sábado, 27 de fevereiro de 2010

ETERNA MADRUGADA

A madrugada vai se escondendo mansamente, atrás da montanha azul. Num beijo solitário, a lua despede da noite amiga e vai deitar-se na relva molhado do prado e flor. Os pássaros cantoros, entoam melodias divinas ao amanhã, que vem chegando sorrateiramente, por entre a mata verdejante. E, assim, nesta festa madrigal, acordamos sonolentos, para mais um dia que amanhece.
A cama ainda desfeita e o lençol amarrotado, são testemunhas vivas de uma entrega total. O travesseiro guarda um segredo, as juras de amor e as frases desconexas, rabiscadas no caderno de um prazer infinito. O cálice de vinho pela metade, guarda calado os gritos de êxtase, presos na garganta. É tanta felicidade, é felicidade tanta, que nos embriagamos e embriagados de amor, nos entregamos. A luz tímida do abajur, faz de cada momento, um instante infinito.
Depois a entrega total, abraçamo-nos e num silêncio estonteante, ouvimos as vozes de dois corpos saciados da fome da felicidade. O bater compassado dos corações, colados no suor da pele macia, conduz-nos por galáxias distantes e repletas de mistérios. A respiração pesada, não esconde as estadas que percorremos, no dorso de um amor Indomável, na busca da realização total. Na mansidão do leito, só me perco quando te acho.
Os olhares ainda confusos, tentam decifrar o que aconteceu entre nós. Sem querer, compreendemos que as nossas almas gêmeas não querem explicações. Na dança frenética de nossos corpos, compomos a melodia encantadora de uma noite, que insiste partir sem nada dizer. Enquanto a luz do dia expia-nos pela fresta da janela, cantamos a canção de um amor platônico. Não diga nada, deixe o silêncio falar por nós dois.
Dois corpos nus, despidos de preconceitos, encontram naquele altar sacrossanto, a inspiração para compor o poema do amor infinito. Protegidos pela mão do Criador, despertamos felizes para a vida e para o amanhã. Ninguém, nem mesmo o vento frio da madrugada, roubou-nos os instantes dourados de prazer e de plena felicidade.
Depois de descansarmos no cansaço de dois corpos vencidos pela batalha da noite, banhamos-nos despreocupadamente sob o chuveiro da missão cumprida. A água toca lentamente as curvas sensuais do teu corpo e tu, com a leveza de tuas mãos, desliza pelo meu sexo, que a transportou para um mundo de mil loucuras. Na intimidade de nosso mundo, saboreamos a deliciosa fruta do desejo e deleitamos de tanta felicidade.
Assim que o sol da manhã, invadir a soleira da porta, vou abrir as janelas de um mundo novo e gritar aos quatro cantos da terra: “Minha linda mulher, eu te amo!”.

Bauru SP, 30 de novembro de 2003

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