Adão de Souza
Ribeiro
Do teu suor, bebo gota por gota,
Louco naufrago, no teu cansaço.
No teu desejo, onda linda e rota,
O meu leme é teu manso abraço.
Calmaria do leito, corpo deriva,
Sigo bússola, da estrela o clarão.
Corpos atrelados, o porto abriga,
Velejar comigo, não queres não?
Não fujas para uma deserta ilha,
O corpo só e só calor lá não tem.
Canoa feminina, tua proa brilha,
Confia neste canoeiro, meu bem.
Depois do suor, cansaço e cheiro,
Remando só, sou o ponto no mar.
Enquanto folego tiver o canoeiro
No teu mar de prazer, vou remar.
Peruíbe SP, 14
de novembro de 2020.
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