sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O HOMEM SÓ

Tem dia, que amanheço assim sem rumo, meio que perdido dentro do meu "eu". A estrada parece longínqua e tortuosa, com várias encruzilhadas. Falo ao vento, em busca de resposta; mas ele não me ouve, tem pressa. Preciso ter a calma da árvore do campo e a sabedoria da coruja noturna. Caminho lentamente, entre a sanidade e a loucura. Vejo que o mundo é cego, não percebe o meu dilema.
Penso, logo existo. A existência exige que eu resista. Aqui não há espaço para borra-botas. A mão do tempo acaricia o meu rosto, envelhecido pelas intempéries da vida. Todo dia, tenho que matar um leão, numa luta desigual, para continuar vivo. Levanto mil bandeiras, em defesa da sociedade; mas ela, ignora a minha. Lá bem distante, o horizonte me seduz com coisas belas. Devo partir em busca de quimeras? Não sei, não sei.
Mas a vida é breve, não há tempo para vã filosofia. A guerra, a fome, o tédio, a injsutiça, o abandono, encurralam o homem que pensa, que sofre, que ri, que chora. A incompreensão, deixa marcas indeléveis no seu corpo e na sua alma. O quilate do homem, mede-se pelas obras em defesa da humanidade. É preciso despir-se das vaidades, para viver além do seu tempo.
Assim, a passos firmes e lentos, sigo meu destino ou desatino. Não importa quantas estradas ingremes percorremos, mas, sim, as vitórias que conquistamos. O sucesso é um caminho solitário, que só aos corajosos é dado o privilégio de percorrer. O sofrimento purifica a alma, por isso, só os homens sofridos, são eternos. O peso da vida, curva a costa do homem forte. Mas forjado na bigorna da incredibilidade, ele desenha o seu perfil.
Na angústia e no sofrimento, vejo velhos amigos batendo em retirada. São como as andorinhas, fugindo do frio avassalador. A familia, porto seguro de quem nela acredita, desaba ante a fúria de ondas gigantescas, esculpidas por problemas fictícios. Mas se me foi dado a missão de lutar e vencer, por que fraquejar? Cristo não se acovardou diante do madeiro. Por que eu faria? Que direi aos meus rebentos, diante de tamanha ignomínia?
Mas só beberá no cálice da vitória, os que vivem com retidão; os predestinados a salvarem seu povo do julgo dos poderosos e dos hipócritas; os que sabem porque vieram a este planeta indolente. Ás vezes, mesmo perdido dentro do meu "eu", encontro-me feliz em questionar a razão da própria existência. Infeliz daquele que nunca questiou ou nunca polemizou. Foi espectro de homem, não viveu.
Aceitar os desafios da vida, é algo inerente ao ser humano. Sentir-se só, é apenas um estado de espírito. O rio corre manso e caudaloso, por entre vales e campinas. Enquanto isso, a natureza lamenta a cicatriz, feita pelo avanço da humanidade. O homem só, busca na solidão do seu "eu", a paz que o mundo não tem. E ali, sentado num canto qualquer da existência, ele medita sobre o universo e faz versos de amor eterno.
Perdido dentro de mim, busco afago de Deus. Ele, na Sua divina bondade, acalenta-me em Seu colo e beija suavemente minha face. Sob um manto de ternura, adormeço. Sonho sonhos celestiais. Na mansidão de Sua candura, sinto-me à vontade na mansão do amanhã. Abasteço-me na fé de Suas palavras e me sinto forte. Vejo que nem tudo está perdido. Ele cochicha angelicalmente nos meus ouvidos, dizendo: "Filho sê forte. Sou contigo". A luz da Sua presença, enche-me de energia. Diante do Pai, sinto-me um pocuo Deus.
Perdido dentro do meu "eu", encontro-me com uma vida, jamais vista pelos mortais. Navegando dentro de mim, desvendo um mundo que é só meu, onde reina a paz, o amor, a ternura, a harmonia e a felicidade. Naquele universo, reino absoluto. Lá estou livre dos facínoras, dos ditadores, dos falsos amigos. Diante dos problemas existenciais, o homem sente-se só. Eu também, mas a vida continua. Isso é tudo!

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