quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A DONZELA E A POPOZUDA

Dizem que quem vive de passado é museu. Não tenho queda para museólogo ou saudosista, mas, ás vezes, somos obrigados a buscar no fundo do baú, sábias respostas para os acontecimentos da vida cotidiana. Para compreendermos o presente e traçarmos a linha do futuro, temos que revirar o passado, pois ele é o berço da vida moderna. É preciso ter a calma da árvore do campo, para ouvir a voz mansa dos tempos de outrora.
O presente agracia-nos com um conforto exarcebado, nunca visto pelos mortais do planeta. A tecnologia amedronta-nos e faz do futuro, um ponto de interrogação no universo. Nesse mar de invenções, sentimo-nos como um barco à deriva, em busca de uma praia tranquila. O homem simples, sente-se acuado diante de tanta parafernália e refém da própria infeliciade.
De que vale um futuro de sonhos, se o homem perder seu coração? Lembro-me com saudades: das cantigas de roda; das bonecas de espiga de milho; dos carrinhos entalhados em madeira; das histórinhas contadas pela vovó; dos cavalos arriados garbosamente; das charretes desfilando pelas ruas; do armazém do "Seo Manoel"; das brincadeiras no pé de embu; das tardes na cachoeira; das longas conversas em noite enluarada; das arapucas montadas na floresta dos sonhos; das folias de reis; das modas de viola, à sombra de uma frondosa paineira; do fogão à lenha; do café no torrador; dos bailes à beira da tulha, na fazenda; da caboclinha com cheiro de simplicidade; dos recreios na escola do bairro. Hoje, tudo isso é apenas um quadro pendurado na parede. E como dói!
O consumismo do novo milênio, sepultou valores éticos e morais do passado, deixou em frangalhos a sociedade de hoje e desenha um futuro nebuloso e incerto. Ao apertarmos o botão da tecnologia, temos um mundo ao vivo e à cores, acontecendo a nossa volta. O mesmo botão que encurtou distãncias geográficas, distanciou o homem de si mesmo. As idéias, o comportamento, a moda, as opiniões e o destino, já vêm prontos.
Não temos direito de decidir sobre o que é melhor para nós; mas, sim, o dever de consumir o que nos é apresentado como certo. Perdemos nossa identidade, somos apenas números; não inteiros, mas fracionais. Os poderosos ditam as regras e nós apenas obedecemos.
Nesse consumismo selvagem, a mulher tornou-se uma presa fácil e mantê-la escrava do capitalismo desenfreado, foi uma questão de tempo. Descobriu-se o maior filão do comércio e, por isso, era preciso conquistá-la com urgência. Se ela continuasse uma pessoa recatada, dedicada ao lar e obediente ao esposo, bem como, de princípios morais irretocáveis, como poderia consumir os produtos encantados da vida moderna?
Trancafiada no aconchego do lar, não consumiria e os produtos descansariam eternamente nas prateleiras. Por isso, realizou-se uma lavagem cerebral, a fim de que a mulher rebelasse contra o padrão de vida que levava e, o que é mais importante, que visse no homem o inimigo e não o companheiro milenar.
Livre, tornou-se uma consumidora voraz. Para satisfazer seu ego, foi preciso trabalhar, tendo que abandonar o lar. Para compensar a perda dos filhos, enche-os de presentes e liberdades excessivas; a do marido, foi compensada com a proveta ou noites regadas com cerveja e cigarro. Não obstante, por se achar auto-suficiente, expurgou o marido, intitulando-se uma "mulher liberal e independente".
Após a lavagem cerebral, feita pelo consumismo, fez do homem o inimigo número um, sob a alegação de que dele, era escrava. Há que se fazer uma observação: a muher moderna deixou de ser escrava do homem, para ser escrava do consumismo. Pergunta-se: "Que liberdade é essa que tanto veneram?". Num tempo não muito distante, desde o flerte até o casamento, buscava-se na mulher, a esposa, a amiga, a parceira, a educadora, a companheira fiel.
A beleza física, era apeans a ferramenta para a conquista e não uma arma para escravizar as pessoas e, em especial, as mulheres. Ao enveredar pelos caminhos da massificação e do materialismo, a mulher perdeu o encanto, a ternura, a simplicidade. E, o que é mais trágico: perdeu a própria identidade, deixou de ser divina, para ser mortal,
Não vão pensar os formadores de opinião, que todas as mulheres falam o mesmo dialeto; pois existem aquelas que distoam do que aí está, isto é, não confundem fidelidade com submissão; liberdade com libertinagem; beleza com vulgaridade, conquista com batalha, amor com jogo de interesse, pureza com leviandade, atração física com comercialização do corpo.
Há aquela que segue a boiada e aquela outra que questiona o percurso. Se eu tivesse que decidir entre a donzela e a popozuda, escolheria a donzela. Não a de corpo, mas a de coração, espírito, alma, fidelidade, ternura, amor e humildade. Essas qualidades transcendem o tempo, não envelhecem precocemente e não se abatem com as doenças mundanas.
A mulher recatada, enriquece o lar e enobrece o marido. A mulher popozuda, é filha do modismo e, portanto, suas qualidades, por serem apenas físicas, são frágeis e passageiras. A casa edificada pela popozuda, sucumbe diante da primeira adversidade. Assim como a cobra peçonhenta, a mulher popozuda hipnotiza o homem desavisado, conduzindo-o a derrota moral.
Que me perdoem as mulheres a quem tanto amo e admiro; mas, hoje, há um culto abundante da bunda e uma vulgarização da vulva.

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