quinta-feira, 8 de abril de 2010

O FLUMINENSE JOGARA COM O LINENSE?


Mário Prata

Estou escrevendo esta crônica na segunda-feira de manhã, depois de passar a tarde de ontem acompanhando a última rodada do Brasileirão, na casa de Mateus Shirts (eliminado corintiano), num show de imagens da Rede Bandeirantes.

Há menos de 24, portanto. Mas já passei a noite e parte da manhã tentando imaginar como é que vão fazer para o Fluminense não disputar a segunda divisão. Claro, óbvio ululante, que o time não vai cair. Duvi-de-o-dó.

Assim que terminou a rodada, liguei para o Chico Buarque, um dos tricolores mais fanáticos que conheço. Ele não estava em casa. Marieta Severo (e um pouco severa) não queria acreditar nas minhas palavras: “Mas e o Criciúma, não caiu?”. Não, foi o Fluminense. “Meu Deus!!!”

O que eu queria era brincar com o Chico. Afinal estava começando a existir a possibilidade do time dele enfrentar o meu glorioso Elefante da Noroeste, o meu Linense. Aliás, Chico nunca escondeu a sua condição de torcedor do Linense, nas segundas divisões. Por ser poeta, talvez por uma questão de rima. Mas talvez não seja esta a solução.

Disse lá em cima o “óbvio ululante”, frase cunhada pelo fluminense Nelson Rodrigues que, se vivo estivesse, morreria num boteco da Lapa.

Mas voltemos aos cartolas (Cartola era Fluminense?) do Rio de Janeiro e do futebol das Laranjeiras. Devem estar todos agora reunidos bolando uma solução bem carioca para o caso.

Talvez até mesmo sugerir ao ministro Pelé que o Chico faça uma nova letra e música para o Hino Nacional em troca da permanência da equipe entre os grandes.

Ou mesmo o Ricardo Teixeira pode pedir ao sogro que baixe uma portaria lá na Suiça proibindo, neste ano, o descenço em todo o planeta.

Já ouvi falar que o Chedid (qualquer um deles) quer comprar o Fluminense. Ele entende de segunda divisão: Novorizontino, Ponte Preta e Bragantino.

Pode-se pensar, também, na hipótese de aumentar o número de times na primeira divisão como já fizeram nos anos 70. Noventa e quatro times. O Flu estreava contra o Arapiraca. No lugar do Fla-Flu, um Ara-Flu pra ninguém botar defeito.

Outra idéia boa, meio baiana: provar, no velho e bom Tapetão, por a mais b, que o Fluminense que foi rebaixado era o Fluminense de Feira de Santana. O do Rio, nem no Brasil estava durante o campeonato.

E que tal se os cartolas sugerissem que este ano caia metade dos times? O Campeonato Carioca passaria a ser chamado de Segunda Divisão. E ainda contaria com jogos contra o Santos, por exemplo, que sempre se deu muito bem no Maracanã.

Antes de terminar, queria declarar que sempre fui Fluminense no Rio de Janeiro. Desde criancinha. Talvez por aquela mesma rima que já citei. Mas naquele tempo era de Castilho, Píndaro e Pinheiro. Tinha um ponta magrinho e ligeiro chamado Telê. Teve Didi, teve Gerson, teve Doval.

Fique triste não, Chico. Disfarce a dor e faça um sambinha para os nossos Nenses. Rima é o que não vai faltar. E, no dia que os nossos times jogarem, lá no Gigante de Madeira, em Lins, vamos torcer juntos. Para os dois.

Um dia, voltaremos. Se é que hoje, quarta-feira, o Fluminense já não tenha dado um jeito na sua vida.

Do livro “ 100 Crônicas” - Paginas 221/222 – Editora “O Estado de São Paulo”

Nenhum comentário: