quinta-feira, 24 de setembro de 2009

MINHA VIDA

Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, levanta-te do teu sono divinal e venha rapidamente em meu socorro. Em seguida, abraça-me com tanta ternura, de tal forma que eu possa sentir o compasso do teu coração e o cheiro do teu corpo, desabrochando em flor. Sem que eu perceba, acaricie o meu rosto lentamente, a fim de que eu possa viajar na nave de um sonho angelical.
Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, cante baixinho numa canção infantil, afugentando os fantasmas e pesadelos que atormentam o meu dia a dia. Sussurre aos meus ouvidos, com tua voz sensual, frases belas e desconexas, temperadas com carinho e erotismo, pois só assim, compreenderei que ainda existo. O silêncio da tua ausência, aprisiona-me na cela da solidão. Só tua voz adocicada, pode libertar-me e devolver-me a vida.
Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, esqueça dos teus afazeres e venha mansamente para mim. Cubra teu corpo apenas com um manto branco e transparente, deixando que, na penumbra do nosso leito conjugal, somente apareça a silueta de tua alma e de teu espírito. Encosta em mim, como que me protegendo dos vendavais que assolam um coração já dilacerado. Deixas eu repousar nos teus seios e, numa total cumplicidade, sejas a minha rainha e escrava.
Quando de madrugada, já sem voz, eu gritar teu nome, conta-me histórias doces e belas, daquelas escondidas no baú da minha infância. Fecha a porta do mundo lá fora e se ver uma lágrima solitária descer pela minha face, não espante, é apenas o néctar transbordando do coração. Com tua mão, apanhe-a lentamente e coloque-a sobre teu peito, pois nela está o segredo do amor e do prazer. Traga um chá de camomila e algumas bolachas, pode ser que eu desperte e queira cear contigo.
Quando de madrugada, gritar teu nome, cubra-me com teu carinho e não deixe que a lua venha expiar-nos pela fresta da janela. Diga às estrelas, que o teu amado está queimando em febre e que só tu sabes como curar-me desta doença chamada saudade. Ponha em minha boca a tua boca, para que numa transfusão tresloucada de nossa seiva, eu possa reanimar. Entre um beijo e outro, meça com termômetro do teu sexto sentido, o pulsar do meu sentimento. Verá que sem ti, nada sou.
Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, não pensas que estou louco ou agonizando. Procura ser paciente comigo, como a árvores é paciente com natureza e juntas formam o cenário do universo. Na mansidão dos teus olhos, busco ancorar meu desejo de ser feliz e na candura do teu corpo: pouso na nave da esperança colorida. Não sou louco, sou apenas um sonhador.
Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, dispa-me de todos os conceitos e preconceitos que a vida impõe e seja cúmplice do meu desejo. Enquanto as gotas de chuva bailam na canção do vento, escreva comigo, a melodia de dois corpos sedentos de amor e cante comigo, o refrão da magnitude de um prazer imensurável. Enquanto a madrugada caminha lentamente em busca do sol do amanhã, repousa o teu cansaço, depois de uma longa noite de amor, sobre o meu corpo molhado de alegria e vamos dormir serenamente em paz com nossos espíritos.
Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, é simplesmente para dizer que te amo e sou feliz!

Peruíbe SP, 23 de setembro de 2009

Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo. Adorei seu blog
Selma