Adão de Souza
Ribeiro
E se amar o sexo, for pecado.
Como faz crer o falso profeta.
Eu quero ser logo crucificado,
No teu corpo em hora incerta.
Tribunal do Desejo, veredito.
Dará sem dúvida a absolvição
Pois de pequeno eu acredito,
A felicidade não é crime não.
Sem piedade, devorarei a maçã,
Símbolo daquilo que é proibido.
Mas quando acordar de manhã
De novo embriagar neste libido.
Digo que pecador serei sempre
É tão fraca a carne, isso eu sei,
E quem nega a luxúria, mente.
Disso não se livrou o nosso rei.
Nesta longa noite de via sacra,
Cumprindo erótica penitência
Na prisão do corpo, não basta.
Liberdade ao prazer, sentença.
No Éden, Erotes- juiz
tão justo
Não viu no sexo, coisa tão má.
Em ato nobre e gesto impoluto
Improcedente, expeça o alvará.
Peruíbe SP, 26 de outubro de 2020.
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