quinta-feira, 30 de junho de 2022

A CABOCLINHA

 

Adão de Souza Ribeiro

Quanta saudade da minha terra,

Onde até a beleza era por inteira.

A caboclinha espiava pela janela

Eu todo hipnotizado na porteira.

 

O rosto com a graça da natureza

O olhar muito além do horizonte

O desejo deslizava na correnteza

Tudo passa, parece que foi ontem.

 

Ela não sai jamais do pensamento

E eu me perco em frenesi e delírio

Quando lembro o cabelo ao vento

Procuro não chorar e não consigo.

 

Sei caboclinha vaidade não tinha

O seu jeito tão simples encantava

Não me esqueço daquela casinha,

Ali quieta, lá na beira da estrada!

 

Peruíbe SP, 30 de junho de 2022.

 

 

segunda-feira, 27 de junho de 2022

O ANJO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Um anjo caiu lá do céu

Só para cuidar de mim.

E veio rolando ao léu,

Rodeado de querubins.

 

Missão dada de Deus,

Aceitou com galhardia.

Deixou os deveres seus

E me cuidar noite e dia.

 

Se a leveza da sua alma

Tocar a minha gratidão,

Brilho da estrela d’alva

No caminho do coração.

 

O anjo cuidou com afeto,

Que já flechou o cupido.

Hoje já não sei ao certo:

Fui cuidado ou seduzido?

 

Peruíbe SP, 27 de junho de 2022.

 

 

 

domingo, 26 de junho de 2022

A ETERNIDADE

 

Adão de Souza Ribeiro

Se pensa na vida eterna,

Não sabe o que é imortal.

Engana-se muito deveras

Vê, pensa mais: Que tal?

 

E na vida, nada se dura,

Pois o fim sempre existe.

Se a fruta cai de madura,

Por que o dedo em riste?

 

Eu sei que tudo é cedido,

Logo a vida pede de volta.

Então desfrute, meu amigo,

Faça tudo àquilo que gosta.

 

Se a tua vida é bem vivida,

E que vai além do infinito.

Busque a força na ametista,

Se te achas um ser erudito!

 

Peruíbe SP, 26 de junho de 2022.

 

A INFÂNCIA PERDIDA

 

Adão de Souza Ribeiro

                        No filme “O Jovem Messias”, do cineasta Cyrus Norawsteh, baseado na obra de Anne Rice, intitulada “Cristo Senhor: A saída do Egito” retrata a infância de Jesus Cristo. Sem ser herege, ele era uma criança, como todas as crianças de sua época, isto é, corria, brincava, sonhava e sofria. Afinal de contas, era um menino e não sabia da sua divindade.

                        Aos sete anos como toda criança Jesus queria brincar, se divertir com outras crianças, porém seus deveres acabavam barrando a sua vontade, em certo momento, Jesus ressuscita um pássaro morto, o que seria o seu primeiro milagre.

                        Naquela idade, quando retorna do Egito para sua casa em Nazaré com sua família, ele descobre a verdade sobre sua vida. Ele percebe que é Filho de Deus, enviado por Deus, para ser o Salvador da humanidade. Embora com seus poderes Divinos, Ele veio em forma de homem e, por isso, foi-lhe concebido o direito de crescer como toda criança.

                        Em momento algum durante suas peraltices sem maldade, os pais dele se deixaram levar por opiniões alheias, de como deveria educar e conduzir o filho santo. Não procuraram psicólogos e nem se basearam no que a sociedade da época dizia a respeito de como deveria orientar o Jesuscristinho.

                        O pai José, um humilde carpinteiro e a mãe Maria, uma zelosa dona de casa, deixavam a criança à vontade, embora soubessem dos poderes Divinos do mesmo. Deixavam à vontade, embora vigiassem para que Ele não fosse maltratado ou perseguido. Como homem, foi vivendo cada fase da vida, em toda sua plenitude.

                        Os pais só revelaram à Ele, a sua sagrada missão na terra, no momento oportuno. Não anteciparam a sua maturidade, para que Ele pudesse compreender os sonhos e angustia de cada momento da vida. Embora como santo tenha vindo pronto; como homem, aos poucos, foi descobrindo o caminho da perfeição. Não se deixou levar pelas tentações de Satanás, isto é, a modernidade.

