quinta-feira, 21 de outubro de 2021

O SEMEADOR

 

Adão de Souza Ribeiro

Poeta é um agricultor velho e sábio

A semear em terras áridas e alheias.

Poesias que brotam dos seus lábios,

Como se fossem o mel das abelhas.

 

Com suor do seu corpo cansado ara

Longas noites e dias, a dor amarga.

E para ele, cada verso é uma seara.

Por que suporta a tamanha carga?

 

Sob sol a pino, planta seus versos,

Chora calado, não demonstra sofrer.

Paixão louca e o coração perverso

Faz da poesia o seu bem-me-quer.

 

Há que se perguntar ao semeador:

Onde na lida encontra força Poeta?

Cabisbaixo responde: É só na dor

Sou sonhador nada mais me resta.

 

Peruíbe SP, 21 de outubro de 2021.

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