Quando de madrugada, já sem
voz, grita teu nome, levanta-te do teu sono divinal e venha rapidamente em meu
socorro. Em seguida, abraça-me com tanta ternura, de tal forma que eu possa
sentir o compasso do teu coração e o cheiro do teu corpo, desabrochando em
flor. Sem que eu perceba, acaricie o meu rosto lentamente, a fim d que eu possa
viajar na nave de um sonho angelical.
Quando de madrugada, já sem
voz, gritar teu nome, cante baixinho uma canção infantil, afugentando os
fantasmas e pesadelos que atormentam o meu dia-a-dia. Sussurre aos meus
ouvidos, com tua voz sensual, frases belas e desconexas, temperadas com carinho
e erotismo, pois, só assim, compreenderei que ainda existo. O silêncio da tua
ausência, aprisiona-me na cela da solidão. Só tua voz adocicada pode
libertar-se e devolver-me à vida.
Quando de madrugada, já sem
voz, gritar teu nome, esqueça dos teus afazeres e venha mansamente para mim.
Cubra teu corpo apenas com um manto branco e transparente, deixando que, na
penumbra do nosso leito conjugal, somente apareça a silhueta de tua alma e de
teu espírito. Encostas em mim, como que me protegendo dos vendavais que assolam
um coração já dilacerado. Deixa repousar nos teus seios e, numa total
cumplicidade, sejas a minha rainha e escrava.
Quando de madrugada, já sem
voz, gritar teu nome, conte-me histórias doces e belas, daquelas escondidas no
baú da mina infância. Feche porta do mundo lá fora e se ver uma lágrima
solitária descer pela minha face, não espante; é apenas o néctar transbordando
do coração. Com tua mão, apanhe-a lentamente e coloque-a sobre teu peito, pois
nela está o segredo do amor e do prazer. Traga um chá de camomila e algumas
bolachas, pode ser que eu desperte e queira cear contigo.
Quando de madrugada, já sem
voz, gritar teu nome, cubra-te com teu carinho e não deixe que a lua venha
expiar-nos pela fresta da janela. Diga às estrelas, que o teu amado está
queimando em febre e que só tu sabes como curar-me desta doença chamada
saudade. Ponha na minha boca a tua boca, para que numa transfusão tresloucada
de nossa seiva, eu possa reanimar.Entre um beijo e outro, meça com o termômetro
do teu sexto sentido, o pulsar do meu
sentimento. Verá que sem ti, nada sou.
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