sexta-feira, 31 de maio de 2024

LEMBRANÇAS

 

Adão de Souza Ribeiro

Lembro lá da terra natal,

Onde tudo era encanto;

A vida seguia seu ritual,

O amor em cada canto.

 

Lembro do amor inocente,

De um desejo sem pecado

Querer que o peito sente,

Que só marcou o passado

 

Lembro beleza do sorriso,

Que encantava seu gesto

A vida um eterno paraíso

Do admirador modesto.

 

Lembro com tal clareza,

Era como se fosse hoje.

Que vi, minha princesa,

Tão bela, cheia de pose.

 

Lembro olhar de menina,

O cabelo bailar ao vento.

Seu desfilar pela esquina

Eu lembro, como lembro!

 

Peruíbe SP, 31 de maio de 2024

 

                

domingo, 26 de maio de 2024

ESTE MEU SOFRÊ

 

Adão de Souza Ribeiro

Por que eu tanto sofria,

Até hoje não sei porquê

Só este meu triste sofrê

É por você, minha Sofia.

 

O seu sorriso me cativa,

Seu lábio me embriaga.

Um querer voltar a casa

O desejo de viver a vida.

 

O nome rima com anjo,

E eu sofro porque quero

Sua ternura traduz afeto

Desejo você, a cada ano.

 

Antes do dia amanhecer,

Aperta-me no seu braço.

Sem você o que eu faço

E afugenta o meu sofrê.

 

Sofia, não me abandona.

Sei, preciso do seu colo.

De carência sofro choro

Vem ser a minha dona!

 

Peruíbe SP, 26 de maio de 2024.

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sábado, 25 de maio de 2024

CORAÇÃO SEM JUÍZO

                                                                                                                 Adão de Souza Ribeiro

Por que eu lhe amo tanto,

Vejo que não tenho juízo.

Não foi por falta de aviso

E hoje choro aos prantos.

 

Devia ter ouvido a mente

Não um coração tão fraco

E fez meu sonho um caco

Só peito sabe o que sente.

 

Você cruzou meu caminho

Semeou alegria e a fantasia

Eu embriaguei em demasia

Por querer este seu carinho.

 

E por que eu tanto lhe quis,

Até hoje ainda me pergunto.

Eu só sei que bem no fundo,

Você é mais bela flor-de-lis.

 

Seu amor marca como ferrão

Faz de mim o eterno escravo

Assim de felicidade me acabo

Esquecer de ti, eu esqueço não.

 

Eu só sei que um poeta louco

É alguém capaz desta façanha

Faz seu amor a alta montanha,

A ser conquistada aos poucos.

 

Peruíbe SP, 25 de maio de 2024

segunda-feira, 20 de maio de 2024

VONTADE LOUCA

 

Adão de Souza Ribeiro

Senti vontade louca de você

Um aroma deste seu corpo.

Era tão real o sabor o gosto

Como era duro o meu sofrê

 

O seu lábio doce como mel

Onde da seiva bebo prazer.

Querer é um eterno sofrê,

Por você eu vou até o céu.

 

Seus seios são duas taças,

Cheias de amor e ternura

E enche o coração de jura

Mas a vontade não passa.

 

Seu sorriso que me seduz,

E me embriaga a sua pele

Por favor, não me espere

Que eu esqueça, não é jus.

 

Essa minha vontade louca

Faz de mim o seu escravo.

O desejo é como o cravo

Divago e a voz fica rouca!

 

Lins SP, 20 de maio de 2024.

 

quarta-feira, 15 de maio de 2024

A PLANTAÇÃO

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                        Há um velho ditado que diz: “A plantação é opcional, mas a colheita é obrigatória.

                        A princípio, eu não compreendia o que tal ditado queria dizer, mas com o passar dos anos e diante das chibatadas recebidas da vida, pude absolver as sábias palavras do povo antigo. Hoje procuro avaliar minhas atitudes, antes de dar qualquer passo, naquilo que proponho fazer.

