Adão de Souza
Ribeiro
Andando na rua e chorando ao vento
Tropeço na vida e esbarro em gente.
Mui triste, cansado sigo em frente,
Dobrando a esquina e morrendo ao relento.
Na noite estrelada com o corpo quebrado
Recupero o fôlego com a alma cortada,
Pensando no filho com a mente dopada,
Sonhando ser gente com fama de bravo.
Conto um conto pra esquecer o prato
Que negastes, irmão, pra manter teu orgulho.
Desta vida levarás pra sepultura o entulho
Que tu guardaste pra enriquecer teu lastro.
Surge o dia como se fosse mágica,
Sorrindo da morte como que escarnecendo dela,
E eu tremendo como a perseguida gazela
Saio pra vida como se tivesse prática.
Deixei esta vida porque dela nada entendia,
Caminho no além porque aqui somos ninguém,
Gente jamais verei porque lá dizem amém
Não direi adeus porque o ser sofreria.
P.S.: Primeira poesia do autor, escrita em 1971 e
publicada no livro “O Arquiteto de Ilusões” – 1981.
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