domingo, 26 de junho de 2022

A INFÂNCIA PERDIDA

 

Adão de Souza Ribeiro

                        No filme “O Jovem Messias”, do cineasta Cyrus Norawsteh, baseado na obra de Anne Rice, intitulada “Cristo Senhor: A saída do Egito” retrata a infância de Jesus Cristo. Sem ser herege, ele era uma criança, como todas as crianças de sua época, isto é, corria, brincava, sonhava e sofria. Afinal de contas, era um menino e não sabia da sua divindade.

                        Aos sete anos como toda criança Jesus queria brincar, se divertir com outras crianças, porém seus deveres acabavam barrando a sua vontade, em certo momento, Jesus ressuscita um pássaro morto, o que seria o seu primeiro milagre.

                        Naquela idade, quando retorna do Egito para sua casa em Nazaré com sua família, ele descobre a verdade sobre sua vida. Ele percebe que é Filho de Deus, enviado por Deus, para ser o Salvador da humanidade. Embora com seus poderes Divinos, Ele veio em forma de homem e, por isso, foi-lhe concebido o direito de crescer como toda criança.

                        Em momento algum durante suas peraltices sem maldade, os pais dele se deixaram levar por opiniões alheias, de como deveria educar e conduzir o filho santo. Não procuraram psicólogos e nem se basearam no que a sociedade da época dizia a respeito de como deveria orientar o Jesuscristinho.

                        O pai José, um humilde carpinteiro e a mãe Maria, uma zelosa dona de casa, deixavam a criança à vontade, embora soubessem dos poderes Divinos do mesmo. Deixavam à vontade, embora vigiassem para que Ele não fosse maltratado ou perseguido. Como homem, foi vivendo cada fase da vida, em toda sua plenitude.

                        Os pais só revelaram à Ele, a sua sagrada missão na terra, no momento oportuno. Não anteciparam a sua maturidade, para que Ele pudesse compreender os sonhos e angustia de cada momento da vida. Embora como santo tenha vindo pronto; como homem, aos poucos, foi descobrindo o caminho da perfeição. Não se deixou levar pelas tentações de Satanás, isto é, a modernidade.

                        Ao olhar pelo prisma de hoje, vejo que as crianças nascem prontas ou são induzidas a pensarem como adultas. Não dão a elas o direito de brincarem, sonharem, criarem suas próprias histórias ou brinquedos. Para compensarem suas ausências, os pais compram o afeto com coisas de luxo, objetos tecnológicos ou liberdades desenfreadas. As crianças nascem prontas, sem obediência, alma, coração ou sentimentos. Pergunta-se: “Mas de quem é a culpa?

                        Quando os genitores acordam para a vida e tentam educá-las ou corrigi-las, elas se enchem de direitos, produto do ensinamento de uma sociedade desenfreada e descompromissada com instituição familiar. Devemos tomar como parâmetro, os pais de Jesuscritinho, os quais lhe davam o direito de ser criança, mas, ao mesmo tempo, exerciam a incumbência de pais, ou seja, de proteger e educar, sem a interferência externa.

                        Nós temos que tirar uma grande lição, do que diz aquela fase da infância de Jesus Cristo, onde ficou retratada a beleza Dele como criança, em toda a sua inocência e, ao mesmo tempo, a sua obediência ao Pai Celeste e aos pais terrestres. Em momento algum, Ele se prevaleceu de seus poderes superiores para afrontar os seus pais, isto é, José e Maria.

                        Hoje, tenho para mim, que vivemos num mundo e numa sociedade, onde a criança nasce pronta, sem o direito de se desenvolver como criança. Ao se acharem modernas e desenvolvidas, não encontram de volta o caminho da felicidade, porque perderam cada etapa da vida, em nome de um progresso selvagem. Só de imaginar que um dia esta geração, poderá governar a Nação altaneira, arrepia-me a epiderme. Que  não me venham excomungar-me, por tão sagrada observação e opinião.

                        O filme termina com Jesus correndo para sua família e querendo ser uma criança. Diante disso, por mais que eu tento me conformar ou procurar uma resposta para todo este desmazelo da sociedade moderna, onde tudo é permitido e onde a criança perdeu a sua identidade, resta-me a certeza de que vivemos no mundo desembestado, com uma INFÂNCIA PERDIDA.

 

Peruíbe SP, 26 de junho de 2022.

Um comentário:

ROSEMARY disse...

Quanto prazer me dá em ler mais uma verdade escrita, a oportunidade desta leitura traz um sentimento de ver traduzido pensamentos e vivencias de quem vive a observar o que está sendo feito destas gerações. Obrigada, muito obrigada.