto rumo ao norte.

 

A dor que me atormenta

Oh, mãe cadê a senhora!

Alma chora, a fé aguenta.

Sei, não é chegada a hora.

 

Ainda por quanto tempo,

Carregarei o peso da cruz

E caminharei em silêncio.

Até ver o brilho da luz??

 

Peruíbe SP, 27 de junho de 2023.

domingo, 25 de junho de 2023

AMOR, PERDOA!

 

Adão de Souza Ribeiro

Perdoa por te amar demais,

Tu conheces minha fraqueza

O amor são como os pardais

Que enfeitam toda natureza.

 

Perdoa por te querer assim,

Neste desejo sem controle.

Sou só o poeta e para mim,

O coração vai onde tu fores.

 

Perdoa se a alma escolheu,

Para ser a rainha do sonho.

Tu és um presente de Deus

E se ele é dádiva, eu ganho.

 

Perdoa se tu fizeste morada

Nesta minha mente infantil.

E tu és um rio que desagua,

No meu corpo, feito um rio.

 

Perdoa-me sim e de coração

Com o meu jeito de criança.

E o amor tem lá a sua razão

Sofre sempre e não se cansa.

 

Peruíbe SP, 25 de junho de 2023.

 

 

terça-feira, 13 de junho de 2023

VIRTUDES DE ANINHA

 

Adão de Souza Ribeiro

Aninha era muito fogosa,

Pois isso também eu acho

E tinha o perfume da rosa

Mas muito fogo no facho.

 

Se sentia cheiro do macho

Ela ficava toda assanhada

E corria rápido ao abraço,

Beijos até de madrugada.

 

Fazia amor sem cansaço,

E doava de corpo e alma

Delirava com o orgasmo,

 Feliz coração se acalma.

 

A Aninha tinha virtudes,

A outra fêmea não tinha.

Sabia amar em plenitude

Ela nunca estava sozinha.

 

Ela gemia de tanto prazer

Fazia calor no seu regaço

Só o amor puro florescer

Lá nos poros e no espaço.

 

Ela se despia com leveza

Fazia homem de capacho.

Se possuía tinha a certeza

De que era o cabra-macho.

 

Afrodite se inspirou nela,

Para ser a deusa do amor.

Não havia uma tão bela,

Com doce cheiro de flor.

 

Aquela fogosa da Aninha  

Do coração tem o pedaço.

Mora até hoje na casinha,

Onde sofro e não disfarço.

 

Peruíbe SP, 13 de junho de 2023.

 

 

 

 

 

domingo, 4 de junho de 2023

GERAÇÃO NUTELLA

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Fofo, cujo nome de batismo era Astolfo Pereira, era um menino traquino como qualquer um da sua idade. Como o lugar onde os pais fincaram morada, era pequeno e de vida bucólica, Fofo passava o dia inteiro brincando com os coleguinhas. Eles criavam mil diversões para passar o tempo, que por incrível que se pensa, parecia não terminava nunca.

                        Os meninos gostavam de soltar papagaio (empinar pipa), jogar burquinha (bolinha de gude), dono da rua, corrida de carrinho de rolimã, carrinho de carretel, entalhado na madeira. As meninas, por sua vez, brincavam de casinha, com bonecas de pano, de plástico ou feitas de espiga de milho. Outras vezes, brincavam de pular corda, amarelinha, bambolê, esconde-esconde e por aí se vai.

                        De vez em quando, surgia uma arenga entre eles, mas logo, tudo se resolvia e a brincadeira continuava. Ninguém ficava de mal por longo tempo. Enquanto os pais lidavam com a vida diária, os fedelhos brincavam de ser criança. A cidade vestida de inocência, dava um colorido especial aquela infância, que não volta jamais.

                        A turma banhava-se na lagoa perto matadouro, caçava passarinho com estilingue ou armava arapuca para apanhá-los, apertava campainha das casas e saia correndo, ouvia música sertaneja raiz, apanhava goiaba no quintal do vizinho, caia do pé-de-manga e se ralava todo, corria de boi na invernada, montava em burro xucro, levava coice de nula e atiçava o pitbul. Também comia pirão, leite com nata, carne assada, galinha ensopada, tudo feito no fogão à lenha, pela mãe.

