Adão de Souza
Ribeiro
“Eu
não sou misógino, longe disso. ”, pensou o menino
Godofredo.
Já desde menino, o Godofredo se preocupava
com a história de que um dia, as mulheres dominariam o mundo. Dominar como? Na
mente infantil e sem maldade, aprendeu com os pais e com o padre Antônio, que
Deus criou a mulher da costela do homem, para ser sua companheira e não inimiga.
Está lá na Sagrada Escritura. Por que mudar o que foi escrito e determinado
pelo Criador?
Lá na Terrinha, as meninas se vestiam de
fêmeas e desfilavam garbosas pelas ruas do lugarejo. Os meninos, por sua vez,
cumprindo os desígnios de Deus e a força da natureza, faziam lindos galanteios
e elas sentiam-se felizes em serem desejadas. As mães, com cuidado e carinho,
ensinavam as meninas o sagrado destino de serem esposas e mães. E assim, aos
poucos, elas moldavam a personalidade de serem mulheres e fêmeas.
Ao brincarem de casinha e com boneca, elas ensaiavam
o cuidado que teriam nos lares futuros. Já os meninos, aprendiam o valor do
trabalho, para levar o sustento da família e o devido respeito com as
amiguinhas de infância. Godofredo, perdido em saudosos pensamentos, lembrava de
tudo aquilo. Naquele tempo, não havia televisão para contaminar a mente e o
comportamento das pessoas humildes.
A diversão dos homens era jogar futebol,
baralho, participar de roda de viola e jogar conversa fora, nos botecos do
lugarejo. Já as mulheres, era discorrer sobre as traquinagens dos filhos,
trocar receitas de quitutes na cozinha e falar das sirigaitas. Portanto, vê-se
que ninguém se preocupava em desafiar o sexo oposto. Crê-se que, por aquilo,
todos viviam felizes. Vendo o comportamento dos adultos, as crianças
preocupavam apenas em serem felizes.
No domingo à noite, no jardim da praça da
igreja matriz, as moçoilas esbanjavam charme, a fim de atraírem os olhares dos
rapazes. O romantismo imperava e o galanteio mostrava o tom do jogo da
conquista. As flores do jardim, cuidadas pelo zeloso jardineiro “Caga-Sebo”, bailavam
ao sabor do vento. De vez em quando, o rapaz atrevido, dava um selinho (beijo)
na sua pretendente. E ela, toda tímida, esboçava um leve sorriso,
correspondendo ao ato do rapaz.
Até hoje, o menino Godofredo lembra do seu
amor platônico. A menina da sua infância, insiste em visitar a memória e
apertar o coração. Aquele rosto angelical e o olhar sedutor, trazem doces
lembranças do passado, onde tudo era de uma simplicidade e ternura estonteantes.
Por ter vivido num tempo em que a mulher era apenas mulher, o amor platônico
exerceu influência sobre o menino.
Ao navegar em conjecturas, Godofredo teme a
extinção do relacionamento entre homem e mulher. Já há muito tempo, que o sexo
masculino foge do sexo oposto. O homem moderno teme a mulher, porque não sabe a
maldade que ela traz na mente e no coração, capitaneada pela modernidade e
conduzida pela mídia castradora. A saudável convivência infantil com as
amiguinhas da Terrinha, já se vai ao longe.
Há um esforço enorme de Godofredo para
continuar se relacionando e desejando a mulher dos seus sonhos e de sua vida. É
de bom alvitre que se diga que o menino da Terrinha não é um misógino. Ele tem
medo de entrar em barco furado. A mulher moderna e futurista, perdeu o charme,
o glamour e a feminilidade. Expõe o corpo, para, depois, acusar o macho de assédio
sexual. “ Cautela e caldo de galinha, não faz mal a ninguém. ”, diziam
seus velhos pais.
Enquanto elas buscam a falsa liberdade e o
falso empodeiramento, o homem se enclausura na eterna missão de conduzir o
Universo rumo ao que foi traçado por Deus, isto é, cuidar do planeta e da
prole. “ Nenhuma criatura é ou jamais será autossuficiente! ”, disse o
Criador de todas as coisas sobre a terra.
Portanto, em que pese a luta desumana entre
macho e fêmea, a misoginia não é abençoada pelo Rei do Universo. Deus me livre!
Peruíbe SP, 16 de
abril de 2024.
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