Adão de Souza
Ribeiro
Aquela
noite era para ser como todas as outras, mas não foi. Algo surpreendente iria
acontecer, que quebraria as regras e comoveria a todos e, em especial, ao jovem
Marcelo. Ele não estava preparado para
tamanha surpresa. Certo é que sua vida cotidiana mudaria para sempre. Até hoje,
ele lembra daquela noite tão marcante na sua história.
Quando a coisa tem que acontecer, o mundo inteiro conspira em seu
favor. A cena se passou no baile, que ocorreu na Fazenda Sabiá. Poderia ter
sido em outro lugar, mas foi ali. Engraçado que, a princípio, recusara o
convite dos amigos para participar. Mas diante de tanta insistência, acabou
aceitando.
Todos finais de semana, a sede da fazenda se
vestia de alegria. O barracão era decorado; o bar abastecido de diversas
bebidas; o palco organizado com uma banda, composta por músicos da redondeza,
onde, variados ritmos de música eram executados. O baile iniciava às 22:00
horas do sábado e se estendia até altas horas da madrugada do domingo.
Ali se reunia os jovens da Terrinha e das
cidades vizinhas, bem como, de outros sítios e fazendas. Naquele tempo, os
frequentadores não portavam armas de fogo ou brancas. Na realidade, quando
surgia uma confusão em razão da bebedeira, a turma do deixa disso, resolvia a contenda e a alegria continuava em
paz.
As damas vestiam a melhor roupa, faziam um
peteado maravilhoso e caprichavam na maquiagem e no perfume. Alguns cavalheiros
vestiam calça boca de sino; calçavam botas; colocavam chapéu aba larga e
cinturão de cowboy. Eles chegavam ali a cavalo, charrete ou em carroceria de
caminhão. Para eles, tudo era alegria e descontração.
Durante o baile, regado com muita música,
bebida e dança, os varões procuravam fisgar uma fêmea, com um olhar ou uma
conversa sedutora. A princípio, elas se faziam de difícil, para valorizar o
passe. Mas quando a química batia, a noite ganhava o ritmo diferente. As fêmeas
usavam todo charme e com jeito sedutor, procuravam atrair os machos, com o
hormônio à flor da pele.
De repente, por força do destino, Marcelo
notou que uma mocinha muito tímida, estava no canto do salão. Ele a fitou com
olhar sedutor e ela, bem discreta, correspondeu ao olhar. O varão percebeu que
ela se diferenciava das demais. A mocinha tinha uma beleza tão pura, que o
atraiu no primeiro olhar. Ainda bem que nenhum gavião a tinha notado.
Ele se aproximou daquela beldade e confabulou
uma conversa. Ela disse chamar-se Mariana e foi convidada para dançar. Enquanto
bailavam, foram se conhecendo. Marcelo sentiu aquele corpo sensual nos seus
braços. Ao término da música, sentaram-se à mesa, onde, enquanto degustavam a
bebida, trocaram telefones e marcaram um encontro para o decorrer da semana.
Ela morava naquela fazenda, onde seu pai era administrador.
Outros encontros sucederam e evoluíram para
namoro, noivado e casamento. Hoje, passados tanto tempo, o casal recorda-se
daquela noite inesquecível, onde um olhar descontraído deu início a tudo e, em
especial, o amor. Mariana continua tímida, humilde e bela. “Bendita
seja aquela hora, que aceitei o convite de ir ao baile!”, Marcelo saudoso
pensou. O destino, se assim pode ser chamado, havia preparado Mariana para ser
esposa e mãe dos seus filhos.
“Quando ela quer, ninguém segura. Ninguém
segura essa mulher, quando ela quer.” – da música Quando ela quer,
da dupla sertaneja Gino e Geno. O que ora se narra, demonstra que a música estava
com razão. Quando há sintonia entre dois corações e a química mexe com os
hormônios, o destino se encarrega do resto.
Toda vez que se lembra dos bailes na fazenda,
Marcelo reporta à Terrinha, onde a vida preparou os melhores momentos. Ouça o
que o coração diz e não recusa a voz do destino!
E o coração dançou!
Peruíbe SP, 23 de
abril de 2024.
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