Adão de Souza
Ribeiro
Eu estou estupefato, ao saber que um aluno
agrediu o professor em sala de aula. Seria um fato corriqueiro e passaria
despercebido, se tivesse ocorrido em outra querência. Mas como o cenário foi na
minha santa Terrinha, deixou-me estarrecido e revoltado. O cenário do referido
episódio, foi no Ginásio Estadual de Guaimbê.
Este estado de espírito é porque, quando lá
estudei, havia enorme respeito e admiração pelo corpo docente. A escola, a meu
ver, sempre foi a extensão do lar. Sou do princípio, que o dever da escola é
ensinar e que cabe aos pais, a responsabilidade de educar. A escola não pode
ser depósito de filhos alienados. O professor é, acima de tudo, um grande amigo
daqueles que tem sede de saber.
Eu estou deveras entristecido, ao saber que a
Terrinha foi impiedosamente contaminada pela violência, aos moldes dos grandes centros
urbanos. Quando me mudei de lá, era um lugar bucólico, onde as pessoas sempre foram
fraternas entre si.
Ainda guardo na memória, a cena dos alunos
colocando-se em pé, quando o diretor entrava na sala de aula. E só se sentavam,
quando o diretor dizia: “ Podem se sentar “. Também, antes de
começar o dia letivo, os alunos uniformizados ficavam perfilados no pátio e
cantavam o Hino Nacional Brasileiro.
Os coleguinhas de todas as salas de aula,
compartilhando as brincadeiras, na hora do recreio. Antes das descontraídas
brincadeiras, dirigiam-se ao refeitório para saborearem a suculenta sopa feita
por Mariazinha, a dedicada merendeira. A sopa era tão gostosa, que eu voltava
na fila para ter direito ao repeteco. Tudo transcorria de forma organizada e
educada.
Em casa, os filhos tratavam os pais
respeitosamente, chamando-os de “senhor” e “senhora”. Eis as razões pelas
quais, a minha geração amava e respeitava os mestres. Se o professor reclamasse
aos pais, da falta de educação do filho, a criança seria corrigida. Neste tempo
moderno, se o filho reclamar ao pai, que o professor está sendo enérgico no
ensinamento, o pai é capaz de ir à escola e agredir o professor. Hoje eles (os
alunos) querem todos os direitos, mas, em contrapartida, não querem se arcar
com os deveres, impostos pela sociedade civilizada.
Às vezes, quero lembrar da minha cidade
natal, apenas como um quadro pendurado na parede da saudade. Dói saber que a
cidade foi sucumbida pela falsa modernidade. Eu creio que todos nós somos
responsáveis pela criação destes monstros da atualidade. Aos poucos, fomos
relaxando na educação deles, abrindo a guarda na cobrança do comportamento de
ética e bons costumes. Em nossas casas, deixamos entrar, através da televisão,
ideias maléficas dos governantes, como por exemplo, a igualdade de gênero
dentre tantas baboseiras.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, foi
criado para proteção da criança e do adolescente, vítimas do abandono e da
violência, mas, não para proteger menores infratores. Por isso, sou favorável
que a idade penal, comece a partir de quatorze anos. Se uma pessoa, aos
dezesseis anos, pode votar e decidir os destinos da Nação, por que não pode ser
penalizado pelos seus atos? É por isso, que os bandidos adultos
usam os menores, para assumirem crimes, pois sabem que aqueles são considerados
inimputáveis.
Basta ver no noticiário policial, os crimes horrendos
cometidos por menores. Visando apenas votos, os legisladores (deputados e
senadores), relutam em mudar a lei. Os segmentos inescrupulosos, que se
escondem atrás da imagem de defensores da sociedade, defendem que encarcerar
menores, entre quatorze e dezesseis, afetará a sua formação moral e psicossocial.
São apenas falácias!
Ensinar é corrigir e não espancar. Aos que professam a liberdade infantil, sem regra e sem obediência, veja o que disse Deus, sobre a responsabilidade dos pais, na criação dos infantes: " Ensina a criança no caminho em que deve andar e, ainda, quando for velho, não se desviará dele. " - Provérbios 22:6
A sociedade moderna é um barco navegando à
deriva, sem bússola e sem rumo. Navega ao sabor da maré do desmando total.
Entristece-me só de saber que a sociedade da minha Terrinha, há tempos
tornou-se passageira deste barco furado. O pior é que o comandante deste barco,
é filho desta geração alienada.
“God save our ship! “ (Deus salve
nosso navio!)
Peruíbe SP, 10 de
maio de 2024.
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