                        Ao olhar pelo prisma de hoje, vejo que as crianças nascem prontas ou são induzidas a pensarem como adultas. Não dão a elas o direito de brincarem, sonharem, criarem suas próprias histórias ou brinquedos. Para compensarem suas ausências, os pais compram o afeto com coisas de luxo, objetos tecnológicos ou liberdades desenfreadas. As crianças nascem prontas, sem obediência, alma, coração ou sentimentos. Pergunta-se: “Mas de quem é a culpa?

                        Quando os genitores acordam para a vida e tentam educá-las ou corrigi-las, elas se enchem de direitos, produto do ensinamento de uma sociedade desenfreada e descompromissada com instituição familiar. Devemos tomar como parâmetro, os pais de Jesuscritinho, os quais lhe davam o direito de ser criança, mas, ao mesmo tempo, exerciam a incumbência de pais, ou seja, de proteger e educar, sem a interferência externa.

                        Nós temos que tirar uma grande lição, do que diz aquela fase da infância de Jesus Cristo, onde ficou retratada a beleza Dele como criança, em toda a sua inocência e, ao mesmo tempo, a sua obediência ao Pai Celeste e aos pais terrestres. Em momento algum, Ele se prevaleceu de seus poderes superiores para afrontar os seus pais, isto é, José e Maria.

                        Hoje, tenho para mim, que vivemos num mundo e numa sociedade, onde a criança nasce pronta, sem o direito de se desenvolver como criança. Ao se acharem modernas e desenvolvidas, não encontram de volta o caminho da felicidade, porque perderam cada etapa da vida, em nome de um progresso selvagem. Só de imaginar que um dia esta geração, poderá governar a Nação altaneira, arrepia-me a epiderme. Que  não me venham excomungar-me, por tão sagrada observação e opinião.

                        O filme termina com Jesus correndo para sua família e querendo ser uma criança. Diante disso, por mais que eu tento me conformar ou procurar uma resposta para todo este desmazelo da sociedade moderna, onde tudo é permitido e onde a criança perdeu a sua identidade, resta-me a certeza de que vivemos no mundo desembestado, com uma INFÂNCIA PERDIDA.

 

Peruíbe SP, 26 de junho de 2022.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

TEMPO PERDIDO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Quantas noites em branco,

Madrugadas mal dormidas

Era só o soluço e o pranto,

Que acalentava minha vida

 

A manhã sem ter alvorada

E as tardes sem por do sol

Tantas procuras por nada.

A enorme frieza do lençol.

 

São inacabados poemas,

Escritos com as lágrimas.

Dá no peito dor extrema

A saudade fica, dor passa

 

Quanto tempo já perdido

Sonho com o que não era

Meu coração está ferido,

Amanhã a nova quimera.

 

Peruíbe SP, 24 de junho de 2022.

 

 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

A REBELIÃO DOS PORCOS

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                        Era uma tarde esplendorosa. Tudo transcorria na mais santa paz, porquanto a vida conspirava para uma felicidade inesquecível. Nada haveria de interferir naquele momento de descontração entre os anfitriões e o convidado do encontro tão nobre. O cenário era a casa de Sueleni; já o convidado, era o narrador deste causo, que agora passo a dissertar.

                        Eu visitava a Terra Natal, a qual carinhosamente chamava de “minha Terrinha”, haja vista o amor que sempre nutri por ela. Sueleni, a matriarca, honrou-me com convite para o encontro em família, onde seria oferecido o almoço, regado com muito amor e alegria. Claro que, de pronto, eu aceitei, diante da forma terna, com que fui convidado.

                        O almoço tinha como complemento, o saboroso churrasco, onde um filho pilotava a churrasqueira e o outro mantinha os copos sempre cheios de refrigerante ou cerveja. Enquanto isso, as mulheres organizavam a mesa com fartura de vários tipos de alimento. Não era redundância afirmar, que o cheiro e o sabor eram sedutores, pois a anfitriã, como era sabido, possuía um restaurante no vilarejo.

                        Durante aquela comilança, conversávamos sobre muitos assuntos e relembrávamos coisas do passado. As gargalhadas eram inevitáveis, diante de estórias pitorescas e engraçadas, narradas pelos presentes. “De vez em quando, retornar à Terra Natal é sempre prazeroso. E sentir o afeto dos conterrâneos, melhor ainda”, eu pensei.

                        A hora passava depressa, que nem percebíamos. Os anfitriões faziam de tudo pra me agradar e é, por isso, que não me aparto jamais do “Torrão Natal”.  Como eu disse no início da narrativa: “Nada haveria de interferir naquele momento de descontração”. Mas a estória só tem graça, quando há quebra de protocolo, quer concordamos ou não.

