domingo, 14 de outubro de 2007

JANELA DA ALMA

Adão de Souza Ribeiro

Debruçado na janela da alma, contemplo a dança suave do teu corpo, que passa entre as flores, do jardim da eperança. Embriago-me com o aroma que exala de tuas entranhas e me perco de tanta felicidade. Penso num tempo futuro, além da nossa imaginação.
Busco nos teus lábios, a seiva da juventude e no teu colo, a mansidão do amanhã. Nas páginas da existência, desenho um mundo mágico, onde tu reinas soberana. E, assim, entre uma contemplação e outra, adormeço nos teus encantos, como um marinheiro cansado, ao avistar o porto seguro.
O vento atrevido, que vem de noroeste, toca delicadamente os teus cabelos louros e enche de graça o teu caminhar. E eu, debruçado na janela, esqueço os passos apressados da vida e envelheço em paz, como um sábio tibetano.
A tua pele branca, macia como veludo, entorpece-me a alma, deixa-me mudo. Sou escravo dos teus desejos e por um beijo teu, escalo um mundo insondável. Nos teus seios, repouso o meu cansaço e quanto mais me perco, mais eu te acho. Mulher, tu escondes no teu ventre, os mistérios da vida e as pegadas firmes de uma fera sem pudor.
Um dia, feito criança inocente, toquei teus lábios sedutores, em busca de alento. Senti que dentro de ti, havia uma cascata de prazer, jorrando águas cristalinas por entre teus poros. Foi ali que saciei minha sede e percebi que a vida é bela.
Hipnotizado pelo encanto do teu olhar, perdi-me no tempo e enveredei por um mundo desconhecido: o mundo da plena felicidade. Tenho medo de acordar deste sonho, desta coisa bela, que ousamos chamar felicidade.
Mulher, debruçado na janela da alma, elevo meus pensamentos aos céus e agradeço infinitamente a Deus, por tu existires na minha vida. Quero abraçar-te fortemente e sentir a maciez da tua pele, o cheiro perene de ti, como pétalas de flores madrigais. Bebo no néctar do teu prazer, porque dele faço parte.
Quando o dia fôr embora e a noite chegar, de mãos dadas com o arrebol, espiarei pelas frestas da janela, a sensualidade do teu caminahr e o teu aceno dizendo: "Até breve!". De repemte, tu voltas e bate à porta. Abro e tu entras, sorrateiramente, para o meu mundo. Ali, num canto da minha vida, entrelaças no meu corpo, como que querendo ouvir a voz do meu eu.
Acaricio levemente o teu rosto e, aos poucos, vejo que adormece embalada pelo compasso do meu coração sem juízo. Seguro que é minha, fecho a janela da alma, para que não fujas nunca de mim.
Peruibe SP, 02 de março de 2005

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