                        Lá atrás, dei passos errados e que hoje estou pagando muito caro. Eu fui acometido de uma doença, que comprometeu meu físico, onde caminho com dificuldade. Não bastasse isso, minha situação financeira caiu por terra. A sociedade isolou-me e, hoje, não sei por onde andam os velhos amigos, dos tempos de bonança. Resta-me apenas os filhos abençoados e a amiga, que Deus me presenteou, a qual, carinhosamente, chamo de minha Nossa Senhora de Lourdes.

                        Não posso responsabilizar as pessoas pelo infortúnio, pois sou eu que fiz a escolha. Eu fiz a plantação e usei a semente errada, representada por pessoas, que acreditei e que não deveria. O que me resta é recomeçar a caminhada e procurar o jeito de fazer a plantação correta. Peço a Deus que me dê sabedoria para não cometer os mesmos erros. Eu vou recomeçar do zero. O Fênix há de se incorporar em mim e serei um novo ser.

                        Haverá a nova florada e tudo isso será passado. A chuva irá regar a terra, trazendo esperança e, por isso, nada no mundo devastará os sonhos de quem sabe se recompor das cinzas. Os que desejaram a derrota, assistirão a vitória triunfal de quem é filho de Deus. A vida é uma gangorra, isto é, feita de altos e baixos. A derrota é para os fracos e isso eu não sou.

                        Ao debruçar na janela do passado, vejo que estou fadado ao sucesso. Portanto, o que estou passando, é apenas um trecho da longa caminhada com destino ao galardão, reservado pelo Pai Celestial. Apesar de todos os pesares, tenho o privilégio de ver o dia nascer e anoitecer; de ver o rio correr lentamente, em direção ao mar; de ver as aves dançarem, em lindas coreografias no céu azul. Diante disso, sou abençoado por Deus!

                        Como incansável guerreiro, vou levantar cedinho e arar a terra para o novo plantio. A vida está dando nova oportunidade e vou abraçar com todo amor. Os inimigos vão assistir eu renascer das cinzas e prosperar, porque sou forte. Quando menos esperar, verão a minha plantação germinar, crescer de forma exuberante e me presentear com frutos saborosos.    

                        A plantação errônea não mais fará parte do meu dicionário e será banida da minha vida. Eu irei colher todos os dias, os frutos deste novo tempo. Isso basta!

 

Peruíbe SP, 15 de maio de 2024.

 

 

 

 

sábado, 11 de maio de 2024

O PROFETA DO CAOS

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Eu não quero ser mensageiro do apocalipse. Apenas pretendo expor minha visão sobre o que vem acontecendo no mundo e, principalmente, no Brasil. Primeiro, é preciso analisar de quem é a culpa das tragédias que vem assolando o nosso planeta. Não adianta transferir a responsabilidade para a natureza, pois ela continua sendo a mãe amorosa, mesmo diante das agressões que vem sofrendo.

                        Em sete dias, Deus criou a terra, isto é, no primeiro, a luz; no segundo, o céu; no terceiro, terra seca e vegetação; no quarto, corpos celestes (sol, lua, estrelas); no quinto, animais aquáticos e as aves do céu; no sexto, o os animais sobre a terra e o homem, à sua imagem e semelhança; no sétimo, Ele descansou. Nota-se, portanto, que aos poucos, Deus foi criando com carinho, isso para não esquecer de nenhum detalhe.

                        Ao criar homem e mulher, Deus ordenou que eles se multiplicassem e dominassem tudo que havia sobre a terra. Apaixonado pela sua criação, Deus entregou a chave da sua obra ao homem, dando pleno poder a quem não merecia tamanha honraria. A prova disso, é que tempos depois, estando no Jardim do Éden, o casal desobedeceu ao Pai Celestial e, por isso, foram expulsos.

