terça-feira, 23 de março de 2021

A NATUREZA DADIVOSA

                                                                                                               

Adão de Souza Ribeiro

Sapo mergulha na lagoa

O vagalume passeia à toa.

E a cobra engole um sapo

O grilo esconde no mato.

 

Olha o mais lindo sabiá,

E voando pra lá e pra cá

Chilra feliz na laranjeira

No cantar a tarde inteira,

 

No curral o gado muge,

O arrebol veste de ruge.

Na lagoa o barco flutua,

Leva minh’alma e a sua.

 

Roceiro arreia o burrico

Veja longe o pintassilgo

Jerico povoa lá no brejo,

Aqui mais bela Alentejo.

 

A cana embriagada pinga

Sede se bebe na moringa,

Macaco no galho só coça.

E essa é a vida lá na roça!

 

O bom é ser um sertanejo

Ver a beleza num lampejo

Nas coisas do meu sertão,

Sob fraca luz do lampião.

 

O boiadeiro toca boiada,

Saudade dói não é nada.

O caipira segue sozinho,

Cabisbaixo no caminho.     

 

O vento balança o bambu,

Lá vai o sol de norte a sul.

Na busca de uma quimera,

Pensa: Ah, quem me dera!

 

Tapera é a velha casinha,

Onde mora a caboclinha.

Com chão batido de terra.

Toca a vida, vence guerra.

 

No fim natureza dadivosa,

Presenteia com uma rosa.

Colhida no pé da saudade.

O caboclo foi para cidade!

 

Peruíbe SP, 23 de março de 2021.

Nenhum comentário: