Pensa num povo
festeiro. Nas datas comemorativas, a cidade vestia-se de alegria. Lembro-me com
saudade, das comemorações da festa junina, independência, padroeira, do
aniversário da Terra Natal, do nascimento Jesuscristinho e por aí se vai. Só
não se comemorava o “Dia de Finados”. Cruzes!”.
Todos os logradouros eram enfeitados com
símbolos alusivos a respectiva data. As pessoas sempre unidas dedicavam-se boa
parte sagrada do seu tempo, em confeccionar os enfeites da cidade. A elas
também se juntavam os dedicados professores das duas escolas, isto é, grupo
escolar e ginásio.
Todas as comemorações chamavam-me atenção,
mas a que eu mais gostava era a da independência, conhecida por “Sete de
Setembro”. Meses antes, começavam os preparativos, com ensaio da fanfarrava e
dos alunos, para que tudo desse certo. As carretas, tracionada por tratores
tornavam-se carros alegóricos, representando a fauna, flora, costumes, riquezas
e tradições do nosso país.
Naqueles idos tempos, posso afirmar que o
patriotismo era algo lindo de se ver. Todas as manhãs, antes de iniciar as
aulas, ficávamos todos perfilados no pátio da escola e cantávamos o Hino
Nacional Brasileiro. Nós sabíamos descrever minuciosamente todos os símbolos
pátrios, sem titubear. A nossa Pátria não tinha outra cor, senão o verde, amarelo,
azul e branco. E assim se vestia a cidade.
No dia tão esperado, ficávamos todos perfilados
e marchávamos na cadência da fanfarra. Não se via um aluno olhando para o lado,
conversando ou mascando chicletes. Minha mãe, doce guerreira, lavara, engomara
e passara o uniforme, com o qual eu exibia todo orgulhoso. Os professores
atentos a cada detalhe davam-nos segurança. Lembro-me das dedicadas professoras
Marlene, Maria da Glória, Neusa, Jirschik, Leodônio, dona Coca e demais mestres, que nos orientava e nós obedientes, corrigíamos
pequenas falhas.
O desfile passava por todas as passarelas
(ruas) principais do lugar. Um grupo de alunos conduzia a Bandeira Nacional,
dos Estados e do Município. Os carros alegóricos emprestavam sua beleza à
solenidade. Quando passava defronte a Praça Matriz, onde estavam às
autoridades, o desfile parava e prestava as deferências. Depois, ao passar
defronte minha casa, eu transbordava de orgulho e alegria ao ver meus pais e
vizinhos, todos me observando. Coisa de criança feliz.
O término do desfile se dava na escola. Mas a
festa não se encerrava ali. Certo é que todos (alunos e população) dirigíamos para
o campo de futebol, o qual se localizava atrás da Delegacia de Polícia. Lá os Nipônicos, filhos do Sol Nascente,
preparara uma enorme festa, que transcorria até ao cair da tarde.
Nunca vi estrangeiros tão patriotas como os
japoneses. Olha que na terra natal, tinha diversas colônias, a saber: Portuguesa,
Italiana, Espanhola, Alemã, Holandesa, Suíça e tantas outras, com as quais
convivi. E delas trago preciosos ensinamentos, como por exemplo, o amor a terra
e o respeito às pessoas sem distinção.
Lá havia as barracas de comidas típicas das
nações que descrevi. Eles patrocinavam todo tipo de gincana, tais como: corrida
do saco, corrida do ovo na colher, subida no pau de sebo, achar o anel, numa bacia de farinha de trigo e uma infinidade de brincadeiras, que
não me lembro de mais, pois a memória me trai. Só sei que os vencedores,
levavam mimos para casa. Minha infância era só felicidade.
Hoje ao relembrar os tempos que se vão ao
longe, entendo o porquê deste amor a Pátria. O respeito aos símbolos nacionais
e a gratidão ao querido povo da minha terra natal. Um povo simples, que na sua
humildade, deixou um grande legado: Amor a Pátria e respeito aos homens de boa
vontade. Por isso, quando falo do meu povo, meus olhos lacrimejam de tristeza e
saudades.
Mas se a cidade está em festa, o meu coração
também!
Peruíbe SP, 15
de setembro de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário