Adão de Souza Ribeiro
Por que tu vens assim sorrateira,
Quieta como quem nada quer?
Tem nos lábios uma voz certeira
E nos olhos, atração de mulher.
Ontem sem avisar foi meu pai
Hoje tão calada, o meu irmão.
E eu não sei até onde isso vai
Fica a lacuna no meu coração.
Nossas algazarras de moleque.
Pelas ruas da santa inocência
Isso a velhice nunca esquece.
Levas tudo, menos a essência.
Um a um vão os meus sonhos
Por que tu fazes isso comigo?
Depois destas perdas suponho
Vida não passa de um castigo.
A vida é toda escrita com giz,
Como frases no quadro negro
A morte vem, apaga o que fiz,
Uns vão tarde e outros cedo.
Peruíbe SP, 19
de setembro de 2021.
Tributo ao meu irmão Noel de Souza Ribeiro
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