                        Após serem expulsos e por não gozarem das benesses do Criador, foram obrigados a trabalhar, isto é, comer com o suor do próprio rosto. Então, na busca da alimentação, passaram a fazer um monte de bobagens, como por exemplo, devastando a natureza, provocando incêndio, derrubando árvores e matando animais. A partir de então, fizeram uso do poder para praticarem o mal. Eu creio que Deus se envergonha de sua maior obra, o ser humano.

                        Ao depararmos com vendavais, secas, escassez de alimento, tsunamis, maremotos, terremotos, furacões, enchentes, vulcões, aquecimento global, extinções de animais e peixes, incêndios, devemos entender que é a ira de Deus, diante da violação de tudo o que Ele deu de mão beijada ao ser humano. Mas o que está acontecendo e que nos choca, ainda não é tudo, ou seja, é apenas o princípio das dores.

                        Quando Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” Gênesis 1:26-28, quis dizer: “Façamos o homem, propenso ao bem e ao amor”. Mas o homem, ao deturpar o desejo de Deus, embriagou-se de ganância, luxúria e maldade; por isso, até hoje, sente-se um deus, com direito a destruir tudo, que Deus criou com calma e amor.

                        O triste episódio da enchente, que devasta o Estado do Rio Grande do Sul, é o retrato vivo, do que pretensiosamente estou narrando. Enquanto os brasileiros se irmanam para salvar os nossos irmãos gaúchos, os governantes poderosos, em busca de conquistarem terras alheias, embrenham-se em guerras intermináveis. Isso Ocorre, por exemplo, entre Israel e Palestina entre Rússia e Ucrânia.

                        Para falar sobre os tempos modernos, uso como referência a minha infância. Vejo que nestes tempos modernos, o homem afastou-se de Deus e, ainda, esfriou o amor. Pai matando filho e vice-versa, irmãos matando irmãos e violência contra idosos e crianças.

                        Igreja tornando-se balcão de negócios, onde padres e pastores loteiam o céu, para o cristão ser salvo, sendo que ele paga muito caro. Usa-se a fé, como desculpa, para atrair fiéis incautos. As religiões constroem igrejas faraônicas e seus líderes vivem de luxurias. Lembre-se de que Jesus Cristo não tinha onde morar; vestia-se com uma túnica e um par de sandália; pregava de porta em porta e não usava rede de televisão.

                        As tragédias que se passam ao redor do mundo, são os primeiros sinais do fim dos tempos e estou certo de que não vai demorar. Deus salve nossas almas!    

 

Peruíbe SP, 11 de maio de 2024.                                                     

 

 

 

A TEMPESTADE

 

Adão de Souza Ribeiro

Quem quer minha queda

Lembra que tenho Deus.

Sou forte como a pedra,

Ele cuida deste filho seu.

 

E se vier uma tempestade

O poder a muda de rumo.

Diante de toda a maldade,

Eu confio nele e assumo.

 

Vou atravessar o deserto

Com coragem que tenho.

O meu galardão é certo,

Sou um lutador ferrenho.

 

Jamais dou por vencido

Se a alma endemoniada

Quiser só brigar comigo

Verá minha fé inabalada

 

Inimigos cairão por terra,

Vai chegar minha vitória

Anjos vencerão a guerra,

Assim escrevo a história.

 

Peruíbe SP, 09 de maio de 2024.

 

GERAÇÃO ALIENADA

 

Adão de Souza Ribeiro

                        Eu estou estupefato, ao saber que um aluno agrediu o professor em sala de aula. Seria um fato corriqueiro e passaria despercebido, se tivesse ocorrido em outra querência. Mas como o cenário foi na minha santa Terrinha, deixou-me estarrecido e revoltado. O cenário do referido episódio, foi no Ginásio Estadual de Guaimbê.

                        Este estado de espírito é porque, quando lá estudei, havia enorme respeito e admiração pelo corpo docente. A escola, a meu ver, sempre foi a extensão do lar. Sou do princípio, que o dever da escola é ensinar e que cabe aos pais, a responsabilidade de educar. A escola não pode ser depósito de filhos alienados. O professor é, acima de tudo, um grande amigo daqueles que tem sede de saber.

