sexta-feira, 27 de março de 2020

ENTRE FLORES E ESPINHOS


Adão de Souza Ribeiro


Depois dos primeiros beijos,
Meio escondido e sem pressa.
Vivo ardendo em mil desejos,
Louco da vida, nada me resta.


Menina dengosa e jeito felina,
Amava meu corpo, sem pudor.
Assim foi na vida a minha sina
Viver entre o espinho e a flor.


Atrás do muro daquela escola,
Longe da vista da nossa mestra
Dormia o tempo, parava a hora
Tudo era prazer, sonho e festa.


Se assustava, eu dizia não é nada
Ela retribuía todo o meu carinho.
Amor ensurdecia e o sino tocava,
Sei que nada tocava nosso ninho.


Direi com calma e sem o receio,
Tempo feliz eu não terei jamais.
Como aquele, durante o recreio.
Hoje longos os anos e tristes ais.


Peruíbe SP, 27 de março de 2020.

Um comentário:

gonzagapropaga disse...

Gostei deste!! Nostálgico e real! Nos remete a um tempo, um momento que, senão vivemos, queriamos ter vivido!