sexta-feira, 24 de junho de 2011

UTOPIA

Queria ser a água do chuveiro
Beijando teu rosto angelical.
E, numa dança silenciosa,
Dar-te um longo abraço.
Ah, amor, como eu queria
Ser aquele pequeno sabonete
Que desliza pelo teu corpo
Tão lindo e tão sedutor.
Ah, minha paixão, como desejo
Ser a toalha macia e atrevida
Descobrindo os mistérios
Do teu corpo molhado.
Ah, minha vida, como eu invejo
O espelho atento do teu quarto
Que, com riqueza de detalhes,
Espia a tua eterna nudez.
Ah, minha gata, como eu sonho
Ser o travesseiro onde repousa
Teus sonhos e tuas fantasias
Deste teu mundo de mulher.
Ah, minha ternura, como eu choro
Por não poder ser o branco lençol
Que sente o calor e a forma felina
Brotando da tua alma sedutora.
Ah, minha loucura, como eu deliro
Ao lembra que é o travesseiro
Que lê todos aqueles segredos
Escondidos neste teu olhar.
Ah, minha vida, como eu espero
Ser, um dia, a luz que ilumina
Tuas noites envoltas de prazer
E, assim, não me apagar de tédio.
Ah, minha linda, como eu queria
Ser este teu quarto aconchegante
Para ninar calmamente o teu sono
Antes que a realidade amanheça!

Bauru SP, 29 de junho de 2003

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