terça-feira, 17 de março de 2020

AMOR SEM PUDOR


Adão de Souza Ribeiro


Sou bem assim, meio despudorado.
E sem nem um pingo de vergonha,
Quem quer caminhar do meu lado
Não pode acreditar na tal cegonha.


Sei que na vida, em nada me apego,
Vivo no mundo da lua, longe de tudo.
Ao fugir de mim, num voar tão cego,
Esqueço-me das regras e do absurdo.


Quero ser um louco amante na cama,
Cometer todo o pecado do universo,
De tanto desejo, só arder em chama.
Abrandar a labaredas no meu verso.


A mulher que eu escolher em segredo
Devorá-la-ei no silêncio de um quarto.
Da orgia, não quero acordar tão cedo.
E se ela não matar de prazer, eu mato.


Se a carne é fraca e a vida mais ainda,
Se eu não viver com toda intensidade
A chama que arde e a noite que finda
Sem orgasmo, não verei a eternidade.


Peruíbe SP, 18 de março de 2020.


Nenhum comentário: