segunda-feira, 25 de novembro de 2013

AMAR OU SOFRER


Um dia, sei que amei Fulana

Porque quem ama, sim ama

No outro, eu amei Beltrana

Num amor,  louco de cama.

 

Amor louco, assim sem juízo

Busquei viver cada segundo

Como um sonho, um paraíso

Num delírio belo, profundo.

 

Como o amor é tão infinito

Não tem tempo, nem espaço

Quanto mais eu me arrisco

Mais eu me perco, me acho.

 

Me acho perdido, sem rumo,

Como pássaro no firmamento

Quero viver um sono profundo

Longe do mar de sofrimento

 

Peruíbe SP, 15 de setembro de 2013

domingo, 24 de novembro de 2013

AMAR EM SILENCIO


Se o coração triste e sozinho

Acorda calado todas manhãs.

Lembro dos olhos do vizinho

Os sedutores olhos de Renan.
 

 
O meu corpo arde em brasa,

Até perco a respiração e voz.

Quando me vejo em sua casa,

Trocando olhares felizes a sós.


 
Ficam trêmulos os meus lábios

Nas pernas eu sinto fraqueza,

Dizem os amantes, os sábios:

“Isso é amor, minha princesa”.


 
O meu espirito se entorpece,

De algo que não se explicar.

Eu vou rezar uma linda prece

Sob os olhos calmos do luar.


 
Se eu fico sentada na varanda,

Olhar nele e o coração na mão.

Todos dizem: “Olha a Amanda,

Divagando, perdida de paixão”.

 

Digo que eu não me arrisco.

Faço tudo o que preciso for

Para não chamar de amigo,

A quem posso chamar amor.

 

Se o coração sozinho e triste

Sofre ali dentro de si e calado

É porque em mim você existe

Príncipe Renan, meu amado.

 

Peruíbe SP, 14 de novembro de  2013

O AMOR QUE SE FOI


Meu amor morreu,

Na beira da estrada.

De que, meu Deus?

Não sei, de nada.

 

Creio de inanição

Assim de repente

Ou do coração

Um tanto carente.

 

Muito perdido

Sem leme e proa

Longe, esquecido

Triste, quieto, atoa.

 

Passou a sua vida

Cheio de promessa

Feito um eremita

Hoje, o que resta?

 

Morreu o amor

De morte breve

Se houver flor,

Traga, pois serve.

 

Se ele ressuscitar

Nas asas do colibri

Que seja para amar

Minha eterna Eli.

 

Peruíbe SP, 24 de novembro de 2013

 

P.S: Dedicado a Elisangela Martins de Lima, minha eterna namorada

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O SABOR DAS PALAVRAS


                   Dizem que a língua portuguesa é a mais complexa, porém, a mais precisa, quando procura decifrar o significado exato de algo. Conjugar os verbos no tempo correto, definir o que é sujeito e o que é do predicado, dizer se é oxítona, paroxítona ou proparoxítona e os advérbios é, sobremaneira, muito difícil. Outras línguas,  podem soar bonitas aos nossos ouvidos, mas a nossa tem um sabor diferente. Os nossos lábios se deleitam ao pronunciarem palavras rebuscadas, arcaicas ou chulas.

                   Desde a tenra idade, tenho feito da palavra, a minha ferramenta de trabalho e de prazer. Há uma cumplicidade entre ela e eu, coisa de autoflagelação, uma simbiose inexplicável. Vou ao orgasmo, quando redijo uma poesia ou uma crônica. Viajo no mundo das letras, como se eu estivesse comandando uma nave interplanetária. Só eu sei o bom e quão suave é ser brasileiro e ter a língua portuguesa, como a língua pátria.

                   Um dia desses, passei a observar com carinho a minha esposa e, em especial, quando ela pronuncia algumas palavras em meio a frases simples e desprovidas de vaidade. Uma palavra sem sentido e, descontraidamente, colocada no meio de uma frase, tem um sabor inigualável. Não só pela palavra em si, mas pela forma como minha esposa a pronuncia. Dá uma vontade louca de comer aquela palavra catchup e mostarda.

                   Os olhos dela brilham, quando os lábios balbuciam a palavra “óbvio”. O rosto se contrai de felicidade e há uma metamorfose silenciosa por todo o seu corpo. Não sei se ela já procurou no dicionário, o significado daquela palavra tão pequena e tão doce. Penso que não deve matar tal curiosidade, pois, ao saber, perderá a graça, o encanto, o sabor. A inocência de quem a pronuncia é que transforma aquela palavra num tesouro de valor impar.  

                   Foi com o jeito simples da minha esposa, que aprendi o valor imenso que a palavra exerce sobre nossa vida... nosso cotidiano. A nossa língua não é só para degustar o alimento ou para oscular a face, mas, acima de tudo, para expressar o sentido exato daquilo que pensamos ou sentimos. Foi com minha esposa, que aprendi que o obvio não é apenas o que está claro, evidente, que salta aos olhos; mas, sim, aquilo que enche a boca ao ser pronunciado por ela.

                   Aprendi, isso sim, que a amo demais e que é óbvio que salta aos nossos olhos (meu e dela) que nascemos um para o outro. O que não traduz esse nosso sentimento é óbvio que não consta do nosso coração e nem no dicionário do “Aurélio”.

                   O óbvio pelo óbvio, deixa como está.

 

Peruíbe SP, 21 de novembro de 2013

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O AMOR DO POETA


 

Quero fazer um poema,

Que fale de sentimento.

Numa noite tão amena,

Ouvindo a voz do vento.

 

E no silêncio da palavra,

Que te amo, há de dizer.

Que no meu peito grava,

A marca do bem querer.

 

Quero fazer uma poesia,

Rabiscada num caderno.

No voo suave da cotovia,

Livre como amor eterno.

 

Quero fazer a declaração,

Mais linda deste mundo,

Para que o seu coração,

De emoção, fique mudo.

 

Quero amar como poeta,

Das letras, um sonhador.

E que o mundo em festa,

Saiba que és o  meu amor.

Peruíbe SP, 19 de novembro de 2013

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MINHA VIDA


 
                   Quando de madrugada, já sem voz, grita teu nome, levanta-te do teu sono divinal e venha rapidamente em meu socorro. Em seguida, abraça-me com tanta ternura, de tal forma que eu possa sentir o compasso do teu coração e o cheiro do teu corpo, desabrochando em flor. Sem que eu perceba, acaricie o meu rosto lentamente, a fim d que eu possa viajar na nave de um sonho angelical.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, cante baixinho uma canção infantil, afugentando os fantasmas e pesadelos que atormentam o meu dia-a-dia. Sussurre aos meus ouvidos, com tua voz sensual, frases belas e desconexas, temperadas com carinho e erotismo, pois, só assim, compreenderei que ainda existo. O silêncio da tua ausência, aprisiona-me na cela da solidão. Só tua voz adocicada pode libertar-se e devolver-me à vida.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, esqueça dos teus afazeres e venha mansamente para mim. Cubra teu corpo apenas com um manto branco e transparente, deixando que, na penumbra do nosso leito conjugal, somente apareça a silhueta de tua alma e de teu espírito. Encostas em mim, como que me protegendo dos vendavais que assolam um coração já dilacerado. Deixa repousar nos teus seios e, numa total cumplicidade, sejas a minha rainha e escrava.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, conte-me histórias doces e belas, daquelas escondidas no baú da mina infância. Feche porta do mundo lá fora e se ver uma lágrima solitária descer pela minha face, não espante; é apenas o néctar transbordando do coração. Com tua mão, apanhe-a lentamente e coloque-a sobre teu peito, pois nela está o segredo do amor e do prazer. Traga um chá de camomila e algumas bolachas, pode ser que eu desperte e queira cear contigo.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, cubra-te com teu carinho e não deixe que a lua venha expiar-nos pela fresta da janela. Diga às estrelas, que o teu amado está queimando em febre e que só tu sabes como curar-me desta doença chamada saudade. Ponha na minha boca a tua boca, para que numa transfusão tresloucada de nossa seiva, eu possa reanimar.Entre um beijo e outro, meça com o termômetro do teu sexto sentido, o pulsar do meu sentimento. Verá que sem ti, nada sou.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

AMORES DE MARIA


Maria ama José

Com muito amor

Com muita fé.

José ama Maria

Com loucura

Noite e dia.

Maria ama João

Com intensidade

No seu coração.

João ama Maria

De tal maneira

Que dá agonia.

Maria ama Beto

Sem segredo

Como livro aberto

Beto ama Maria

Sempre escondido

Atrás da sacristia.

Maria ama Raimundo

Com intensidade

Sentimento profundo

Raimundo ama Maria

Assim sem limite

Até o fim do mundo.

Maria ama Maria

Com muito sigilo

Cumprindo profecia.

 

Peruíbe SP, 15 de novembro de 2013

FRAQUEZA


Meu Deus, dê-me paciência

De paciência muito preciso.

Senão eu ainda perco o juízo

Assim antes dos quarenta.

 

Dai-me, também, longa vida

Para eu encontrar felicidade

Sem medo e sem falsidade,

Para vencer essa velha lida.

 

Estou perdendo toda força

Que acredito que me resta

Olho meu futuro pela fresta

Ai que medo, virgem nossa.

 

Meu Deus, dê-me sabedoria

Para vencer este  meu medo.

Que amor não tenha segredo

Daquilo que foi prazer, um dia.

 

Peruíbe SP, 14 de novembro de 2013

domingo, 3 de novembro de 2013

MENINO


Menino criança,

Que brinca,

Que corre

Nunca se cansa.

Menino peralta

De alma pura

Que fica na lama

Que sai na chuva.

Menino enfadonho

Que vive quieto

Dentro de si

Esquece o resto

Menino despido

De vaidade

Que ama a cidade

Da sua infância.

Menino livre

Que chora

Que ri

E é tão feliz.

Menino infantil

Que nunca adoece

Te rezo uma prece.

Em nome do Pai.

 

Peruibe SP, 03 de novembro de 2013