Adão de Souza
Ribeiro
Vão-se os anos, a lembrança fica.
A vida muito simples lá da roça.
Quando de manhã a chuva fina,
Visitava-me na velha palhoça.
Sem preocupação e nem pressa,
Ouço mil pássaros em gorjeios.
Natureza alegre espia na fresta
O dia preguiçoso no pastoreio.
Cheiro do café no fogão a lenha,
Enquanto a chuva lá na cumeeira
Com gotas compassadas desenha,
Melodias numa viola cancioneira.
Vó cozendo um suculento pirão,
E eu moleque molengo, deitado.
Ela dizendo: ”Não levanta não”.
“Menino pode pegar resfriado”.
Água escorrendo pela sua calha,
Levando com ela este meu pesar.
Lágrima do céu que nela espalha,
Saudade que não cessa de chorar.
Se eu num dia calmo e chuvoso
Aleatório rabisco algum verso
Porque recordar me faz moço
Tenho gosto pelo que é eterno.
Peruíbe SP, 30
de outubro de 2020.
3 comentários:
Lindo. Parabéns
Um poema de saudades ...realidade , chuva que tanto estamos esperando para suprir às necessidades .
Parabéns!!!!
Adorei
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