                        Eu estou deveras entristecido, ao saber que a Terrinha foi impiedosamente contaminada pela violência, aos moldes dos grandes centros urbanos. Quando me mudei de lá, era um lugar bucólico, onde as pessoas sempre foram fraternas entre si.

                        Ainda guardo na memória, a cena dos alunos colocando-se em pé, quando o diretor entrava na sala de aula. E só se sentavam, quando o diretor dizia: “ Podem se sentar “. Também, antes de começar o dia letivo, os alunos uniformizados ficavam perfilados no pátio e cantavam o Hino Nacional Brasileiro.

                        Os coleguinhas de todas as salas de aula, compartilhando as brincadeiras, na hora do recreio. Antes das descontraídas brincadeiras, dirigiam-se ao refeitório para saborearem a suculenta sopa feita por Mariazinha, a dedicada merendeira. A sopa era tão gostosa, que eu voltava na fila para ter direito ao repeteco. Tudo transcorria de forma organizada e educada.

                        Em casa, os filhos tratavam os pais respeitosamente, chamando-os de “senhor” e “senhora”. Eis as razões pelas quais, a minha geração amava e respeitava os mestres. Se o professor reclamasse aos pais, da falta de educação do filho, a criança seria corrigida. Neste tempo moderno, se o filho reclamar ao pai, que o professor está sendo enérgico no ensinamento, o pai é capaz de ir à escola e agredir o professor. Hoje eles (os alunos) querem todos os direitos, mas, em contrapartida, não querem se arcar com os deveres, impostos pela sociedade civilizada.

                        Às vezes, quero lembrar da minha cidade natal, apenas como um quadro pendurado na parede da saudade. Dói saber que a cidade foi sucumbida pela falsa modernidade. Eu creio que todos nós somos responsáveis pela criação destes monstros da atualidade. Aos poucos, fomos relaxando na educação deles, abrindo a guarda na cobrança do comportamento de ética e bons costumes. Em nossas casas, deixamos entrar, através da televisão, ideias maléficas dos governantes, como por exemplo, a igualdade de gênero dentre tantas baboseiras.

                        O Estatuto da Criança e do Adolescente, foi criado para proteção da criança e do adolescente, vítimas do abandono e da violência, mas, não para proteger menores infratores. Por isso, sou favorável que a idade penal, comece a partir de quatorze anos. Se uma pessoa, aos dezesseis anos, pode votar e decidir os destinos da Nação, por que não pode ser penalizado pelos seus atos? É por isso, que os bandidos adultos usam os menores, para assumirem crimes, pois sabem que aqueles são considerados inimputáveis.

                        Basta ver no noticiário policial, os crimes horrendos cometidos por menores. Visando apenas votos, os legisladores (deputados e senadores), relutam em mudar a lei. Os segmentos inescrupulosos, que se escondem atrás da imagem de defensores da sociedade, defendem que encarcerar menores, entre quatorze e dezesseis, afetará a sua formação moral e psicossocial. São apenas falácias!

                        Ensinar é corrigir e não espancar. Aos que professam a liberdade infantil, sem regra e sem obediência, veja o que disse Deus, sobre a responsabilidade dos pais, na criação dos infantes: " Ensina a criança no caminho em que deve andar e, ainda, quando for velho, não se desviará dele. " - Provérbios 22:6

                        A sociedade moderna é um barco navegando à deriva, sem bússola e sem rumo. Navega ao sabor da maré do desmando total. Entristece-me só de saber que a sociedade da minha Terrinha, há tempos tornou-se passageira deste barco furado. O pior é que o comandante deste barco, é filho desta geração alienada.

                        God save our ship! “ (Deus salve nosso navio!)

 

Peruíbe SP, 10 de maio de 2024.

 

 

 

quinta-feira, 9 de maio de 2024

A TEMPESTADE

 

Adão de Souza Ribeiro

Quem quer minha queda

Lembra que tenho Deus.

