Adão de Souza
Ribeiro
Quem nunca amou bem calado,
Como o vento ama sua floresta
E já não sofreu por um bocado,
Olha com olhos e lambe a testa?
Quem nunca rabiscou um verso
Pobre, desmilinguido sem rima,
Paixão do tamanho do universo
Pela cabrocha de uma menina?
Quem nunca fascinado atônito,
Já chorou por algo impossível
E fez do desejo amor platônico
Como fosse perto e tão crível?
Quem nunca gritou escondido
Ao vento e aos quatro cantos,
O que um dia poderia ter sido
Acontecido. Não sofria tanto?
Quem nunca viveu o segredo,
De um lindo amor na infância
Mas escapou entre os dedos,
Hoje só um sonho à distância?
Quem nunca sentiu no peito,
Uma dor tão forte, sem cura?
Não viveu. Foi só um sujeito,
Perdido na noite bem escura.
Peruíbe SP, 27
de dezembro de 2020.
Um comentário:
Oi é Adão.quem nunca???!!!!muito bonita
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