terça-feira, 30 de junho de 2020

VESTIDA DE BRANCO


Adão de Souza Ribeiro


A mulher vestida de branco
Sorriso estampado no rosto
Eu com o olhar de espanto
Embriagado com teu gosto.


A voz meiga e adocicada,
Que o meu coração seduz.
Faz da ilusão sua escrava
Da felicidade brilho de luz.


O seu corpo lindo e esguio
Sedento para tocar o meu,
Provoca frenesi e calafrio.
Algo tão belo, meu Deus!


Coração fica boquiaberto
Diante do teu belo sorriso
Que sinto não sei ao certo
Certo é disso que preciso.


O desejo que me desperta
E por inteiro me consome,
Desperta em mim o poeta
Ressuscita o novo homem.


Peruíbe SP, 30 de junho de 2020.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

FERA INDOMÁVEL

Adão de Souza Ribeiro


Quero voltar ao passado
De um tempo que já era
Montado no meu cavalo
Para domar aquela fera.


Chicotear bem a velhice
Que corre desenfreada.
Mas só saudade resiste,
Pelo tempo ser domada.


A lembrança é o arreio,
No lombo tão saudoso.
Pula assim sem receio,
Vencer a vida, ó moço.


Peão resiste à ventania,
Da morte, a fera xucra.
E no amanhecer do dia,
Ter sua vitória na luta.


Passado é um tordilho,
Sem rédea e sem dono.
Que quer ter seu brilho
E só viver o seu sonho.


Peruíbe SP, 29 de junho de 2020.

sábado, 27 de junho de 2020

ALMAS GÊMEAS


Adão de Souza Ribeiro


Somos dois apenas dois corpos
Que se entrelaçam sem querer
Que bem antes do amanhecer,
Adormece assim de tanto gozo.


Somos como as almas gêmeas
Que se unem em louco desejo
E que no instante de um beijo,
Perde-se na beleza do poema.


Somos dois corações em brasa
Que de amor sufoca tanto grita
É uma joia rara pedra ametista,
De prazer a felicidade cria asa.


Somos dois espíritos sem juízo
Perdidos assim num só frenesi
É dessa loucura que eu preciso
Amor não foge, adormece aqui.


Peruíbe SP, 27 de junho de 2020.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

O PÁSSARO


Adão de Souza Ribeiro


A vida é um passarinho
Entre os nossos dedos,
Se uns partem sozinhos
Outros querem segredo.


Se uns contam histórias
Durante longa revoada.
Outros de tantas glórias
Que ficaram na estrada.


O pássaro que plana livre
Por horizontes e planícies
Até quando ele sobrevive
Antes de chegar à velhice.


A força que tem nas asas,
A plumagem estonteante
Sua decepção extravasa,
Singrando novo horizonte.


Oh, deixa o pássaro voar!
No voo livre e sem medo,
Voltar leve para sua casa
E na bagagem o segredo.


Peruíbe SP, 25 de junho de 2020.

terça-feira, 23 de junho de 2020

A CHAMA DO DESEJO


Adão de Souza Ribeiro


Arde dentro de mim,
Um fogo tão infinito
Desejo sem controle
Que não se abranda.
Queima a entranha,
Torna-me prisioneiro
De algo que não sei
E se eu sei, ignoro.
Um calor sem jeito,
Num leito de ilusão.
Algo que não explica
Essa é a vida, é a vida.
Faz de mim o menino,
Que sorri sem pensar,
Conjuga o verbo amar
No tempo do infinito.
Dentro de mim arde,
Esperança de ser feliz
Antes que amanheça
E a chama se apague.


Peruíbe SP, 23 de junho de 2020.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

O PÉ DE IPÊ


Adão de Souza Ribeiro


Lá na estrada tinha muito pé de ipê,
Branco, amarelo, rosa e de cores mil.
Pareciam ramalhetes feitos a buquê,
Pintando a paisagem de um céu anil.


As pétalas alegres, beijando o vento.
Natureza virgem em noite de núpcias
O desejo de louca cópula ao relento.
E as folhas bailando de tanta volúpia.


Quem por ali passava não entendia:
Como havia tanta beleza e ternura,
Que até a ave de longe ali escondia,
Dando mais realce a eterna pintura.


Lá no chão batido, em forma de leito.
Para amar a flor, o silêncio conclama,
Porque exala aroma e amor perfeito
De noites tão belas, a primeira dama.


Peruíbe SP, 23 de junho de 2020.

domingo, 21 de junho de 2020

BARQUINHO DE PAPEL


Adão de Souza Ribeiro


Meu barquinho flutua, navega além-mar,
Guiado pelas estrelas e o mais belo luar.
E lá vai e vai e segue o balanço da onda,
Ventos de noroeste, como o leme manda.


Vence a calmaria e noites de tormenta,
É frágil é fraco, mas tem fibra aguenta.
O mar pode ser fera indomável bravia
Navega em noite de lua, flutua de dia.


Mistérios do mar em sua profundeza,
Quer afundar o barco e a sua tristeza.
Mas o canoeiro é forte, não se arreda.
Navegar e viver tem sua própria regra.


Alegre e em paz, da popa até sua proa,
Leva todos meus sonhos e veleja à toa
Calmo o meu lindo barquinho de papel
Vai navegando, até se atracar lá no céu.


Peruíbe SP, 22 de junho de 2020.

sábado, 13 de junho de 2020

O TREM DESGOVERNADO


Adão de Souza Ribeiro


Minha vida é um trem desgovernado
E o meu futuro é o zeloso maquinista
Nos trilhos, percorre o meu passado.
Viajar no velho trem, quem se arrisca?


Nas estações pacatas de meus sonhos
A locomotiva ali atraca para repensar.
E dentro do vagão, estou eu tristonho.
Leva para os montes ou para o mar?


Da janela, contemplo as belas colinas.
Uns riem e os outros dormem em paz,
Enquanto taciturno eu sigo minha sina
Qual tempo daquela viagem tanto faz.


Tenho que fazer a viagem sem pressa
Com uma missão guardada na mochila
Fazer poesia e pagar doces promessas.
Viagem acabou, vou descer nesta vila.


Peruíbe SP, 13 de junho de 2020.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

COISAS DE PELE


Adão de Souza Ribeiro


Ouvi dizer que quando arrepia já era
Deus, e de onde vem tanto encanto?
Ou ela fica mansa ou vira brava fera.
Diante dela, sou o pecador ou santo?


Domá-la por inteira não sei se devo,
Mas perdê-la, isso sei que não posso
Por isso vivo louco em desassossego
Abrando o fogo com um “Pai Nosso”


E não tem como não tocá-la de leve
Sentir o cheiro, o suor e tanto calor,
Do corpo macio, branco como neve
Um pecador que se esbalda de amor.


Vou te dizer algo, ó minha princesa:
Antes que desista e sua febre passa,
Que a noite parta e o dia amanheça.
Fera, eu apago seu fogo lá em casa.


Peruíbe SP, 05 de junho de 2020.