domingo, 27 de dezembro de 2020

CERTA SOFRÊNCIA

 

Adão de Souza Ribeiro

 

Quem nunca amou bem calado,

Como o vento ama sua floresta

E já não sofreu por um bocado,

Olha com olhos e lambe a testa?

 

Quem nunca rabiscou um verso

Pobre, desmilinguido sem rima,

Paixão do tamanho do universo

Pela cabrocha de uma menina?

 

Quem nunca fascinado atônito,

Já chorou por algo impossível

E fez do desejo amor platônico

Como fosse perto e tão crível?

 

Quem nunca gritou escondido

Ao vento e aos quatro cantos,

O que um dia poderia ter sido

Acontecido. Não sofria tanto?

 

Quem nunca viveu o segredo,

De um lindo amor na infância

Mas escapou entre os dedos,

Hoje só um sonho à distância?

 

Quem nunca sentiu no peito,

Uma dor tão forte, sem cura?

Não viveu. Foi só um sujeito,

Perdido na noite bem escura.

 

Peruíbe SP, 27 de dezembro de 2020.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi é Adão.quem nunca???!!!!muito bonita