Há os que vivem
na luz e o que preferem a sombra. Essa dualidade é que faz o mundo girar. Por
isso, não devemos julgar as pessoas, simplesmente pelo fato de pensarem ou
agirem diferentemente de nós. O que seria do verde, se todos gostassem do
amarelo. A beleza da vida está na diversidade das coisas, que nos cercam. Se
compreendermos com ternura a alma e o coração das pessoas, seremos mais
felizes.
Mas em que pese nossa humana
compreensão, não podemos ser coniventes ou reféns de tudo o que acontece ao
nosso derredor. Há uma frase, que sempre causou-se intensa consternação, qual
seja: “Toda unanimidade é burra”. Essa filosofia popular acompanhou-me
pela vida inteira. Em razão disso, sempre fui um animal desgarrado do rebanho.
Solitariamente fui á busca de novos caminhos, porque o desconhecido sempre me
atraiu a aguçou minha imaginação. Como dizia no interior: “Não sou Maria vai com as outras”.
Outro dia, andando pelas
províncias do Reino Caiçara, deparei-me com toda sorte de pessoas, conversando
aqui e acolá. Dissertavam sobre todos os assuntos do cotidiano. O jeito simples
de se expressar, de um povo trabalhador e ordeiro, chamava-me a atenção. Não
tinham papas na língua e, por isso, elogiavam e criticavam o que vinham na
mente. Eles buscavam na ciência milenar, solução para tudo. Desde a infância,
eu gostava de ouvir as pessoas simples, nascidas e criadas no mato, longe dos
vícios da cidade grande.
Numa dessas conversas, lançadas ao
vento, ouvi quando um caboclo disse: “Você sabe que o novo Rei, tem uma eminência
parda?”. Fiquei estarrecido,
respirei fundo. “Como pode um caipira, um capiau saber disso?”. Pensei e
completei: “Será que ele sabe o que significa eminência parda?” Enquanto
ele falava, enrolava um fumo de corda e dava um trago numa cachaça curtida com uma
planta, denominada “pau barbado”. Por comentar com firmeza, deu credibilidade
no que disse.
Como não costumo prenhar-me pelo
ouvido, saí á procura da verdade do que disse o velho sábio lá do interior. Não
demorou muito para se confirmar o que eu temia ser verdade. Nem mesmo ascendeu
ao trono e já pesa sobre o novo Rei essa desdita. A eminência parda dos
governos militares Geisel e Figueiredo, era o General Golbery do Couto e Silva;
a do papa João Paulo II, era o cardeal da Baviera Joseph Aloisius Ratzinger; a
da nossa rainha a pouco tempo deposta, era o seu Primeiro Ministro.
Mas o que é eminência parda?
Vejamos: “Uma éminence grise
(francês para eminência parda), um poderoso assessor ou conselheiro que atua
“nos bastidores” ou na qualidade não-pública ou não oficial”. Na política,
eminência parda é o nome que se dá quando determinado sujeito não é o
governante supremo de tal reino ou país, mas é o verdadeiro poderoso, agindo
muitas vezes por trás do soberano legítimo (a.k.a. poder por trás do trono), o
qual é uma marionete dele, e pode muito bem ser deposto pela eminência parda,
caso este não o agrade. A eminência parda ainda pode se utilizar de qualquer
tipo de poder para exercer o seu poder, seja ele militar, econômico, religioso
e/ou político.
Causa-nos preocupação essa notícia
informal, ventilada nas províncias e nas ruas descalças do Reino Caiçara.
Embora não seja divulgado pelos tabloides marrons e nem pela mídia paga pelo
poder, sabe-se que a eminência parda do novo Rei, é uma pessoa manipuladora e
que só procura atender os seus interesses pessoais. Vê-se que ela não se
diferencia da eminência parda da Rainha deposta. Não se deve perder de vista
que a Rainha foi decapitada, não por uma guilhotina, em praça pública, como se
esperava; mas, sim, pelos desmandos do seu Primeiro Ministro (eminência parda).
Tudo leva a crer, que o novo Rei
foi picado por um mosquito, não o transmissor da dengue, zika vírus,
chikungunya e febre amarela; mas, sim, o mosquito da eminência parda,
transmissor da submissão total. Será que a medicina descobriu o DNA do mencionado
mosquito? Será que essa doença tem cura?
Peruíbe SP, 24
de dezembro de 2016.