Sou forte como a pedra,

Ele cuida deste filho seu.

 

E se vier uma tempestade

O poder a muda de rumo.

Diante de toda a maldade,

Eu confio nele e assumo.

 

Vou atravessar o deserto

Com coragem que tenho.

O meu galardão é certo,

Sou um lutador ferrenho.

 

Jamais dou por vencido

Se a alma endemoniada

Quiser só brigar comigo

Verá minha fé inabalada

 

Inimigos cairão por terra,

Vai chegar minha vitória

Anjos vencerão a guerra,

Assim escrevo a história.

 

terça-feira, 7 de maio de 2024

MÃE, SAGRADA MISSÃO!

 

Adão de Souza Ribeiro

Lá vem ela, com sorriso,

Estampado no seu rosto.

E no olhar o lindo brilho,

Ela sabe do amor o gosto.

 

Quando a noite está fria,

Ela cobre o filho no berço.

Reza em paz a Ave-Maria                                   

Na mão segura seu terço.

 

Na hora certa dá papinha,

Nos braços a mãe balança

Troca o seu filho, sozinha.

Madrugada, não se cansa.

 

Se de repente filho adoece,

Ela prepara um chá caseiro.

O olhar dele já resplandece,

Sente a proteção no cheiro.

 

Sem ela notar, tempo passa

Filho cresce e parte a voar.

E ele foi em busca da caça

Feliz da vida singrou o mar.

 

Como Maria, mãe de Deus,

Que gerar, foi linda missão.

Sou grato em ser o filho seu,

Na manjedoura do coração!

 

Peruíbe SP, 07 de maio de 2024.

 

 

domingo, 5 de maio de 2024

UM DIA DE ROTINA

 

Adão de Souza Ribeiro

 

                        Minha mãe acordou bem cedo, para cuidar da casa. Meu pai também acordou bem cedo, se arrumou e foi para a roça, cuidar da lavoura. Já nós, seus filhos, dormimos um pouco mais e, ao acordar, fomos brincar de criança. A natureza acordou junto com meus pais, a fim de preparar um dia maravilhoso para nós.

                        Lá na rua da minha casa, seu Alfredo abriu a porta do comércio, para receber os assíduos clientes. Já de manhã, no jardim da praça matriz, o “seu” Caga-Sebo foi molhar as flores, antes do sol nascer. Dona Quitéria, nossa amável vizinha, madrugou para dar milho as galinhas e lavagem para os porcos. Da cama, podíamos ouvir o cacarejo das galinhas em festa.

                        Do alto do abacateiro, um bando de canários, cantavam a linda canção do amanhecer. O meu irmão caçula, ainda bebê, choramingou no berço, pedindo mamadeira e minha mamãe, prontamente o atendeu. Não demorou muito, para que nossa mamãe nos convidasse a levantar, pois a obrigação escolar batia à porta do quarto.

                        Enquanto nos preparávamos para ir à escola, a linda professora organizava o material didático, para ministrar a aula. Os meninos e meninas, assim como eu, só pensávamos os momentos de descontração, depois das aulas, no Grupo Escolar “José Belmiro Rocha”. Os coleguinhas enfeitavam as tardes, com suas incansáveis travessuras.

                        Lá na roça, meu pai capinava o cafezal, colocava veneno contra as formigas saúvas, ordenhava as vacas no curral, organizava os sacos de milho no paiol, dava banho e escovava o “Chá Preto” – o cavalo manga larga. Enquanto isso, minha mãe varria a casa, lavava a roupa, limpava os móveis e fazia a comida no fogão a lenha. Era tantos afazeres que, na maioria das vezes, não tinham tempo de se cuidarem.

                        De vez em quando, debruçado na janela da imaginação, eu ficava pensando na mesmice da vida. Ela passava sem que percebêssemos e crescíamos ao sabor do vento. Aos poucos, a vida ganhava um novo colorido. A rotina marcava a vida, como um impiedoso ferrão. A medida que crescíamos, enxergávamos o amanhecer, de um outro ângulo.

