sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O SAPO E A PERERECA

Conta a lenda que...
Hoje vou começar assim. Se alguma coisa der errado ou se a história não convencer, a culpa é da lenda. Sou uma pessoa sensível, estou exposto às críticas; já ela é abstrata , bela e tem lá seus defensores. Por ser encantadora, transcreve o tempo; ja´eu sou transitório, não sei iludir.
Conta a lenda, que um sapo pulava alegremente para lá e para cá. Nessas andanças e de pulo em pulo, conheceu lagos, florestas, cascatas, prados, campinas e animais. Um belo dia, distraidamente, caiu num poço de profundeza imensa. Lá no fundo, encontrou uma bela e sensual perereca, que muito alegre e faceira, confabulava longas conversas com um novo companheiro. No barranco interno, haviam verdejantes samambaias, onde morava um grilo cantador.
Então, de dia contemplava a luz do sol, na entrada do poço e, à noite a companhia da pereca e do grilo. Passou-se um longo periodo, onde a monotonia era a companheira inseperável do sapo viajante. De dia a luz do sol e à noite, a mansa companhia da perereca e do grilo. E assim a lenda prossegue, sendo que o colunista não se cansava de narrá-la aos caixeiros-viajantes, que passavam pela bodega, a fim de ouvirem intermináveis histórias de ninar.
Numa tarde prinaveril, já entediado com aquela vida bucólica, o sapo feliz questiona a companheira perereca, sobre a velha rotina: de dia, a luz do sol e, á noite, a companhia do grilo cantador. "Lá fora a vida é bela, alegre e infinita", disse ele com voz embargada. "Você quer vida melhor do que essa? De dia, a luz do sol; de noite, o grilo cantador. Lá fora tudo não passa de doce ilusão", ponderou a sábia perereca.
Ao debrçar sobre a lenda, imagino que existem dois tipos de cidadãos: aquele que percorreu o mundo, em busca de conhecimento e aquele, que ficou preso à sua terra, sem conhecer a cerca divisória da terra vizinha. O poço, meu Deus, é a cidade que não acompanhou a evoluçaõ do tempo; que aprisionou seus concidadãos, nas profundezas da ignorância moral e intelectual. Fez do seu momento, um tempo único!
Nas confabulâncias entre o sapo e a perereca, surgiu uma polêmica interminável: mudar ou não o ritimo de vida? "To be or not to be? That is the question (Ser ou não ser? Eis a questão), como dizia Hamelet, principe da Dinamarca. A quem interessa, que a perereca continue com seu conformismo, achando que está tudo bem e que o pouco que se tem, basta para a sobrevivência? A quem interessa, calar a voz do sapo e suas idéias de mudança, em busca de uma vida melhor? Será que só a luz do sol e as entediosas canções do sapo, são a mola propulsora, para o progresso eminente de nossa cidade?
Precisamos voar mais alto, transpor novos horizontes e descobrir o prazer de vidas mais dignas e humanas. mas, para isso, é preciso romper os grilhões: da ignorãncia intelectual; da mesmice de nossos governantes; do domínico cego, dos grandes empresários; a cultura capenga, que sepulta a nossa história raiz; do medo de ousar; da exploração inescrupulosa dos colonizadores, que vêm impor costumes e modismos. É preciso mostrar ao mundo, sem medo e sem trauma, que somos um povo soberano e que não temos vergonha de sermos felizes.
O sapo inconformado, deve ajudar a perereca a sair do fundo do poço, onde mora o conformismo e a falta de perspectiva de um mundo melhor.Se ela resistir, chamando-o de louco ou de revolucionário, ela dever persistir diutunarmente, até convencê-la de que se o poço é profundo e delimitado, no seu diÂmetro, a culpa é dela, que nunca lutou pelo seu conforto e progresso pessoal. Um dia, quando ela acordar do sono profundo, verá que a luz do mundo é imensa; que não tem apenas o diâmetro de sua morada menor.
Agora, no final desta conversa entre eu e você (leitor), resta-nos meditar sobre uma pergunta, cuja resposta delineará o destino de nossa querida cidade: "Então, meu caro leitor: você é o sapo ou a perereca?"

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