segunda-feira, 26 de outubro de 2020

TRIBUNAL DO DESEJO

 

Adão de Souza Ribeiro

               

 

E se amar o sexo, for pecado.

Como faz crer o falso profeta.

Eu quero ser logo crucificado,

No teu corpo em hora incerta.

 

 

Tribunal do Desejo, veredito.

Dará sem dúvida a absolvição

Pois de pequeno eu acredito,

A felicidade não é crime não.

 

 

Sem piedade, devorarei a maçã,

Símbolo daquilo que é proibido.

Mas quando acordar de manhã

De novo embriagar neste libido.

 

 

Digo que pecador serei sempre

É tão fraca a carne, isso eu sei,

E quem nega a luxúria, mente.

Disso não se livrou o nosso rei.

 

 

Nesta longa noite de via sacra,

Cumprindo erótica penitência

Na prisão do corpo, não basta.

Liberdade ao prazer, sentença.

 

 

No Éden,  Erotes- juiz tão justo

Não viu no sexo, coisa tão má.

Em ato nobre e gesto impoluto

Improcedente, expeça o alvará.

 

 

 Peruíbe SP, 26 de outubro de 2020.

  

 

 

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