sexta-feira, 30 de outubro de 2020

DIA CHUVOSO

 

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Vão-se os anos, a lembrança fica.

A vida muito simples lá da roça.

Quando de manhã a chuva fina,

Visitava-me na velha palhoça.

 

Sem preocupação e nem pressa,

Ouço mil pássaros em gorjeios.

Natureza alegre espia na fresta

O dia preguiçoso no pastoreio.

 

Cheiro do café no fogão a lenha,

Enquanto a chuva lá na cumeeira

Com gotas compassadas desenha,

Melodias numa viola cancioneira.

 

Vó cozendo um suculento pirão,

E eu moleque molengo, deitado.

Ela dizendo: ”Não levanta não”.  

“Menino pode pegar resfriado”.

 

Água escorrendo pela sua calha,

Levando com ela este meu pesar.

Lágrima do céu que nela espalha,

Saudade que não cessa de chorar.

 

Se eu num dia calmo e chuvoso

Aleatório rabisco algum verso

Porque recordar me faz moço

Tenho gosto pelo que é eterno.

 

Peruíbe SP, 30 de outubro de 2020.

3 comentários:

Flávia Souza disse...

Lindo. Parabéns

léia disse...

Um poema de saudades ...realidade , chuva que tanto estamos esperando para suprir às necessidades .
Parabéns!!!!

Unknown disse...

Adorei