                        As meninas de corpo infantil, foi se delineando e pegando gosto pela puberdade. O amor platônico, sem eu notar, embora eu relutasse, foi se tornando mulher madura. E assim, foi se distanciando da minha ilusão e fugindo da minha doce rotina. Digo isso, porque todas as manhãs, tinha como rotina, vê-la desfilar suavemente pelas ruas do lugarejo.

                        Hoje, tem dias que pesaroso, pergunto: “ Por que crescemos e envelhecemos? ”.  A rotina da infância, era um manto sagrado, a nos proteger das mazelas da vida. Às vezes me perco em pensamento, procurando pelos meus pais, para que possam zelar pelo menino, que tem medo de envelhecer. A rotina ensinava, que tínhamos a obrigação de sermos apenas felizes.

                        De novo, eu queria levantar de manhã e ver meus pais já acordados e se preparando, para mais um dia de rotina. É cruel ver a velha rotina da infância se perder entres os dedos da fria realidade do futuro. Ah se eu tivesse o poder de mudar o tempo, voltaria a habitar na saudosa rotina da infância!       

                        Se para muitos era apenas mais um dia de rotina; para mim, era a maior demonstração de zelo e de carinho dos meus pais, para com os filhos!

 

Peruíbe SP, 05 de maio de 2024.

 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 4 de maio de 2024

LINDA MORENA

 

Adão de Souza Ribeiro

Eu conheci uma linda morena

Numa bela manhã lá na roça.

Era simples a formosa moça.

Uma verdadeira índia terena.

 

Por ela, eu fiquei enamorado

Sem querer tornou meu vício

Um desejo doentio e fictício,

Vem de longe e do passado.

 

Com olhar de menina caipira,

A fitar a pureza do meu sertão

Fez morada neste meu coração

E de felicidade a alma suspira.

 

Tem gosto de pecado seu corpo,

A candura do rosto me hipnotiza

No seu sorriso vejo raio e a brisa

Me rejuvenesce e me faz moço.

 

Não deixa nossa palhoça cabocla

E nem a eterna pureza do campo.

Se partir o coração fica em pranto

Embarga a emoção e a voz rouca.

 

Peruíbe SP, 04 de maio de 2024.

 

 

sexta-feira, 3 de maio de 2024

O SERTANEJO

 

Adão de Souza Ribeiro

Eu nasci no pé da serra

Onde mora a natureza.

E a felicidade lá espera

O dia em toda nobreza.

 

Eu sou o filho do mato

E vivo a vida sertaneja.

Eu desfruto do espaço

De fartura na bandeja.

 

A orquestra de pardais

Pousa bem no arvoredo

Saúda vidas madrigais,                                 

Da fé faz lindo enredo.

 

Eu me banho na lagoa,

Vejo o gado no curral.

Sem o amor da patroa,

Vivo triste e passo mal.

 

O meu mundo é a roça,

Sou o autêntico caboclo

E de tarde fico na choça

Vivo em paz seu moço!

 

Peruíbe SP, 03 de maio de 2024.

 

quinta-feira, 2 de maio de 2024

O QUINTAL DE CASA

 

Adão de Souza Ribeiro

                              Aldo sentado num toco de árvore, pensou: “ Meu Deus, como pode o mundo inteiro caber no quintal da minha casa? ”

                        Aquele pensamento parece algo aleatório, mas não é. Todos os dias, em companhia dos irmãos e/ou dos amiguinhos, ele se perdia em brincadeiras infantis. Era tão prazeroso, que não percebiam o tempo passar. De repente já era noite e o sol foi dormir no leito macio e aconchegante do horizonte.