                        Fofo sabia dividir muito bem, as brincadeiras e a escola. Ele amava por demais o grupo escolar e até ficava triste, quando não frequentava a aula, por um motivo qualquer. Todos os professores gostavam dele, pois diziam que ele era um menino inteligente, educado e respeitava os mestres. Astolfo era um líder nato.

                        Na escola, berço do saber, os professores eram valorizados e respeitados. Jamais eram insultados ou agredidos. Os alunos viam nos professores, verdadeiros deuses e suas palavras tinham um peso enorme na formação moral dos futuros cidadãos. Nunca um pai questionou as atitudes de um professor, durante uma correição em aula. Os tempos eram outros.

                        Naquela época, o que chamava atenção naquele lugarejo, era o fato de que todos eram conhecidos por apelidos. Se perguntasse por alguém, através do nome de batismo, ninguém conhecia. Então vejamos: “ O senhor sabe onde mora Joaquim da Silva? ”, a resposta era não. Mas se perguntasse: “ O senhor sabe onde mora Lagartixa? ”, a resposta era imediata: “ Ele mora do lado do Pronto Socorro “.

                        As pessoas recebiam o apelido, por razões diversas, ou seja, uma particularidade física, profissão, o lugar de origem, um ato que chamou atenção e por aí se vai. Certo é que a pessoa apelidada, não se sentia humilhada; mas, sim honrada. Ela vestia a roupa do apelido e que se tornava o novo nome de batismo. Naquela cidade interiorana, a amizade e o respeito estava acima de tudo e o apelido era um simples detalhe. O que se sabia lá no sertão, que quanto mais o dono ficava bravo, mais o apelido pegava.

                        Mas, um dia, Astolfo, o Fofo da história, cresceu e se fez homem adulto. Por força do destino, bateu asas e foi voar por outros rincões afora. Antes não tivesse separado de sua terra natal, diga-se de passagem. Lá pelas terras desconhecidas, deparou com mil coisas, as quais, só lhe causaram espanto e medo.

                        Viu que as crianças não mais brincavam de serem crianças. Elas não passavam de robôs manipulados pela mídia e por um falso progresso. Os carrinhos entalhados na madeira, foram trocados por brinquedos eletrônicos. As longas conversas nas calçadas, em noite de lua, foram substituídas por um tal de “zap zap”. Não falavam, não pensavam e nem tinham opinião própria. Para onde foi o calor humano e o olho no olho? Escafedeu-se!

                        Os moleques de hoje, é um tal de “não me toque, não me rele”. Os modernistas criaram um termo chamado “bulling”, que no tempo do Astolfo era chamado de “frescurite” ou “nenhenenhem”. O tal do bule, era um recipiente para colocar café. Imagina se essa geração tivesse nascido e vivido na terra natal de Fofo?

                        Meu Deus, o que será dessa GERAÇÃO NUTELLA? 

Peruíbe SP, 04 de junho de 2023.

sábado, 3 de junho de 2023

MENINO TRISTONHO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

E quantas vezes eu pensei em ti,

Como se a vida fosse um sonho.

Mas só Deus sabe o que eu sofri

Por isso, vivo assim tão tristonho.

 

Sem sono, que passei mil noites,

Por companheira, só tinha a lua.

Ela protegia dos fortes açoites,

Que batia sem dó, saudades tua.

 

E me perdoa por te desejar tanto,

Não conter este louco sentimento.

Se hoje o coração vive em pranto,

Tinha no sonho, lindo casamento.

 

Tu desfilavas tão bela e charmosa,

Pelas ruas belas da nossa meninice.

O teu perfume era como uma rosa,

Era a deusa, minha eterna Afrodite.

 

Mas o tempo me fez amadurecer,

Porque o mundo, um dia, ensina.

E foi de te desejar lá ao anoitecer.

Eu aprendi que esta é minha sina.

 

Peruíbe SP, 03 de junho de 2023.