sábado, 12 de outubro de 2013

A HONESTIDADE


                                                “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus”- Mateus 22:21. “´É preciso levar vantagem em tudo, certo?” – Gerson (jogador brasileiro).

                                               Um dia desses, fiquei a meditar sobre a dualidade de duas filosofias tão extremas, porém, carregadas de um significado enorme. Desde que o homem reuniu-se em sociedade, não mais se libertou dos questionamentos da vida. “To be or not to be, that is the question” (Ser ou não ser, és a questão)– Principe Hamelet. Como um ser pensante, não posso me esquivar, desses momentos de delírio e de divagação.

                                               Não há como fugir das questões cotidianas, se todo momento, sou impulsionado a lidar com o comportamento humano, primeiro, pela função que exerço na sociedade e, depois, pelas minhas aflições internas. Vivo uma constante luta interior. Sofro em silêncio, mas, por outro lado, isso me impulsiona ao futuro. Não me importa se sou ou não compreendido. Tenho medo da unanimidade, tenho medo dos que apenas se limitam a seguir à multidão.

                                               Ainda, na minha tenra infância, na pequena cidade de Guaimbê SP, convivi com o amor fraterno, com a cumplicidade em ser útil, com a fé inabalável no Criador, com a utopia de um futuro promissor e, acima de tudo, que o homem nasceu para servir e não para ser servido. Mas quis o destino, que um dia eu partisse em retirada daquele meu pequeno mundo e fosse perambular por um mundo desconhecido. Antes não tivesse deixado aquele lugar, puro e infantil. Paguei caro por tamanha ousadia.

                                               Hoje, passados tantos anos, fui forçado a conviver com a mentira, com a ganância, com o desamor e com a incerteza do dia de amanhã. Acreditei em pessoas e em sentimentos, naufraguei. Vejo pelas ruas solitárias do presente, pessoas se digladiando por um punhado de moeda. Vendem a alma pela ostentação do poder. Perdem a honra e a dignidade, em nome de um sucesso ilusório e repentino. Perdem o leme da própria vida. Vendem-se por títulos frágeis e passageiros. A qualquer momento, posso tornar-me um heremita, assim sofro menos.

                                               Em nome do poder, se esquecem de Deus, violam os direitos comuns e rasgam as leis. E, o que é pior, tripudiam sobre a inocência das pessoas. Fatiam os cofres públicos, como se deles fossem. Espalham a miséria e dela se locupletam. Mas Deus não dorme e não abandona aqueles que O teme. Sei que justiça será feita, pois todos aqueles que se deliciaram do que nãos lhes pertenciam, vomitarão por longo tempo, devolvendo aos justos, o que lhes foi retirado. Para mim, quando criança, corrupto era apenas um crustáceo que vive na costa marinha.  

                                               Deito meu pensamento, na célebre frase do baiano Rui Barbosa, o filósofo e politico brasileiro, quando fala sobre a honestidade: “ De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a se desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” – Rui Barbosa ( Águia de Haia).

 

Peruíbe SP, 12 de outubro de 2013   

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