sábado, 21 de setembro de 2013

O REINO ADOECE


                           Ando perambulando pelas províncias e como súdito, tenho observado que há algo de podre no Reino Caiçara. Preocupa-me muito saber, que as pessoas nada sabem e nada entendem, sobre o que acontece pelos corredores palacianos. A elas são negadas as informações e quando chegam aos seus ouvidos, carecem de transparência. A ignorância intelectual do povo, não pode ser prerrogativa para os desmandos dos que estão no poder e, muito menos, cumplicidade daquela que reina.

                                   A rainha, hipnotizada pelas falsas reverências de seus bajuladores, finge desconhecer a angustia e a decepção de seu povo. Esconde-se atrás a tecnologia, para divulgar pífias realizações de um governo inerte e corrupto. Os ministros engordam suas burras, em detrimento da miséria de uma nação carente de educação, saúde, segurança, moradia, dentre tantas necessidades urgentes. A Câmara dos Comuns, cuja missão seria ver a dor do povo, se locupleta das migalhas que o trono a agracia.

                                   Não há transparência nos atos do governo e, por isso, o reino vai cambaleando das pernas. Deus sabe até quando sobreviverá. Creio que tudo dependerá da postura de Vossa Majestade, pois enquanto ela estiver embriagada pelo poder e pelo assédio de seus bajuladores, nada mudará no reino. Nesta celeuma dos desmandos palacianos, quem irá ser sacrificado como um animal obediente e indefeso: é o povo.

                                   Há um velho ditado que diz: “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Quem me dera, se a rainha tivesse pelo menos um olho, para enxergar o que acontece debaixo do seu nariz! Enquanto ela divaga no seu trono, abusando das regalias que o poder concede, o povo grita por algo novo e que o faça feliz. Mas se os ouvidos da rainha, de seus ministros e de seus asseclas, estão bloqueados pela ganância, pouco resta ao povo, senão esperar a derrocada daqueles que pensam ser eternos.

                                   Por uns dias, de norte a sul e de leste a oeste, correu uma notícia preocupante, quanto à saúde reino, representado pela soberana. Eu não podia acreditar que fosse verdade. Embora não nutrisse por ela, certa admiração, longe ia o desejo de que aquilo fosse verdade. Procurei saber de pessoas próximas, bem como, dos fabricantes de boatos, sobre a veracidade do que corria de boca em boca. Todos aqueles com quem conversei, foram discretos ou evasivos. Havia no semblante dos vassalos e das pessoas ligadas ao trono, um ar de preocupação; uns por medo de perder Vossa Majestade, outros, por perder a teta do poder e do luxo.  

                                   Certa manhã, um pombo-correio, daqueles cotós de uma asa, trouxe-me a triste notícia de que a rainha iria abdicar do trono. Em seu lugar, segundo a rádio peão (aquela que não deixa você na mão), quem assumiria a vacância do trono, seria o Vice-Rei. É do conhecimento de todos, que ele goza de uma grande simpatia. Mas a pergunta que não queria calar era: “Teria ele coragem de assumir tamanho abacaxi? Aceitaria colocar em jogo, o prestigio que adquiriu ao longo da vida, para salvar um reino doente e em fase terminal?”. Com aquela notícia, houve oscilação no pregão da bolsa de valor do reino e além-mar.

                                   Do que adoece o reino e qual é o santo remédio para curar tamanha doença? Não precisamos de sábios e nem de curandeiros, para recuperarmos as energias do reino e estancar a ferida que corrói o seu futuro. Basta que o povo, um leão  adormecido, acorde em defesa do bem comum. Que se inteire do que acontece nos bastidores do poder e, uma vez que se percebe alguma falcatrua, expurgue aqueles que se locupletam. Permanecer calado diante do que se sabe, é ser cumplice do que acontece. Não podemos esquecer que todo poder emana do povo e em seu nome será exercido.

                                   Se o reino adoeceu é porque, ao invés de eliminar a doença, preferiu administrá-la.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

MARIA, MINHA MARIA!


Ah, Maria

Quantas noites

Quantos dias

Sem teu calor

Quanta agonia.

 

Ah, meu amor

Sem teu olhar

Sem teu desejo

Eu deliro

Sofro e pelejo.

 

Ah, Maria

Nesse mundo

De fantasia

Me embriago

De alegria.
 
Ah, ternura

Minha ilusão

Meu delírio

Sem teu olhar

Perco a razão.

Ah, Maria

Minha ternura

Meu desejo

Sem teu afago

Quanta loucura!

 

 Peruibe SP, 31 de agosto de 2011

A MULHER DO CORSA


Mulher linda, de um corsa prata

Que me encanta, eu não sei não.

Digo: passa o tempo que passa

Hei de conquistar o teu coração.

 

Diriges assim com desenvoltura

Com o charme que me encanta

Quando te vejo, vou à loucura,

É um carro levando uma santa.

 

Se o corsa guarda mil segredos

Eles jamais serão desvendados

Porque ele conhece os enredos

Dos amores puros e sagrados.

 

Meu querido amigo corsa prata

Que trouxe a amada para mim

Minha alma te é sempre grata

Não és carro, mas querubim!

 

Peruíbe SP, 08 de dezembro de 2011