segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MINHA VIDA


 
                   Quando de madrugada, já sem voz, grita teu nome, levanta-te do teu sono divinal e venha rapidamente em meu socorro. Em seguida, abraça-me com tanta ternura, de tal forma que eu possa sentir o compasso do teu coração e o cheiro do teu corpo, desabrochando em flor. Sem que eu perceba, acaricie o meu rosto lentamente, a fim d que eu possa viajar na nave de um sonho angelical.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, cante baixinho uma canção infantil, afugentando os fantasmas e pesadelos que atormentam o meu dia-a-dia. Sussurre aos meus ouvidos, com tua voz sensual, frases belas e desconexas, temperadas com carinho e erotismo, pois, só assim, compreenderei que ainda existo. O silêncio da tua ausência, aprisiona-me na cela da solidão. Só tua voz adocicada pode libertar-se e devolver-me à vida.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, esqueça dos teus afazeres e venha mansamente para mim. Cubra teu corpo apenas com um manto branco e transparente, deixando que, na penumbra do nosso leito conjugal, somente apareça a silhueta de tua alma e de teu espírito. Encostas em mim, como que me protegendo dos vendavais que assolam um coração já dilacerado. Deixa repousar nos teus seios e, numa total cumplicidade, sejas a minha rainha e escrava.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, conte-me histórias doces e belas, daquelas escondidas no baú da mina infância. Feche porta do mundo lá fora e se ver uma lágrima solitária descer pela minha face, não espante; é apenas o néctar transbordando do coração. Com tua mão, apanhe-a lentamente e coloque-a sobre teu peito, pois nela está o segredo do amor e do prazer. Traga um chá de camomila e algumas bolachas, pode ser que eu desperte e queira cear contigo.

                   Quando de madrugada, já sem voz, gritar teu nome, cubra-te com teu carinho e não deixe que a lua venha expiar-nos pela fresta da janela. Diga às estrelas, que o teu amado está queimando em febre e que só tu sabes como curar-me desta doença chamada saudade. Ponha na minha boca a tua boca, para que numa transfusão tresloucada de nossa seiva, eu possa reanimar.Entre um beijo e outro, meça com o termômetro do teu sexto sentido, o pulsar do meu sentimento. Verá que sem ti, nada sou.

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