sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A TORRE DE BABEL


Adão de Souza Ribeiro


                                   Sei que de vez em quando, é preciso apertar o stop (pare). Se não agirmos assim com brevidade, ficamos pirados. Com a informação na velocidade da luz, não dá tempo de digerirmos o que é verdade ou não. Esta confusão mental, criada pelos meios de comunicação, gera um estresse e uma depressão irreversível. Não podemos fugir do progresso e, muito menos do avanço da tecnologia. Só não podemos nos tornar escravos ou prisioneiros dela.
                                   No meu tempo de criança, a notícia só chegava a nós, um mês após o ocorrido, no mínimo. Hoje, tomamos conhecimento do fato, em tempo real. Ao vermos a imagem pela televisão, dá-nos a impressão que ouvimos o grito de flagelo da vitima ou a expressão de prazer de quem praticou a violência. Para os sadomasoquistas, tudo é normal. Para mim, um ser mortal, como tantos outros, isso me causa espanto e medo. Vivemos um tempo, nunca visto pela humanidade.
                                   Por ser um leitor voraz de livros, revistas e jornais (escrito, falado e televisado), tenho sofrido com notícias de tragédias climáticas (naturais ou provocadas), guerras sangrentas (religiosas ou não), mortes diversas (trânsito, familiares, ganância, passionais, etc. e tal). Tenho inveja do ermitão ou do aborígine. Às vezes, para fugir dos bombardeios modernos, escondo dentro de mim, como forma de me proteger. Na minha introspecção, sinto-me um ermitão.
                                   A humanidade tem se debruçado na busca desenfreada do conhecimento. Atropelam a ordem natural das coisas e, o que é pior, desafia o poder do Criador. É certo que o avanço da ciência tem ajudado em muito, a cura de doenças centenárias e, por isso, prolongado os anos de vida da população. Mas, por outro lado, tem distanciado as pessoas de sua essência e, em especial da fé. Chegam ao ponto de afirmarem que o nosso Jesuscritinho, que José e Maria geraram e criaram com tanto amor, é gay. Creio que Ele (Jesus Cristo) está esperando a ordem do Criador, para mostrar a sua Santidade e poder.
                                   Hoje as pessoas não se amam e não se respeitam mais. Por conta da ganância, digladiam e matam entre si. É o único animal da terra, que mata o outro da mesma espécie. Na floresta, o animal mata o de outra espécie, não pelo simples prazer de matar, mas, em especial, para matar a fome. Na corrida para saciar a fome, dá ao outro o direito de correr e fugir; mas entre os humanos, isso não ocorre. Mundo feroz.
                                   De uns tempos para cá, vejo que um mosquitinho de tamanho insignificante, derruba um homem obeso. Agora, uma gripe de origem asiática, vem assustando o planeta e causando pavor imenso. Por conta dela, fecham-se fronteiras, onde ninguém entra e nem sai do país. Nos relacionamento, não se tocam e em se beijam. Até os lideres religiosos, orientam para que, em seus rituais de fé, não deem as mãos e não se abracem. Se antes eram frios, por pura vaidade, agora são por obrigação e por questão de sobrevivência.
                                   Está chegando o tempo em que as pessoas não mais se falarão e, muito menos, poderão demonstrar sentimentos de afeto. Todos serão estranhos dentro da própria casa e, por isso, não se sentarão à mesa, para compartilharem da “santa ceia”, pois temerão que o “Judas” (transmissor da doença), esteja sentado ao lado. O homem e a mulher, que antes eram inimigos por conta da mídia (imprensa) selvagem, agora o são, por causa do medo da contaminação. A procriação, doravante, nunca mais. Credo, que profecia maluca!
                                   De repente, vem à mente, a lendária história de um povo que, achando-se sábio e com poderes sobrenaturais, poderiam desafiar aquele que os concebeu. Naquela santa loucura, resolveram construir uma torre e com o escopo de se eternizarem, pretendiam chegar ao céu. Esta soberba provocou a ira de Deus que, para castigá-los, confundiu-lhes as línguas e os espalhou por toda a terra. E assim, impediu a construção.
                                   Naquele tempo, após o dilúvio, os humanos saídos da arca, falavam uma única língua. A torre foi construída em 610 a.c, por Nabopalasar, rei da Babilônia e dedicada ao deus Marduque da Mesopotâmia, Ela chegou até seus noventa e um metros. Estava localizada entre os rios Tigre e Eufrates e, mais precisamente, a leste do Eufrates, há cerca de 90 Km, ao sul de Bagdá, no Iraque.
                                   Não pretendo aqui, ser o mensageiro do apocalipse, mas creio que a história se repete depois de 2630 anos. O homem moderno, na sua eterna sapiência, acha-se superior a tudo e a todos, inclusive, a Deus. E duvidar da santidade do Filho enviado por ele, taxando-o de homossexual e, ainda, afirmando que Maria (escolhida para ser a mãe terrena) era prostituta, eu creio que chegou ao limite da paciência do Pai Celestial. Seria a tal gripe asiática um sinal da nova Torre de Babel? Nota-se que “Babel” em hebraico, significa confusão.
                                   No meu tempo de criança, isso na minha terra natal, localizada lá pelas bandas do interior, corona era apenas uma marca de chuveiro. A não ser que o mundo moderno esteja pegando uma carona na velha história da Torre de Babel.
                                   Meu Deus, que baita confusão!


              Peruíbe SP, 28 de fevereiro de 2020.

2 comentários:

ROSEMARY disse...

Amei a lucidez com que escreveste este artigo. Que muitos detenham tamanha visão. Grata.

Unknown disse...

Muito bom o texto, nos remete a uma reflexão sobre a vida. Nossas ações em relação a nós, ao outro e a como nos comportamos daqui para frente...