                        Enquanto brincava e dava asas às fantasias, Aldo contemplava o bailar das borboletas de cores multicores bailando numa linda coreografia, no firmamento. Os pássaros pousavam na laranjeira e cantavam hinos, agradecendo a natureza. No canto do quintal, havia o galinheiro, onde seu Pereira, um galo charmoso, cuidava das esposas penosas.

                        Aldo e todos ali, tinham medo de passar do portão para rua, pois o mundo lá fora era selvagem e perigoso. Tudo era completo no quintal de casa, pois nada contaminava a infância deles. Os pés de frutas, davam sombra e frutas à vontade. A cerca divisória, do quintal do vizinho, feita de arame farpado, agraciava com carrapicho e arranha-gato.

                        As meninas nos vestidos de chita e trança no cabelo, brincavam de casinha, onde confeccionavam bonecas de pano ou de espiga de milho. Com delicadeza feminina, faziam comida de mentirinha, com punhado de barro. No galho da goiabeira, o tico-tico preparava o ninho, para chegada dos filhotes. Tyson, o cachorro de estimação, deitado na sombra do abacateiro, espiava a molecada.  

                        No meio do quintal, havia uma torneira e junto a ela um batedor, onde a mãe lavava roupa e a colocava para quarar, na grama e sob o sol ardente.  À tarde, a mãe de Aldo preparava o lanche com cuscuz e leite para dar para molecada. Aquilo era uma festa danada, pois tudo era feito com muito carinho. O mundo inteiro cabia no quintal. E o quintal era um mundo de fantasia e alegria infantil.  

                        Os meninos de short, sem camisa e descalços se sujavam de terra e adquiriam anticorpos, contra todo tipo de doença. Consulta médica, era para os filhos de uma sociedade, cheia de Mimi e não me toque. Os brinquedos, eram entalhados em madeira, o que aguçava a criatividade. As diversões não vinham prontas.

                        Naquele tempo não havia a tal tecnologia e o amaldiçoado celular, que isola as pessoas e afugenta as crianças do direito de serem criança. A modernidade matou a inocência das crianças e criou verdadeiros monstros. O quintal de hoje, tem o tamanho da tela do celular, onde nada cabe. O mundo virtual não tem a delicadeza e a pureza do mundo do menino Aldo. Isso é lamentável!  

                        Por isso que, de vez em quando, o menino Aldo sentava-se no toco de madeira e buscava na memória, a imagem do quintal, onde cabia o mundo de fantasia do passado. A dança das folhas das árvores, ainda embalavam seus sonhos de menino, onde, um dia, a alegria fez morada. O quintal e o menino, eram inseparáveis amigos.

                        O portão do quintal da casa está fechado. Hoje o lugar é um museu e ao olhar por cima da cerca, vê-se que que lá dentro só há relíquia do mundo de Aldo, que cabia na imaginação e na fantasia das crianças da sagrada Terrinha. O povo preserva tudo aquilo, para que não se apague da memória daqueles que tiveram o privilégio de viverem naqueles anos dourados, que não voltam mais.

                        Enquanto houver um quintal dentro de nós, continuamos a ser crianças felizes!

 

Peruíbe SP, 02 de maio de 2024.

 

 

 

 

 

 

                                        

quarta-feira, 1 de maio de 2024

ESTRADA DO AMOR!

 

ESTRADA DO AMOR!

Adão de Souza Ribeiro

Quando eu te conheci

Não queria me apegar

E por que eu passei ali,

Se havia o outro lugar?

 

Lá havia outras meninas

Com beleza semelhante.

Acho que era minha sina

Ser o teu eterno amante.

 

E se eu perder meu juízo,

Não haverá a bela poesia                              

E do teu amor eu preciso

Para viver a linda fantasia.

 

Menina, eu não arrependo

De passar no teu caminho.

Hoje, este amor estupendo

Não me deixa tão sozinho.                                                 

 

Bendita a Terrinha sagrada

Onde, um dia, tu nasceste.

Até hoje, lembro da estrada

Lá onde o amor acontece!

Peruíbe SP, 01 de maio de 2024.