                        De repente, um dos filhos da anfitriã, recebera a trágica notícia, através do telefone (a maldita tecnologia), que lá no sítio, os porcos desencadearam uma rebelião e fugiram da pocilga. A porcada, fora de controle, arrombara a cerca divisória entre o sitio vizinho, onde, entre um grunhido e outro, devoraram toda a plantação alheia.

                        Os porcos botaram terror não só no sítio, mas, também, no churrasco em família. Tinha que haver uma saída... uma solução para o caso. “Fala para o vizinho colocar preço na plantação destruída, que eu pago”’, disse um dos filhos. Já o outro, ponderou: “Vamos lá ver o que aconteceu e arrebanhar os fujões.”.

                        Então, diante da tragédia provocada pelos que “fuça e ronca”, criou-se uma força tarefa, sob a liderança dos filhos de Sueleni. Em razão disso, coube a uma das mulheres assumir a churrasqueira, uma vez que os varões partiram rumo ao campo de batalha. Deixaram a cidade fortemente amados, pois sabiam que iriam enfrentar uma luta de peso. Vencer os porcos gordos, não seria nada fácil.

                        Sem ter experiência da vida campesina, propus-me a engrossar a fileira dos combatentes; mas fizeram-me abdicar da ideia. Não tive outra opção, senão permanecer ali e ficar degustando daquela tentadora comilança. Ao olhar para churrasqueira, tinha a saborosa visão do porco sobre a grelha e ardendo com o calor do primeiro pecado capital – A Gula. E nem precisava, que o suíno tivesse uma maçã na boca.

                        Ali deitado e quietinho, suando por todos os poros, estaria proporcionando mais prazer aos anfitriões e o convidado, do que aquele enorme trabalho. Enquanto participava do almoço, fiquei deveras preocupado com os combatentes, correndo atrás dos porcos pela plantação alheia.

                    Pelo que descrevia a repentina notícia, até os leitõezinhos, aproveitando da bagunça, também fugiram. Imagina que cena dantesca, os porcos dando canseira nos seus donos. Se eu fosse Palmeirense, diria que era o time fugindo, com medo do rebaixamento.  Meu Deus, que porcaria!

                        No final da tarde, quando deixei a casa de Sueleni, a matriarca e anfitriã, os guerreiros que partiram para o “Resgate do soldado Ryan”, ou melhor, “Resgate dos porcos Large White”, ainda não haviam retornado da batalha lamacenta. Na sagrada Terrinha, acontece de tudo, até porcos rebelados. Eu lamento não poder narrar aos assíduos leitores, o desfecho da cômica e trágica narrativa.     

                        Só posso apenas asseverar, que o churrasco estava uma delícia. Isso sim!

 

Peruíbe SP, 22 de junho de 2022.

 

 

 

 

 

terça-feira, 21 de junho de 2022

COLO MATERNO

 Adão de Souza Ribeiro

 

Vem, senta no meu colo.

Dizia a voz com candura

E quando lembro, choro.

Da mãe em noite escura,

 

Na cadeira de balanço,

Fazia um longo cafuné.

Era como um rio manso,

Na imensidão do igarapé.

 

Entoava canções infantis,

Ninava sonhos inocentes,

Um cantar dos bem-te-vis

Ritmo do amor crescente.

 

Vem, no meu colo se deita,

Que eu velo o teu descanso.

Já dizia a mãe tão satisfeita

E fazia do afago seu manto.

 

Peruíbe SP, 21 de junho de 2022

segunda-feira, 20 de junho de 2022

A OPERÁRIA

                                                                                                                                 Adão de Souza Ribeiro

Eu sou aquela formiga.

Que vai pra lá e pra cá.

Levando a sua comida,

Para poder alimentar.

 

Peso maior que mim,

Eu levo sem correria.

Se o dia está no fim,

Eu carrego a bateria.

 

Na lida do dia inteiro

No eterno vai e vem

Eu abasteço o celeiro

Para inverno também.

 

Faça sol ou faça chuva

Carrego minhas folhas

Vence quem madruga

É só fazer sua escolha.

 

Natureza tem fartura

O que não se explica.

Só lutar com bravura

Fugir da tal preguiça.

Peruíbe SP, 21 de junho de 2022.

domingo, 19 de junho de 2022

A CASINHA

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Uma casinha simples por fora,

Porém era tão bela por dentro.

Eu feliz passava horas e horas,

Não preocupava com o tempo.

 

O chão era feito de terra batida,

Lá na parede um velho lampião.

A panela de barro tinha comida

Que aquecia na lenha do fogão.

 

E a porta estava sempre aberta

Para quem nela quisesse entrar

O coração dela fazia tanta festa

A janela saudava a noite de luar.

 

Tinha uma rede bem amarrada

Lá bem no cantinho da parede.

Quando era lá pela madrugada

Sonho dormia no balar da rede.

 

No alto da cumeeira a chaminé,

Ao redor da casa, o belo jardim.

Quieto no quarto, oratório de fé,

Velando só, numa noite sem fim.


A casinha enfeitada de saudade,

Por fora era tão linda e modesta.

Tempo sempre esconde a idade.

E calma espia a vida pela fresta!

 

Peruíbe SP, 19 de junho de 2022.

domingo, 12 de junho de 2022

O DESATINO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Não pergunta por que te venero

Por que sofro paixão recolhida

Se tu queres que eu seja sincero

Só o coração sabe, minha amiga

 

Se de sofrer não me arrependo

Não questiona o meu desatino

Eu sou tão livre como o vento

É doce ilusão, coisa de menino.

 

Tudo na vida tem lá um preço

E faz do gostar algo mais belo

Por isso, amiga, é que padeço.

Sofro, choro e me descabelo.

 

Vida passou e fiquei adulto

Sei que não debutou o amor.

Por isso que até hoje eu luto

Para colher o néctar da flor!

 

 

Peruíbe SP, 12 de junho de 2022.

HÓSPEDE ILUSTRE

 

Adão de Souza Ribeiro

Silêncio, o amor está vindo.

Prepara o humilde casebre,

Ponha na mesa bom vinho,

Faça daqui um lugar alegre.

 

Receba com o leve sorriso,

Abra as portas e as janelas.

No portão placa com aviso

“Por aqui, a tristeza já era.”

 

Flores por todos os cantos

Para ele se sentir em casa.

Na cama pétalas encanto,

Felicidade vai ganhar asa.

 

Ele será o hospede eterno

Aqui há de ser sua morada

E o doce afago no inverno,

Fara da vida pagina virada.

 

Mas se partir, deixa que vá.

Se por ai ele voar sozinho;

Não terá calor no outro lar,

Vai voltar ao antigo ninho.

Peruíbe SP, 12 de junho de 2022.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

BUSCA INSANA

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Ficas do meu lado, suplico.

Nunca duvida do amor por ti.

Vou desejar-te até o infinito,

Amor tão puro, eu nunca vi.

 

Coração deves tomar posse.

Não dê espaço para tristeza

Não sofra de tédio precoce

Vou fazer-te feliz, princesa.

 

Vem para meu aconchego,

Sinta o calor do meu corpo.

Eu te faço gostoso chamego

Depois vais querer de novo.

 

Se buscas tão longe alegria,

Onde repousar a tua ilusão.

Lá fora, a felicidade é teoria.

É busca insana, não vai não.

 

Peruíbe SP, 10 de junho de 2022.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

DESEJO DE AMAR

 

Adão de Souza Ribeiro

Eu queria acordar de manhã

E sentir você perto de mim.

O beijo com gosto de maçã,

O corpo cheirando jasmim.

 

Teus lábios junto aos meus

Querendo tocar ao coração.

Como uma dádiva de Deus,

Para acalmar minha solidão.

 

Na noite de sonho intenso,

Deleitar de tanta loucura.

Sem perceber se o tempo,

Ficou atento a nossa jura.

 

Antes do despertar do dia,

Sonhar só um pouco mais.

 E te amar na doce poesia.

Se logo acordar, tanto faz!

 

Peruíbe SP, 09 de junho de 2022.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

A VOZ DO CORAÇÃO

 

Adão de Souza Ribeiro

Disser que te amo, acredite.

Corra já, vem e me abraça.

Não ponha o dedo em riste.

Não duvida, não ache graça.

 

Se disser que te amo, beija.

Sinta o calor do meu corpo

Amar é divino, bendito seja.

Só quem ama sabe o gosto.

 

Disser que te amo, entrega.

E não dê ouvido as intrigas.

Vai quebra todas as regras

O amor rejuvenesce a vida

 

Disser que te amo, acalma.

Proteja-me da tempestade.

Afaga em paz minh ‘alma,

Com cheiro da intimidade.

 

Disser que te amo, sonha.

Pois na vida nada é eterno

A saudade de ti é tamanha,

O coração diz que te quero.

Peruíbe SP, 01 de junho de 2022.