domingo, 21 de março de 2021

A MINHA MÃE

 

“Saudade”

 

                   Cerro os meus olhos... é manhã de domingo...

                        Ana Paula dormita ao meu lado, no seu chupar incessante de chupeta...

                        O silêncio é cortado pelos chilreios dos pardais... e pelo repicar dos sinos, na matriz...

                        Na minha sonolência, os meus ouvidos se prendem a algo diferente: são os longínquos latidos de um cão!

                        Não sei por quê... repentinamente... retorno ao passado!

                        Contemplo à cena: a vaca amuada... os latidos dos cães... o grito dos vaqueiros...

                        Sinto pena do pobre animal, como apanha! Ao mesmo tempo, porém, tenho raiva da sua teimosia!

                        Estou na varanda da minha casa... vez ou outra, ouço a voz querida de minha mãe, lá no quintal...

                        Minha mãe... sua voz... voz lindona que emudeceu para sempre... perdeu-se no além...

                                   Os latidos cessam... abro os olhos... retorno ao presente... um presente marcado pela saudade...

                        Buritama, 10/10/71


                        P.S.: Texto de Maria da Glória Ribeiro do Valle e Silva, nascida em 20 de março de 1933, foi minha professora de língua portuguesa, no ano 1972, no Ginásio Estadual de Guaimbê, localizado à Rua Regente Feijó, nº 333, centro, Guaimbê SP. Paula Vaz, genitora dela.

 

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