Adão de Souza
Ribeiro
O gado solto lá no pasto,
Longe do mundo nefasto.
O lago de água cristalina,
Coisa da vida campesina.
A casa de sapê no morro,
Triste e pedindo socorro.
Pé de ipê beija natureza,
Encanto, ó bendito seja!
O fogão à lenha da vovó,
Passado. É a saudade só.
Longe se vai entre dedos
Tigela com seu torresmo.
A estrada de chão batido
Campo, tudo faz sentido.
Cabocla de trança e chita,
A vida pura e tão bonita.
Um som suave na vitrola
A antiga música de viola.
Mãe rezando a ladainha,
Irmã faz arte na cozinha.
Cachaça depois da labuta,
O eco no fundo da gruta.
No rio, um peixe no anzol;
Na terra, rastro do caracol.
Quintal, garbosa galinha.
E a paz daquela tardinha,
Ao som alegre do canário
Não há mais belo cenário!
Só quem viveu no campo
Sabe o porquê dói tanto.
Dá um aperto no coração,
Lembrar-se do velho sertão.
Peruíbe SP, 02
de janeiro de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário