Adão de Souza Ribeiro
Sapo mergulha na lagoa
O vagalume passeia à toa.
E a cobra engole um sapo
O grilo esconde no mato.
Olha o mais lindo sabiá,
E voando pra lá e pra cá
Chilra feliz na laranjeira
No cantar a tarde inteira,
No curral o gado muge,
O arrebol veste de ruge.
Na lagoa o barco flutua,
Leva minh’alma e a sua.
Roceiro arreia o burrico
Veja longe o pintassilgo
Jerico povoa lá no brejo,
Aqui mais bela Alentejo.
A cana embriagada pinga
Sede se bebe na moringa,
Macaco no galho só coça.
E essa é a vida lá na roça!
O bom é ser um sertanejo
Ver a beleza num lampejo
Nas coisas do meu sertão,
Sob fraca luz do lampião.
O boiadeiro toca boiada,
Saudade dói não é nada.
O caipira segue sozinho,
Cabisbaixo no caminho.
O vento balança o bambu,
Lá vai o sol de norte a sul.
Na busca de uma quimera,
Pensa: Ah, quem me dera!
Tapera é a velha casinha,
Onde mora a caboclinha.
Com chão batido de terra.
Toca a vida, vence guerra.
No fim natureza dadivosa,
Presenteia com uma rosa.
Colhida no pé da saudade.
O caboclo foi para cidade!
Peruíbe SP, 23 de
março de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário